Lula lê para ministros carta de Getúlio Vargas: ‘Conheço meu povo e tenho confiança nele. Tenho plena certeza de que serei eleito’


Getúlio Vargas adotou um nacionalismo econômico quando governou o Brasil entre 1951 e 1954, que tem semelhanças com as políticas de Trump.
Getty Images via BBC
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) leu, durante reunião ministerial nesta terça-feira (26), uma declaração do ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954), na qual o político gaúcho se comprometia a fazer um governo nacionalista diante de pressões internacionais e demonstrava confiança na vitória na eleição de 1950.
Segundo fontes presentes na reunião, Lula leu parte de uma carta de Vargas publicada pelo jornal paulista Folha da Noite:
“Conheço meu povo e tenho confiança nele. Tenho plena certeza de que serei eleito, mas sei também que, pela segunda vez, não chegarei ao fim do meu governo. Terei de lutar. Até onde resistirei? Se não me matarem, até que ponto meus nervos poderão agüentar? Uma coisa lhes digo: não poderei tolerar humilhações”, diz o trecho.
Em um artigo publicado no jornal “Folha de S. Paulo” em agosto de 1954, Lutero Vargas, filho do ex-presidente, afirmou que a declaração foi dada em 1950 ao jornalista Miguel Costa Filho, da Folha da Noite.
Vargas deu as declarações enquanto se preparava para disputar a eleição e voltar ao poder. Após governar o país entre 1930 e 1945, o que inclui período como ditador, o líder trabalhista foi eleito pelo voto direto em 1950.
Pressionado pela oposição, Vargas não terminou o mandato, pois se matou com um tiro em 24 de agosto de 1954, há 71 anos.
Lula em diferentes oportunidades elogia Vargas, um dos políticos mais populares da história do Brasil e responsável por ações como a criação da Petrobras e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Contextos históricos
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Auxiliares de Lula relataram que ele leu a carta por ver um contexto similar entre o segundo governo Vargas e o momento atual do Brasil.
Na avaliação de Lula, forças estrangeiras, no caso o atual governo dos EUA, tentam interferir na política brasileira com apoio de parcelas da elite local, entre as quais governadores de direita e alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Assessores de Lula entendem que o tarifaço visa interferir no julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) e influenciar na eleição de 2026 para tentar viabilizar a vitória de um candidato simpático ao presidente Donald Trump.
Na reunião desta terça, Lula e seus principais ministros reafirmaram o discurso nacionalista adotado pelo governo desde que Trump anunciou o tarifaço de 50% para importação de produtos brasileiros.
O tom de defesa da soberania também alcançou o novo slogan deste terceiro mandato de Lula: “Governo do Brasil: do lado do povo brasileiro”. Essa postura deve ser mantida por Lula até a disputa eleitoral de 2026.
A mensagem lida pelo presidente reforçou essa disposição de tentar o quarto mandato. A dois meses de completar 80 anos, Lula deixou claro aos ministros que, se estiver bem de saúde, concorrerá à reeleição em 2026.
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