A volatilidade recente nas bolsas globais reacendeu a atenção dos investidores sobre empresas cíclicas e oportunidades de dividendos. Um estudo detalhado identificou 20 ações baratas com alto dividend yield, mesmo diante da forte desvalorização de gigantes como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3). A lista traz nomes consolidados nos setores bancário, de utilities e mineração, sinalizando que momentos de pânico também podem esconder excelentes assimetrias para investidores de longo prazo.
O Que Está Acontecendo?
O gatilho do recente colapso no mercado foi a escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Tarifa sobre tarifa, o Brent – referência do petróleo – desabou 16% em apenas quatro dias, levando junto as ações da Petrobras, que perderam mais de R$ 80 bilhões em valor de mercado.
A Vale, por sua vez, atingiu a menor cotação dos últimos quatro anos. Esse movimento alarmou a diretoria da Petrobras e gerou receio em investidores acostumados com previsões estáveis de dividendos e preço teto – algo praticamente impossível de sustentar em empresas altamente sensíveis às commodities.
Como Isso Afeta Seus Investimentos?
Apesar do cenário de incerteza, alguns ativos despontam como boas oportunidades de entrada. A análise se concentra em empresas com dividendos projetados acima de 8%, mesmo após correções bruscas. Na lista, setores como bancos e energia elétrica se destacam por manterem estabilidade nos pagamentos, mesmo em períodos turbulentos.
“Crises não são pré-requisitos para comprar barato”, afirma o analista. “Em 2022, a Petrobras valia R$ 22 mesmo com o petróleo nas alturas, apenas por causa de ruído político.”
Destaques da Lista: Bancos, Energia e Commodities
Bancos com Dividendos Robustos
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Banco do Brasil (BBAS3): dividend yield esperado de até 12%, mesmo com queda de 2% no mês.
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BB Seguridade (BBSE3) e Itaú (ITUB4): ambos com expectativa de 10% de dividendos.
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Itaúsa (ITSA4): pode pagar mais de 8%.
Setor Elétrico como Refúgio
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ISA Cteep, Copel e Cemig: entre 6,5% e 10% de dividendos, com desempenho relativamente estável.
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Eletrobras (ELET3): apesar de menor rendimento (4,5%), mantém previsibilidade.
Cíclicas em Liquidação
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Petrobras (PETR4): queda acentuada e dividend yield acima de 13%, a maior da lista.
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Vale (VALE3): projetando 8%, mas com alta volatilidade.
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CSN Mineração (CMIN3) e Gerdau (GGBR4): caíram mais de 8% e 10%, respectivamente.
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PetroRecôncavo (RECV3): queda agressiva nos últimos dias, mas dividendos próximos de 10%.
O Risco Oculto de Prever Preço-Teto
O alerta mais importante do estudo é sobre o erro de previsões fixas em empresas cíclicas. “Não existe preço-teto exato para empresas como Petrobras e Vale. Qualquer planilha com margens de segurança e dividendos futuros pode ser desmentida por eventos de mercado em questão de dias”, alerta o analista.
“Investidor de valor não precisa de crise para encontrar assimetria.”
Expectativas para o 1T25: Uma Virada à Vista?
Com o fechamento do primeiro trimestre, bancos e analistas já projetam os lucros das principais empresas cíclicas. Segundo o BTG:
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Vale: lucro acima de US$ 2 bilhões, uma leve melhora frente ao mesmo período de 2024.
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CSN Mineração: lucro deve mais que dobrar, chegando a US$ 1,1 bilhão.
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Gerdau: receita estável, mas lucro pode despencar para R$ 400 milhões.
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CBA: pode reverter prejuízo e lucrar quase R$ 500 milhões.
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Suzano (SUZB3): salto no lucro, de R$ 200 milhões para mais de R$ 6 bilhões.
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Irani (RANI3): crescimento discreto, mas consistente.
Oportunidade ou Armadilha?
Para quem investe com foco em ações baratas para dividendos, o momento atual exige mais do que planilhas: requer maturidade emocional, análise setorial e gestão ativa de portfólio. O estudo alerta que previsões inflexíveis podem custar caro, especialmente em ativos cujo valor depende do mercado global de commodities.
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