‘Zeca Pagodinho – 40 Anos’ traz sambista de volta à Bahia em show comemorativo

Para Zeca Pagodinho, a música é um remédio. E na noite de hoje, quem será agraciado com a cura do samba é o público baiano, que prestigiará um momento histórico: o show em comemoração aos 40 anos de carreira de Zeca, um dos maiores ícones do samba. A apresentação acontece no Armazém Convention, em Lauro de Freitas, a partir das 20h.A turnê Zeca Pagodinho – 40 Anos teve início em fevereiro de 2024, com um show no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro. Daí em diante partiu para palcos de todo o Brasil, por cidades como Florianópolis, Belo Horizonte e Goiânia, e ainda desembarcará em Lisboa, capital portuguesa, em novembro deste ano.No repertório, pensado pela diretora geral e artística Leninha Brandão e com produção musical de Paulão 7 Cordas e Pretinho da Serrinha, estão clássicos lançados ao longo de quatro décadas de sucesso e autenticidade.Em clima de espetáculo, o público poderá cantar junto músicas como Deixa a Vida Me Levar, Verdade e Camarão que Dorme a Onda Leva.Carioca da gema, Zeca Pagodinho e a Bahia são velhos conhecidos – uma amizade selada pelo calor e alegria comuns a baianos e fluminenses. A própria comemoração dos 40 anos de carreira passou por Salvador em outubro de 2024, quando Zeca levou o festejo para a Concha Acústica do Teatro Castro Alves.“Eu conheço a Bahia há muitos anos, faz parte da minha carreira. O meu público baiano, essa alegria baiana, é tudo muito legal aí”, declara o cantor, que cita Nelson Rufino e Roque Ferreira como alguns dos nomes baianos dos quais é fã.Daqui, diz gostar também das praias, mas, em meio à turnê, não conseguirá passear pela cidade. “Dessa vez é só o show, porque está muito em cima e eu tenho que voltar rápido, então não dá para passear muito, porque eu costumo concentrar um dia antes, ficar quietinho”, conta. Fica para a próxima – afinal, a Bahia estará sempre de braços abertos para quando ele voltar.Caminhos que a vida levouA trajetória de Jessé Gomes da Silva Filho começou cedo. Na adolescência, já escrevia. Depois, começou a frequentar as rodas de samba do subúrbio carioca. Logo chamou atenção da saudosa Beth Carvalho, que se tornaria sua madrinha na música. Com ela, gravou em 1981 Camarão que Dorme a Onda Leva, escrita por Zeca com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço, música que marcou o início da sua ascensão.O início “oficial” da carreira de Zeca Pagodinho, porém, foi aos 27 anos, em 1986, com o estrondoso álbum homônimo com o qual estreou. No disco, que entrou para a lista dos mais vendidos daquele ano, estão sucessos como Coração em desalinho, S.P.C. e Brincadeira tem hora.De lá para cá, teve muito chão, que fez com que ele se tornasse um dos artistas mais queridos do país por todas as gerações: são mais de 20 álbuns, muitos prêmios e inúmeros shows Brasil afora. O caminho, ele sabe bem, nunca foi trilhado sozinho. Ao lado de Zeca, sempre estiveram grandes parceiros musicais, como Almir Guineto e os próprios Beth Carvalho e Arlindo Cruz.“Andei bastante. Empreguei muita gente, criei meus filhos, muita gente que trabalhou comigo criou seus filhos, tudo através do trabalho. E não é só meu, né? É um trabalho em conjunto, sempre foi”, reflete o artista.Com Arlindo Cruz, seu grande amigo, compadre e parceiro na música, ele viveu importantes momentos da carreira. Foi com ele que Zeca entrou no universo das rodas de samba, e com quem colaborou em músicas que são cantadas pelo Brasil inteiro até hoje.Duas semanas após a morte de Arlindo, Zeca conta que não conseguiu visitá-lo desde o acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico que o amigo sofreu em março de 2017 – principalmente para manter a imagem que tem dele alegre e com saúde.“Eu vejo ele aqui na minha sala o tempo todo, na foto dele comigo aqui. Essa é a imagem que eu quero ter. É uma amizade que fica para sempre”, afirma Zeca.Os próximos 40Quando perguntado se pretende desacelerar na música depois da turnê para se concentrar na família ou se existe um jeito de equilibrar as duas paixões, ele nem precisa ouvir o fim da questão: “Dá para equilibrar! Dá, sim”, diz.Tanto dá que é com essa harmonia que Zeca vem levando a carreira desde o início. Se hoje, quando sai em turnê, liga para os netos sempre que pode para matar a saudade, também era assim décadas atrás, com os filhos. “Eu ligo toda hora, desde quando os quatro filhos eram pequenos. Sempre foi assim, até hoje. Para saber se almoçou, se tomou café, se dormiu”, conta.Depois da série de shows, promete juntar ainda mais a família e seu amado samba. Ainda sem entrar em tantos detalhes, Zeca conta que está pensando em fazer mais um disco e já está definindo o repertório. A participação é mais que especial: Noah, de 15 anos, o primeiro de seus sete netos.Não será a primeira vez que ele demonstra ter herdado o jeito para a música. Um exemplos foi a participação na live que Zeca Pagodinho fez para arrecadar doações para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, em que Noah chamou atenção ao tocar tamborim e cantar Naquela Mesa (de Sérgio Bittencourt, eternizada na voz de Nelson Gonçalves), para o avô.Com a turnê em andamento e o novo projeto se preparando para ganhar o mundo, de uma coisa os fãs do artista podem ter certeza: se aposentar não consta sequer dos planos mais remotos do sambista.A mentalidade de viver um dia de cada vez – ou deixar rolar, como ele mesmo canta – é lei. Mas da música, Zeca Pagodinho não abre mão. “Não tem como. Eu vivo disso e vivo para isso”, define.Zeca Pagodinho / Sábado, 20h / Armazém Convention (Parque Shopping Bahia, Lauro de Freitas) / Ingressos entre R$ 140 e R$ 420 / Vendas: Ticketmaker e Loja Armazém Convention (Piso L2 do Parque Shopping Bahia) / Classificação Etária: 18 anos*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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