Brasil busca apoio da China para salvar pacto de emissões marítimas contestado por Trump

O Brasil está se articulando com a China para garantir a aprovação de um pacto histórico da Organização Marítima Internacional (OMI) que prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa no transporte marítimo global. A votação decisiva deve ocorrer em outubro e já enfrenta forte resistência dos Estados Unidos, liderados pelo presidente Donald Trump.

Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Filho, Brasília espera que Pequim adote uma posição clara e de apoio ao acordo. O plano estabelece metas de eficiência energética para embarcações oceânicas e prevê cobrança de taxas sobre navios que não atingirem os padrões definidos. A partir de 2027, embarcações que ultrapassarem os limites de emissão terão de pagar US$ 380 por tonelada de CO₂ equivalente, enquanto as que não cumprirem metas rigorosas de conformidade arcarão com US$ 100 por tonelada.

A arrecadação será destinada a financiar a transição para combustíveis mais limpos e apoiar países em desenvolvimento na adoção de tecnologias verdes. Se aprovado em outubro, o pacto entrará em vigor em 2028.

Impasse com os EUA

O governo Trump se posiciona contra o plano, classificando-o como um “imposto global de carbono para os americanos”. Washington alega que a medida encareceria os custos de energia e transporte, favorecendo rivais como a China, e já ameaça impor retaliações comerciais e restrições de visto contra países que apoiarem a iniciativa.

O papel da China

Historicamente, Pequim foi contrária a metas climáticas rígidas na OMI, rejeitando propostas de prazos inflexíveis e defendendo regras menos severas para países em desenvolvimento. No entanto, em abril de 2025, a China surpreendeu ao apoiar o Marco Líquido Zero, abrindo caminho para negociações mais ambiciosas.

Zhu Qingqiao, embaixador da China no Brasil, deve se reunir com autoridades brasileiras na próxima semana para alinhar estratégias. O objetivo é reforçar a posição conjunta antes da votação em Londres.

Impactos no Brasil

O Porto de Santos, o maior da América Latina e principal canal de exportações brasileiras para a China, já sente a diferença prática entre Washington e Pequim. Segundo Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos, empresas chinesas como a COFCO têm cumprido normas locais de sustentabilidade, investindo em projetos ambientais e comunitários.

“Ao mesmo tempo em que os EUA ameaçam retaliações, os chineses têm se adaptado às nossas regras ambientais e contribuído para iniciativas locais”, afirmou Pomini.

Com a pressão crescente, o Brasil se posiciona como peça-chave nas negociações. O governo aposta que uma aliança estratégica com Pequim poderá garantir a aprovação do pacto da OMI, mesmo diante da oposição americana.

O post Brasil busca apoio da China para salvar pacto de emissões marítimas contestado por Trump apareceu primeiro em Click Petróleo .

Adicionar aos favoritos o Link permanente.