
Associação denuncia padre por intolerância religiosa ao citar morte de Preta Gil, na PB
O padre Danilo César, denunciado por intolerância religiosa após uma fala sobre a morte da cantora Preta Gil, foi ouvido pela polícia e disse que não quis desrespeitar nenhuma religião. A informação foi confirmada pela delegada Socorro Silva, responsável pelo inquérito.
A delegada informou ao g1 que o padre alegou estar proferindo a fé católica, a própria crença, para os fiéis também católicos e que além de não ter a intenção de desrespeitar outras religiões e nem atacá-las, não queria derespeitar a memória de Preta Gil.
Mesmo após o depoimento do padre, o inquérito ainda não foi concluído. Ela explicou que será necessário ouvir outras três pessoas que registraram boletim de ocorrência em Puxinanã pela mesma acusação de intolerância religiosa. A previsão é de que esses depoimentos aconteçam ainda esta semana.
Depois disso, conforme a delegada, será avaliada a possibilidade de pedir mais um período para encerrar o inquérito. No entanto, ela fará “de tudo” para encerrar as investigações dentro do prazo de 30 dias. A delegada pode, ou não, indiciar o padre.
O g1 entrou em contato com a Diocese de Campina Grande, que é responsável pela Paróquia de Areial, que até a última atualização desta matéria não retornou.
Anteriormente, a Diocese de Campina Grande havia dito que “o sacerdote, através da assessoria jurídica, irá prestar todos os esclarecimentos necessários aos órgãos competentes”.
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O padre é alvo também do cantor Gilberto Gil, Pai de Preta Gil, que o notificou extrajudicialmente, assim como a Diocese de Campina Grande. Gilberto Gil exige uma retratação pública e formal por meio do canal da paróquia, onde a missa foi transmitida.
Também é pedida a apuração e responsabilização eclesiástica do sacerdote, com adoção de medidas disciplinares no prazo de dez dias úteis.
Sobre esses pedidos, a Diocese de Campina Grande também não se posicionou.
“Cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil?”
Padre Danilo César de Sousa Bezerra, de 31 anos, é investigado por intolerância religiosa
Reprodução/Diocese de Campina Grande
Durante uma missa realizada na cidade de Areial, no interior da Paraíba, no dia 27 de julho, o padre Danilo César fazia uma homilia no chamado 17º Domingo do Tempo Comum, período litúrgico da Igreja Católica.
Nessa homilia, o padre falava sobre pedidos que os fiéis faziam para Deus e que, por ventura, não eram atendidos. Nesse contexto, o padre cita a morte da cantora Preta Gil, nos Estados Unidos, vítima de um câncer colorretal, associando a fé dela em religiões de matriz afro-indígenas a morte e sofrimento.
“Eu peço saúde, mas não alcanço saúde, é porque Deus sabe o que faz, ele sabe o que é melhor para você, que a morte é melhor para você. Como é o nome do pai de Preta Gil? Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê esses orixás que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”, disse durante a homilia.
Após citar o caso de Preta Gil, ele fala diretamente aos fiéis que estavam o acompanhando na Igreja de Areial para pararem de procurar essas “coisas ocultas” e que “o diabo os levasse”, se referindo aos católicos que fazem pedidos para entidades de outras religiões.
“E tem católico que pede essas coisas ocultas, eu só queria que o diabo viesse e levasse. No dia seguinte quando acordar lá, acordar com calor no inferno, você não sabe o que vai fazer. Tem gente que não vai aqui (Areial), mas vai em Puxinanã, em Pocinhos, mas eu fico sabendo. Não deixe essa vida não pra você ver o que acontece. A conta que a besta fera cobra é bem baratinha”, disse.
A fala foi considerada como preconceituosa pela Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, da região de Areial.
Após o vídeo gerar repercussão, o presidente da Associação Cultural de Umbanda, Candomblé e Jurema Mãe Anália Maria, Rafael Generiano, prestou um boletim de ocorrência, o primeiro, por intolerância religiosa contra o padre. Conforme nota emitida pela associação, o presidente disse que condena as declarações.
De acordo com o delegado Danilo Orengo, responsável da seccional de Areial, e também conforme a responsável pelo inquérito policial, a delegada Socorro Silva, outros dois boletins de ocorrência foram registrados pelo mesmo fato.
Padre de cidade do interior da Paraíba é acusado de intolerância religiosa durante missa
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