Casa Fiat recebe exposição inédita de Niki de Saint Phalle em BH

A Casa Fiat de Cultura, na Praça da Liberdade, região Centro-Sul de Belo Horizonte, recebe a partir desta terça-feira (2) a exposição “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade”. Em cartaz até 2 de novembro, a mostra reúne 67 obras da artista franco-americana, referência do movimento de vanguarda do século XX, a maioria delas exibidas pela primeira vez no Brasil. Toda a programação é gratuita.

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Com temáticas envolvendo a emancipação feminina, direitos LGBTQIA+ e críticas ao racismo, o público poderá conferir esculturas, assemblages, quadros, colagens e as icônicas Nanas, figuras monumentais, alegres e multicoloridas inspiradas na arte africana, na América pré-colombianas e nas Vênus paleolíticas.

Das 67 obras em exibição, 66 pertencem ao acervo do Museu de Arte Contemporânea de Nice (MAMAC), na França, e uma à Pinacoteca do Estado de São Paulo, apresentada pela primeira vez fora da instituição desde sua aquisição, em 1997. A mostra, que tem curadoria de Olivier Bergesi e Hélène Gueninintegra, ainda integra a programação da Temporada França-Brasil 2025.

Conforme Ana Vilela, gestora de cultura da Casa Fiat, a exposição possibilita ao público brasileiro o acesso à arte consagrada e universal. “É uma oportunidade única. Mais uma vez, invertemos o roteiro da arte no Brasil, porque é uma mostra que está sendo apresentada somente aqui. Então, pessoas de diferentes regiões do país virão até Minas para ver essa importante mostra”, disse.

A exposição está organizada em sessões que percorrem toda a trajetória de Niki, desde o início da carreira até suas últimas criações, dedicadas ao Jardim dos Tarôs, no sul da Toscana, na Itália.

“Nesses trabalhos, é possível perceber reflexões e inquietações da artista relacionadas a questões sociais e políticas, como racismo, preconceito, temas ligados à comunidade LGBTQIA+ e à emancipação da mulher. Do ponto de vista da história da arte, Niki foi uma das protagonistas do movimento do novo realismo, que utilizava assemblages e objetos do cotidiano para construir obras e refletir sobre a própria vida. Ela fez da arte uma forma de transformar a sua existência”, explicou Ana Vilela.

Vida e obra de Niki de Saint Phalle

Segundo Oliver Bergesi, os temas explorados por Niki — entre eles a violência sexual — continuam extremamente atuais. Além das obras artísticas, o público poderá conferir registros audiovisuais e ambientações que dialogam com sua linguagem visual.

“O Museu de Nice está fechado para obras no momento e, por isso, aproveitamos a disponibilidade do acervo para trazer essa exposição ao Brasil. A última mostra de Niki no país aconteceu há 30 anos, em São Paulo e no Rio de Janeiro. A exposição, portanto, é um evento de grande importância”, destacou Bergesi.

Na exposição, o público poderá conferir as performances Tirs (Tiros), realizadas entre 1961 e 1962. Nelas, a artista disparava um rifle contra sacos de tinta sobre a tela, fazendo-os explodir e liberando, nesse processo criativo e catártico, suas próprias emoções.

Niki, que sofreu abuso sexual na infância, transformou essas ações em gestos de resistência, abordando temas como repressão, gênero, poder e expressão individual. Ao atirar nas obras, ela também confrontava seus próprios demônios pessoais.

O público também poderá conferir as Nanas, obras que celebram o corpo feminino e propõem uma nova imagem da mulher: livre, poderosa, diversa e emancipada de estereótipos sociais. Elas são um tributo à pluralidade de corpos e raças. Negras, brancas, amarelas e rosas, formam uma comunidade colorida e inclusiva que desafia os padrões normativos.

Também estão em exibição trabalhos criados por Niki durante a década de 1990, na Califórnia, quando a artista se voltou para temas sociais urgentes. Entre eles estão obras sobre a luta contra o racismo, a crise do HIV/AIDS, a saúde mental e a degradação ambiental. Niki também produziu livros para crianças e adultos com mensagens educativas e afetivas, serigrafias autobiográficas como o Diário Californiano, além de filmes e projetos urbanos de impacto direto.

Jardim dos Tarôs

Entre as criações mais conhecidas de Niki está o Jardim dos Tarôs, inaugurado em 1998. Inspirado nos 22 arcanos maiores do tarô, o parque começou a ser construído em 1979 e abriga esculturas monumentais revestidas com mosaicos de vidro, espelhos e cerâmica. O projeto foi concebido como uma obra de arte total, integrando arquitetura, mitologia, espiritualidade e imaginação.

O terreno foi cedido pela família de Marella Caracciolo — colecionadora e esposa de Gianni Agnelli, fundador da Fiat — que conhecia Niki e seu desejo de criar um jardim público. “Isso é outro fator que torna esta exposição tão importante. Apresentamos desenhos que inspiraram e serviram como protótipos desse jardim, que atravessa a própria história da Casa Fiat”, destacou Vilela.

Pensando nisso, 50 Nanas infláveis de Niki de Saint Phalle — vindas diretamente do Jardim dos Tarôs — vão transformar o espaço da Casa Fiat de Cultura em um manifesto lúdico e poderoso sobre emancipação, vitalidade e alegria. As Nanas infláveis foram criadas pela própria artista com o objetivo de serem comercializadas para arrecadar fundos para a construção do jardim.

Outra instalação interativa é ‘Le Mur de la Rage’ (O Muro da Raiva). Nela, Niki listou diversos motivos que despertavam sua raiva, como fome, injustiça, racismo, morte, águas poluídas e questões pessoais, incluindo sua própria violência interior. Os visitantes poderão contribuir para a obra, expressando seus sentimentos em um novo muro.

Niki de Saint Phalle

Nascida Catherine-Marie-Agnès Fal de Saint Phalle, em Neuilly-sur-Seine (França), Niki de Saint Phalle (1930-2002) transformou a arte em seu refúgio e forma de expressão após uma infância marcada por abusos e crises pessoais. Nos anos 1960, aproximou-se do movimento Nouveau Réalisme, ao lado de artistas como Yves Klein e Jean Tinguely, com quem se casou. Pioneira como mulher na vanguarda artística do século XX, abordou feminilidade, sexualidade, maternidade e opressão, incorporando performance e crítica social.

A produção da artista, que se estendeu de meados dos anos 1950 aos anos 2000, integra acervos internacionais como MAMAC (Nice), MAM (Paris), MoMA (Nova York) e o Jardim dos Tarôs (Itália). Niki faleceu em 2002, deixando um legado de obras que unem arte, vida e transformação.

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Exposição ‘Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade’

Data: até 2 de novembro
Local: Casa Fiat de Cultura | Praça da Liberdade, 10 – Funcionários, BH
Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira, das 10h às 21h | Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h    
Entrada gratuita
Mais informações em casafiatdecultura.com.br

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