Santuário Diocesano de Nosssa Senhora Aparecida, na Vila Marcondes, em Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/g1
As paredes do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, que fica no coração da Vila Marcondes, guardam 85 anos de histórias cheias de fé, amor e devoção à padroeira do Brasil. Nesta quinta-feira (28), a paróquia celebra as bodas de girassol com uma missa solene, às 19h30, em Presidente Prudente (SP).
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O livro “História da Província São Paulo Apóstolo”, de autoria dos padres palotinos da Alta Sorocabana, descreve que a sede da paróquia foi fixada na vila fundada pelo Coronel José Soares Marcondes, em seu latifúndio, que, devido a devoção à santa, ”resolveu construir um santuário para ela perto da estação da via férrea, plano que se realizou”.
“Antes de 1940 já havia uma pequena igreja em construção, desde 1936, a atual ala central do santuário. Esta construção inicial foi feita pela Mitra Diocesana de Assis [SP], que, na época, cobria também a região de Presidente Prudente”, explica o vigário Reinaldo Aparecido Picolotto.
Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida quando foi fundado em 1940, em Presidente Prudente (SP)
Acervo Santuário
A igreja foi inaugurada em 28 de agosto de 1940, entretanto, ficou sem sacerdote até dezembro daquele ano, quando foi enviado o padre Sinforiano Kopf.
“Agora, nós podemos dizer que, a partir de 1940, o santuário foi palotino. Em 1944, a construção da igreja foi terminada e vencida em maio daquele mesmo ano. Mas, como de 1936 a 1940, é espaço de só quatro anos, e a igreja inicial estava em construção, penso que não é errado a gente dizer que o santuário sempre foi palotino, porque a partir da posse do primeiro pároco palotino, o santuário esteve em mãos da nossa ordem religiosa”, afirma Picolotto.
Os padres palotinos descrevem no livro que era uma bela igrejinha, “um verdadeiro Santuário de Nossa Senhora”, chamava atenção com a fachada coroada por duas torres e era considerada o “orgulho do bairro”.
Os anos se passaram e o número de fiéis aumentou, sendo preciso ampliar a matriz, com a construção de duas novas laterais. O desejo do padre naquela época era “transformar a simples igreja em uma basílica”.
“Assim acontece em cada paróquia, as construções são pequenas no início, depois, elas necessitam de ampliações. Então, em julho de 1964, começaram as obras de ampliação na igreja, com acréscimo das duas alas laterais. A bênção e inauguração realizaram-se em dezembro de 1965”, pontua o vigário ao g1.
Á esquerda, Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida quando foi fundado na época de 1940; à direita, como a igreja está em 2025
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Título mariano 👑
Ao g1, o vigário explica que a igreja leva um título mariano pois, os padres palotinos que vieram da Alemanha para Presidente Prudente eram missionários e é um costume da congregação respeitar a cultura do país.
“Os missionários sempre procuram valorizar as devoções de cada país onde o evangelho deve ser anunciado. Então, como a padroeira do Brasil é Nossa Senhora Aparecida, os padres dedicaram a igreja nascente, hoje santuário, à Nossa Senhora Aparecida. É um gesto de respeito ao povo do país nos quais os missionários trabalham”, afirma.
Já o pároco da comunidade, padre Cláudio Pereira dos Santos, para os católicos, Nossa Senhora tem uma importância muito grande.
“Um santuário com título mariano é um santuário que atrai a atenção de todas as pessoas. Porque Nossa Senhora é a mãe de Cristo e, consequentemente, é a mãe de todos nós. E depois de Jesus, quem é mais venerado no mundo é Nossa Senhora. Então, um santuário como o nosso, intitulado Nossa Senhora Aparecida, acaba sendo uma fonte de peregrinação, de oração e também um centro mariano importante para toda a nossa diocese”, afirma.
“A devoção à Nossa Senhora, ou a devoção mariana, é uma relação filial de amor, do filho espiritual para com a mãe espiritual, e uma relação de reverência. Então, a devoção é um caminho para a santificação que tem Jesus como centro, mas que deve levar o devoto a viver os valores do evangelho. Então, pelo fato de o santuário ser dedicado a Maria, com o título de Nossa Senhora Aparecida, o próprio título mariano contribui para o aumento da devoção dos fiéis e o aumento das romarias e pagamentos de promessas”, completa Picolotto.
Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, em Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/g1
Elevação à santuário ⛪
Padre Reinaldo pontua que um santuário é um local sagrado e pode ser encontrado em diversas religiões, não sendo um privilégio da Igreja Católica.
“Um santuário é um espaço destinado ao culto e para onde os fiéis acorrem por devoção, para orar, meditar, fazer ofertas, pagar promessas”, completa.
Ele ainda afirma que a comunidade já tinha vocação para se tornar um santuário, devido ao título da padroeira.
“Como o Santuário Nacional de Aparecida fica longe do Oeste Paulista, a Igreja achou por bem elevar uma igreja que já estava com o título de Nossa Senhora à categoria de santuário, para que as pessoas pudessem fazer suas romarias, pagar promessas aqui, de um modo mais facilitado”, detalha Picolotto ao g1.
Entretanto, a paróquia foi elevada a Santuário Diocesano somente em junho de 1988, pelo Bispo Diocesano Dom Antônio Agostinho Marochi.
“O bispo escreveu naquela ocasião: ‘Queremos que o santuário seja um centro de renovação espiritual por meio da conversão, perdão e oração’. Como a paróquia era destinada à Nossa Senhora Aparecida e o movimento religioso cresceu demais, Dom Agostinho resolveu elevar este templo da paróquia à categoria de santuário”, descreve o vigário.
Paróquia foi elevada a santuário em julho de 1988, em Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/g1
“É um título dado pela Santa Sé e um santuário tem algumas funções a mais, principalmente as confissões, o atendimento dos padres. Ele, normalmente, tem mais missas. Por isso, acaba sendo um centro de espiritualidade importante para uma diocese por ser um santuário. Nas épocas do ano jubilar, por exemplo, sempre o santuário é escolhido como um lugar para receber as indulgências, por exemplo”, detalhou o pároco, Cláudio Pereira dos Santos.
Reinaldo também ressalta que o templo religioso é um espaço devocional, onde as pessoas buscam um encontro com o divino, um lugar de fortalecimento da fé, da oração, lugar de ritos, experiências espirituais. Então, “há sempre uma relação entre o santuário e os fiéis”.
“O santuário é um espaço físico no qual se manifesta a fé e, por sua vez, motiva fiéis peregrinos a revisitarem esse lugar sagrado e de culto”, descreve.
“Estou aqui há pouco tempo, mas pela história a gente vê que ele tem uma importância muito grande para a diocese e para a comunidade. A comunidade tem um carinho muito grande por esse santuário e pela nossa paróquia. de modo geral. E a gente nota que toda a Diocese olha com muito carinho pelo santuário”, afirmou Santos ao g1.
Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, em Presidente Prudente (SP)
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Casa da mãe Aparecida 🙏
A reportagem do g1 conversou com cinco fiéis da paróquia, que chegaram à conclusão que cada tijolo e cada detalhe do lugar sagrado carrega a memória de gerações que por ali rezaram, celebraram e confiaram suas vidas à Mãe Aparecida.
Funcionário público Francisco Alves de Souza, de Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/g1
“Eu frequento o santuário faz 55 anos. Existem outras, mas eu também sou uma das pessoas mais antigas que existem aqui, que nunca se afastou e continuou. Eu me sinto muito bem com isso, porque considero aqui a minha família, a minha casa. Na casa de Deus, trabalho com o maior orgulho, com a maior vontade. Desde que eu comecei, participo da missa das 7h. Acho que dá para contar nos dedos as vezes que eu faltei na missa das 7h, sempre foram por motivos de saúde”, afirma o funcionário público Francisco Alves de Souza.
Do lar, Maria Aparecida Andrade da Cruz, de Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/g1
Já a do lar, Maria Aparecida Andrade da Cruz, conta ao g1 que era moradora de Teodoro Sampaio (SP) e passou a frequentar a igreja em 2004, quando se mudou para Presidente Prudente.
“Às vezes, eu estou com um aperto no coração, eu me ajoelho perante à Nossa Senhora e me alivia, eu converso muito com ela. Aqui, sinto como se fosse como minha casa. Fico à vontade, todo mundo gosta de mim, eu amo o lugar”, destaca.
Aposentado João Nadal Pivotto, de Presidente Prudente (SP)
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O aposentado João Nadal Pivotto destaca que frequenta o Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida desde os seis meses de vida, onde foi batizado, fez a primeira comunhão, fez a crisma e se casou.
“A gente sempre foi criado por aqui por perto, conhece muitas pessoas e participa de todos os movimentos”, completa.
Professora e terapeura Erica Cristina Carvalho Zanuto Silva
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Assim como ele, a professora e terapeura Erica Cristina Carvalho Zanuto Silva frequenta a comunidade desde que estava na barriga de sua mãe.
“Eu acredito que é Nossa Senhora mesmo que nos atrai aqui para este santuário. A gente se sente como um pertencimento, uma casa da mãe e do Pai que você se sente acolhida, amada. E, o mais importante, não são as paredes construídas, mas são as pessoas que estão aqui. Criamos esse vínculo de irmandade mesmo, como se fosse uma família no santuário. Aqui, eu cresci na fé, desde pequena, nas missas com o Padre José Schwind, depois na Legião de Maria, nos grupos de jovens, nos acampamentos. Me casei aqui, meus filhos foram batizados aqui. Então, a gente tem toda uma história no santuário. Eu acho que é um lugar de gente feliz, um lugar de gente que serve a Deus, acima de tudo. Então, eu me sinto muito bem aqui e quero que também meus filhos se sintam bem aqui”, afirma.
Militar aposentado, Severino Vitor de Souza
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Por fim, o militar aposentado, Severino Vitor de Souza, resume que o santuário “é tudo” para a comunidade, onde há o encontro com os irmãos e a participação da Santa Eucaristia.
“A minha devoção com Nossa Senhora é imensa. Eu sou um testemunho de graças. Já recebi muitas graças da Nossa Senhora. Eu tenho certeza que ela tem intercedido sempre pela minha família. Principalmente por mim, que já passei por enfermidades. E recebi a graça, pedi muito para Nossa Senhora. E ela intercedeu muito por mim”, destaca.
Santuário Diocesano de Nosssa Senhora Aparecida, na Vila Marcondes, em Presidente Prudente (SP)
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Jubileu 🎉
O padre Reinaldo explica ao g1 que a palavra “jubileu” significa “yobel”, um chifre de carneiro com o qual o povo de Deus proclamava os jubileus do seu povo.
“Esses jubileus refaziam a sociologia do povo. As dívidas eram perdoadas e, assim, o povo começava de novo a sua história de uma maneira mais justa. Jubileu vem a palavra ‘júbilo’. Então, um jubileu de um santuário será sempre uma ocasião de júbilo, de alegria. No nosso caso, o júbilo, a alegria, é exatamente pelos 85 anos da vida do santuário de Nossa Senhora Aparecida aqui, em que, pese ele fora instituído, em 1988. Então, eu participo da alegria, juntamente com o nosso povo, em poder fazer parte, agora, desta história. Coincidentemente, nos 85 anos de jubileu do nosso santuário”, afirma o sacerdote.
Souza descreve que esse jubileu é um motivo de alegria, louvor, agradecimento e gratidão.
“Cada vez que a paróquia faz aniversário, a gente tem essa lembrança maravilhosa da nossa participação, da nossa unidade, do nosso trabalho, das festas, das missas, essa amizade, essa união com a comunidade, com nossos padres. Então é um dia mais abençoado ainda, um dia de muita alegria”, detalha ao g1.
Santuário Diocesano de Nosssa Senhora Aparecida, na Vila Marcondes, em Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/Pascom
Assim como Maria Aparecida define que “85 anos não são 85 dias” e a comunidade se alegra com a presença do templo em suas vidas.
“É uma das igrejas mais antigas de Presidente Prudente. Eu espero que ela cresça cada dia mais até que essa casa fique pequena porque Nossa Senhora tem muitos devotos e que eles possam comparecer à casa da mãe”, disse Pivotto sobre a solenidade.
“A história do nosso santuário nos ajuda a entender um pouco quem nós somos e reconhecer o trabalho e a dedicação de milhares de fiéis que a ele se dedicam. Então, nossa gratidão a todos esses fiéis. O santuário é como a casa de uma mãe, onde cabem todos. Um dos destaques do Santuário de Nossa Senhora Aparecida é o acolhimento, o respeito para com a juventude e para com os leigos. Nós, os padres, fazemos questão de ouvi-los, integrá-los em todas as pastorais, serviços e movimentos”, reflete Picolotto ao g1.
Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, em Presidente Prudente (SP)
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Peregrinos da esperança 🕊
Conforme o pároco da comunidade, a igreja está em um caminho bom, com grande participação de movimentos pastorais.
“Isso ajuda bastante a gente a olhar para o futuro com muito otimismo.Temos que ser cada vez mais uma Igreja missionária, todas as pastorais devem se despertar para isso. Estou muito feliz de estar aqui e espero poder contar com a ajuda de todos os paroquianos, de todas as pastorais para que a gente continue evangelizando e tornando o reino de Deus mais próximo das pessoas”, afirma padre Cláudio ao g1.
Erica deseja que o santuário continue fazendo sua missão principal, que é evangelizar.
“Que esse santuário possa cumprir essa tarefa, sendo um lugar de acolhimento, um lugar de amor, um lugar de partilha, de dedicação, de doação. Que a gente possa sempre buscar aqui Jesus Eucarístico, que é Nossa Senhora que nos aponta a ele sempre”, detalha a professora.
Por fim, como santuário diocesano, Vitor Souza espera que a igreja assuma o papel de “peregrinos da esperança”.
“Nós somos peregrinos da esperança. A nossa esperança é que cada vez mais a nossa comunidade, o povo, seja muito esperto para a missão. Que nós tenhamos mais participantes, mais missionários, mais pessoas entregues ao caminho da santidade, ao caminho da salvação. E assim, a gente tem certeza que vai cada vez mais aumentar as bênçãos, louvores e a nossa fé. Nós não desistimos nunca, pelo contrário, buscamos mais a Deus e devemos amar e louvar mais. Além de agradecer a Nossa mãe Maria Santíssima, a Nossa Senhora Aparecida, pelas bênçãos recebidas, pelos momentos de bênçãos que nós recebemos”, finaliza ao g1.
Assim, fica um recado claro, basta adentrar a igreja e voltar os olhos para o altar: busque sempre a Jesus, ao lado de sua mãe, Maria.
Padre Cláudio Pereira dos Santos
Júlia Guimarães/g1
Veja abaixo a lista de todos os padres palotinos que passaram pelo Santuário ao longo desses 85 anos:
Padre Simphoriano Kopf
Padre Emílio Becker
Padre Pedro Carlos Fischer.
Padre Carlos Schultz
Padre Francisco Schineider
Padre Conrado Mirk
Padre Francisco Buttnmuller
Padre José Arantes de Alcântara
Padre José Schindler
Padre José Walter
Padre João Miguel da Silva
Padre Leonardo Albrecht
Padre Eduardo Radigonda
Padre José Schwind
Padre Reinaldo Aparecido Picolotto
Padre Heleno Adinaldo Araújo
Padre Alfredo Kopfle
Padre Francisco Ferreira Dias
Padre Agenor Cavarçan
Padre Ivanildo José Domingos
Padre Antonio Junior Diogo
Padre Roberto de Paula Silvério
Padre José Francisco Navarro
Padre Francisco Ferreira Dias
Padre José Schwind (in memoriam),
Padre Bruno Damasceno,
Padre Emerson Rocha Cavalcante
Padre Amaury José Domingues
Padre Fernando Rigão (in memoriam),
Padre Lourival Hélio Alves de Araújo
Padre Antônio Luiz Radigonda
Padre Odair Calezulato
Padre Roberto de Paula Silvério
Padre Reinaldo Aparecido Picolotto
Júlia Guimarães/g1
Padres atuais da comunidade:
Padre Cláudio Pereira dos Santos, reitor do Santuário
Padre Reinaldo Aparecido Picolotto, vigário paroquial e diretor do Lar dos Meninos
Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, na década de 1940, em Presidente Prudente (SP)
Acervo Santuário
Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, na década de 1940, em Presidente Prudente (SP)
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Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, em Presidente Prudente (SP)
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