
Capturas de tela mostram mensagens que o suspeito teria enviado para a filha
Reprodução
A adolescente de 16 anos, que recebeu mensagens e um vídeo de cunho sexual do próprio pai, um advogado de 34 anos, em Inajá, no Sertão de Pernambuco, relatou em depoimento que voltou a conversar com ele no Dia dos Pais, em 10 de agosto. Até então, segundo ela, os dois não tinham proximidade.
Segundo a jovem, a reaproximação começou quando enviou uma mensagem para parabenizar o pai pela data. “Nos primeiros dias as conversas eram normais, sem qualquer teor sexual”, afirmou no inquérito policial acessado pelo g1.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Caruaru no WhatsApp
O documento mostra que a mãe da adolescente morreu quando ela tinha dois anos, e desde então a menina foi criada pelos avós maternos. O pai chegou a reconhecê-la legalmente e pagava pensão de R$ 200 por mês, além de oferecer presentes em datas comemorativas. O reconhecimento da paternidade teria ocorrido por iniciativa do avô paterno.
“[O pai do advogado] ao ver [a jovem] reconheceu como sua neta, e assim, devido ao reconhecimento do pai [do advogado], este possivelmente por exigência a registrou como sua filha”, consta no inquérito.
De acordo com a adolescente, a aproximação durou apenas alguns dias, com conversas normais que teriam começado na terça-feira (13), até que o teor das mensagens mudou, com conteúdos de cunho sexual no sábado (16).
Segundo o inquérito, a menor teria bloqueado o pai e ligado para um primo e contado sobre a conversa. A tia, quando tomou conhecimento, orientou a jovem a desbloquear o advogado e tentar confirmar se a pessoa que mandava mensagens era mesmo o genitor.
Depois que o homem enviou um vídeo se masturbando para menina, a família procurou a polícia, e a denúncia foi formalizada na mesma data pela tia, que acompanhou a jovem até a delegacia e afirmou nunca ter tentado interferir na relação entre pai e filha até ver as mensagens.
LEIA TAMBÉM
‘Veja sozinha’: advogado preso em PE por enviar vídeo íntimo à filha de 16 anos disse em depoimento que mandou por engano
OAB protocola representação contra advogado suspeito de estupro de vulnerável contra a filha em Pernambuco
Conversas inseridas em inquérito policial
Reprodução
Uma guarnição da Polícia Militar foi até a residência do advogado e o conduziu até a delegacia. O caso segue sob investigação da Polícia Civil de Pernambuco e tramita em sigilo. Os nomes dos envolvidos na denúncia não serão divulgados para preservar a vítima.
Advogado alegou estar conversando com outra mulher
No depoimento à polícia, o advogado disse que trocava mensagens com outra mulher no mesmo momento em que falava com a filha, e que por isso mandou por engano para a adolescente as mensagens de teor sexual que seriam para a mulher.
Ainda segundo a investigação, o advogado apresentou um print da conversa com essa outra mulher como prova, mas disse que não era possível mostrar as mensagens com a filha, pois as mensagens estavam configuradas como “temporárias” e foram apagadas automaticamente do aparelho.
O suspeito afirmou ainda que tratava a filha de forma carinhosa, chamando-a de “amor” ou “painho” e que o encontro marcado com ela, que aparece nos prints, era um jantar em outra cidade, Canapi.
Conversas inseridas em inquérito policial
Reprodução
No depoimento, o advogado também chegou a alegar que o celular havia sido clonado e que a clonagem já tinha sido desfeita, mas não apresentou provas. Ao g1, os investigadores do caso informaram que o aparelho está apreendido e irá passar por perícia.
Caso enquadrado na Lei Maria da Penha
A polícia informou que conseguiu junto à Justiça medidas protetivas contra o advogado, com base na Lei Maria da Penha. Diante disso, o suspeito não pode se aproximar da adolescente.
A vítima está recebendo acompanhamento da rede de proteção social do Município, incluindo o Conselho Tutelar.
O caso segue em investigação pela Polícia Civil e tramita em segredo de Justiça.
Infográfico – Localização de Inajá (PE)
Arte/g1