Polícia Federal investiga golpe que desviou R$ 2 bilhões do FGTS e programas sociais

Nos últimos cinco anos, um esquema criminoso movimentou pelo menos R$ 2 bilhões, afetando beneficiários de programas sociais, como o Auxílio Emergencial, e trabalhadores com recursos no FGTS. A Polícia Federal está investigando o caso, que envolveu a participação de funcionários da Caixa Econômica Federal e utilizou métodos digitais para acessar ilegalmente contas bancárias.

Funcionários da Caixa Facilitavam o Acesso aos Fundos

A fraude operada por uma quadrilha de criminosos contava com a colaboração de servidores públicos da Caixa Econômica. Esses funcionários forneciam dados sigilosos para os criminosos, permitindo o acesso às contas de milhares de brasileiros através do aplicativo Caixa Tem. O golpe era facilitado por softwares ilegais, que davam aos criminosos a capacidade de acessar diversas contas simultaneamente.

De acordo com investigações, a quadrilha usava uma lista de CPFs de beneficiários de programas como o Auxílio Emergencial e o Seguro Desemprego. Uma vez com os dados em mãos, os criminosos podiam alterar cadastros no Caixa Tem, gerar novas senhas e, assim, transferir os recursos por meio de PIX, pagamentos de boletos ou saques em dinheiro.

Impacto nas Vítimas: Famílias Desamparadas e Longos Processos de Reparação

A maioria das vítimas era composta por pessoas dependentes de benefícios sociais, como o auxílio emergencial, que precisavam do dinheiro para sustentar suas famílias. Para muitas dessas famílias, o golpe significou uma grande perda financeira, já que o benefício era a única fonte de renda.

“Eu dependo desse dinheiro para alimentar minha família, e ao acessar meu Caixa Tem, vi que o saldo estava zerado. Fiquei sem saber o que fazer”, conta Wallison, uma das vítimas que ficou sem acesso ao auxílio por quatro meses. Apesar do processo de ressarcimento, muitas vítimas ainda enfrentam dificuldades para recuperar os valores desviados, sendo forçadas a recorrer a contestação repetida.

Fraude Comprovada, Mas Criminosos Seguem em Liberdade

Apesar da evidência clara do crime e da participação de servidores da Caixa, muitos dos criminosos seguem em liberdade. As investigações continuam, mas os culpados por trás do esquema, incluindo o líder da quadrilha, conhecido como “Careca”, ainda não foram responsabilizados de maneira efetiva. Além disso, o crime é considerado de menor potencial ofensivo pela legislação brasileira, o que resulta em penas mais brandas.

A Caixa Econômica, por sua vez, demitiu os servidores envolvidos no esquema e tem se comprometido a ressarcir as vítimas. Contudo, o processo de devolução de valores tem sido moroso e, para muitos, ineficaz.

A Ação da Polícia Federal e Medidas Contra Fraudes Futuras

Recentemente, a Polícia Federal realizou uma nova operação em 14 cidades do Rio de Janeiro, apreendendo celulares e computadores dos envolvidos. A PF tem reforçado suas ações de combate a fraudes digitais, com o objetivo de identificar e punir os criminosos responsáveis.

Além disso, a Caixa Econômica afirma que está investindo em tecnologias de monitoramento e segurança para impedir novos golpes, incluindo o uso de biometria e inteligência artificial para detectar atividades suspeitas no sistema.

Este caso revela a vulnerabilidade de sistemas digitais utilizados para o pagamento de benefícios sociais, expondo o grande risco de fraudes que afetam diretamente os mais necessitados. O combate a esses crimes requer uma maior integração entre órgãos de segurança e instituições financeiras, além de melhorias contínuas na segurança dos sistemas de pagamento e benefícios.

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