A Rússia está intensificando seus esforços para preservar o comércio de petróleo com a Índia, seu maior comprador desde 2022, oferecendo novos descontos e criando um “mecanismo especial” para manter as exportações em curso, mesmo diante da ameaça de uma tarifa de 25% imposta pelo governo dos Estados Unidos, caso Nova Déli continue adquirindo barris russos.
Segundo informações da embaixada russa na Índia, Moscou está empenhada em garantir que os embarques de petróleo não sejam interrompidos, apesar da pressão geopolítica. “Podemos prever o mesmo nível de importação de petróleo pela Índia”, afirmou Roman Babushkin, representante da embaixada russa, à Reuters.
Índia cedeu, mas voltou atrás com novos descontos
Logo após as declarações do ex-presidente Donald Trump sobre penalizar a Índia por comprar petróleo da Rússia, refinarias indianas interromperam temporariamente as compras no mercado à vista. No entanto, a pausa durou pouco. A oferta de novos descontos sobre o petróleo tipo Ural — entre 5% e 7%, segundo o vice-comissário comercial russo Evgeny Griva — atraiu novamente os compradores indianos, que encontraram na barganha uma forma de aliviar o impacto das importações em tempos de dólar elevado e instabilidade global.
Como as refinarias chinesas não absorveram toda a produção russa após a saída temporária da Índia, os preços do Ural recuaram ainda mais, estimulando a retomada das importações indianas.
Impacto bilionário caso comércio seja interrompido
Com mais de 85% da demanda indiana sendo suprida por petróleo importado, qualquer aumento nos preços tem efeito direto sobre a economia local. Segundo estimativas do Banco Estatal da Índia, uma ruptura nas importações russas elevaria os custos de importação em cerca de US$ 9 bilhões no atual ano fiscal — valor que pode saltar para US$ 11 bilhões no próximo.
Contradição norte-americana
Críticos lembram que, após a invasão da Ucrânia, o próprio governo dos EUA havia incentivado a Índia a comprar petróleo russo para evitar um choque global nos preços. “Foi Biden quem pediu aos indianos que aceitassem petróleo russo. Agora os criticam por isso”, relembrou Bob McNally, presidente do Rapidan Energy Group, em entrevista à CNBC.
O conselheiro de Trump, Peter Navarro, criticou duramente a Índia por manter o comércio com Moscou, classificando-o como “corrosivo” e “oportunista”. No entanto, analistas apontam que Trump também não tem interesse em ver um choque nos preços globais causado pela interrupção abrupta de cerca de 1,7 milhão de barris diários atualmente movimentados entre Rússia e Índia.
Rússia e Índia firmes no comércio
Ao que tudo indica, o comércio entre os dois países deve continuar, mesmo sob forte pressão externa. O mecanismo proposto por Moscou ainda não teve detalhes divulgados, mas pode incluir novos cortes nos preços, rotas alternativas de pagamento ou compensações comerciais para contornar as sanções.
Com os EUA endurecendo o tom e a Rússia disposta a oferecer condições cada vez mais vantajosas, a Índia se vê no centro de uma disputa estratégica que pode redefinir o mercado global de petróleo — e os próximos capítulos dessa história terão reflexos diretos na geopolítica e na economia global.
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