Governo do México quer transformar o país em potência de petróleo e gás até 2030

A Petróleos Mexicanos (Pemex) apresentou seu novo Plano Estratégico 2025–2035 com metas ousadas: alcançar 1,8 milhão de barris por dia (bpd) até 2030, aumentar a produção de gás natural e reduzir sua dívida estimada em US$ 100 bilhões. O governo mexicano busca transformar a estatal em uma empresa financeiramente autossuficiente até 2027, encerrando os aportes diretos do Tesouro.

O plano prevê o desenvolvimento de formações não convencionais, como Pimienta e Eagle Ford, que, podem gerar até 250 mil bpd de líquidos e 500 milhões de pés cúbicos diários de gás natural até o início da próxima década. Essas regiões possuem geologia consolidada e são vistas como estratégicas para atrair investimentos internacionais.

“A estratégia exige grandes investimentos e contratos atraentes para operadores estrangeiros, mas é animador ver o governo e a Pemex enfrentando os desafios de frente”, afirmou Ismael Hernandez, da WoodMac.

Gás natural liquefeito (GNL) e exportações para a Ásia

Outra frente de expansão é o setor de GNL. O México planeja construir cinco terminais de exportação na Costa do Pacífico, com gás oriundo principalmente da bacia do Permiano, nos EUA. Os preços extremamente baixos no hub de Waha, no Texas, podem permitir que o México compre gás barato e o revenda por até US$ 14/MMBtu na Ásia, especialmente para Japão e Coreia, mesmo após os custos de liquefação.

Desafios estruturais: dívida e refino ameaçam execução

Apesar da ambição, o maior obstáculo segue sendo a fragilidade financeira da Pemex. A empresa acumulou prejuízo de US$ 30 bilhões em 2024, revertendo os modestos lucros de 2023. O principal motivo foi a redução nas exportações e a queda do preço internacional do petróleo, somados a altos custos operacionais e perdas cambiais.

Além disso, a divisão de refino está no vermelho há mais de 15 anos, mesmo com alta demanda interna e apoio político. A ineficiência crônica impede que a empresa se beneficie plenamente dos ciclos de alta dos preços do petróleo.

Hoje, a Pemex carrega a maior dívida do setor de óleo e gás no mundo. Seus passivos saltaram de US$ 121,9 bilhões em 2010 para US$ 233,4 bilhões em 2023 — mais que o PIB de diversos países da América Latina.

Luz no fim do túnel?

Apesar do cenário preocupante, a Pemex apresentou lucro no primeiro semestre de 2025, graças à valorização do peso, redução nos custos e desempenho de ativos financeiros. O governo pretende injetar US$ 12 bilhões para ajudar na amortização da dívida, e a agência Moody’s sinalizou possível elevação da nota de crédito da estatal — o que pode baratear novos financiamentos.

Com isso, mesmo enfrentando graves desafios estruturais, a Pemex busca viabilizar um novo ciclo de expansão e reafirmar seu papel como protagonista da soberania energética mexicana.

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