A ação do Banco do Brasil (BBAS3) acumula uma queda superior a 20% em 2025, causando inquietação entre os investidores que, até pouco tempo, comemoravam lucros crescentes e dividendos generosos. Diante desse cenário, muitos se perguntam: é hora de vender tudo ou aproveitar a queda para comprar mais?
A resposta, segundo especialistas do Clube do Valor, vai além da clássica dicotomia “comprar ou vender”. É necessário compreender os fatores por trás da queda e, mais importante, ter uma estratégia clara e diversificada.
Queda no lucro e alta inadimplência no agro
No primeiro trimestre de 2025, o Banco do Brasil surpreendeu negativamente o mercado com uma queda de mais de 20% no lucro, o que corresponde a R$ 2 bilhões abaixo do esperado. Os principais vilões foram:
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A inadimplência crescente do setor agropecuário, onde mais de 3% dos tomadores de crédito estão com atraso superior a 90 dias;
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O impacto da resolução CMN 4.966, que exigiu maior provisionamento;
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Queda de quase 11% na receita líquida.
Além disso, o banco enfrenta aumento generalizado da inadimplência em todas as linhas de crédito, incluindo pessoa física e jurídica.
Goldman Sachs rebaixa estimativas e aumenta o pessimismo
Diante dos resultados fracos e do cenário macroeconômico desafiador, o Goldman Sachs rebaixou suas estimativas para o BBAS3, alimentando o pessimismo do mercado. A cotação, que chegou a ultrapassar R$ 28 no final de 2024, recuou para a faixa dos R$ 21, e alguns analistas já especulam uma possível queda para R$ 16, caso os lucros continuem pressionados.
O que o passado do BBAS3 nos ensina
Em momentos de crise, entender o histórico do ativo é essencial. Entre 2010 e 2016, o BBAS3 desvalorizou mais de 60%, chegando a R$ 6,50 durante a crise econômica brasileira. No entanto, quem teve paciência viu as ações subirem mais de 300% nos anos seguintes, além dos dividendos acumulados no período.
A lição é clara: empresas sólidas podem passar por ciclos negativos prolongados, e o segredo está em saber se proteger e diversificar.
Dividendos ainda são atraentes mesmo com a queda
Mesmo com o lucro pressionado, o BBAS3 segue como uma das maiores pagadoras de dividendos da Bolsa. Considerando um pagamento estimado de R$ 2 por ação em 2025, o dividend yield atual é de 9,2%. Se a ação cair para R$ 16 e o valor dos proventos se mantiver, esse yield pode ultrapassar 12% ao ano.
Ou seja, a pressão vendedora pode acabar encontrando um “piso” técnico nos próximos meses, com a atratividade dos dividendos funcionando como uma âncora de valor.
Conselho: pare de tentar prever o futuro
Para os analistas do Clube do Valor, a principal recomendação não é comprar ou vender BBAS3, mas sim ter uma carteira de investimentos diversificada e com critérios bem definidos.
Eles sugerem adotar estratégias baseadas em regras claras, como a “Máquina de Dividendos”, que seleciona empresas com:
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Lucro positivo no trimestre atual;
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Crescimento de lucro nos últimos três anos;
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Pagamento de dividendos consistentes;
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Volatilidade controlada;
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Payout equilibrado.
Com base nessa metodologia, BBAS3 ainda cumpre todos os critérios e está entre as 10 maiores pagadoras da Bolsa, com dividendos superiores a 10% ao ano nos últimos 36 meses.
Diversificação é mais importante que timing
Por fim, o vídeo enfatiza que tentar prever o futuro do BBAS3 — ou de qualquer ação — é um erro comum. Em vez disso, o investidor deve montar uma carteira inteligente que misture ações brasileiras e internacionais, além de outras classes de ativos, como renda fixa e fundos imobiliários.
Mesmo uma ação excelente pode atravessar 10 anos de baixo desempenho, como ocorreu com o Banco do Brasil entre 2007 e 2016, período em que a ação acumulou queda de 55%.
Se você é acionista do Banco do Brasil ou pensa em investir, o momento exige análise fria e foco na estratégia. O BBAS3 continua sendo uma empresa sólida, com boa geração de caixa e dividendos atrativos — mas também enfrenta desafios reais no curto prazo.
A recomendação final é clara: não baseie suas decisões apenas no momento de mercado. Diversifique sua carteira e siga critérios consistentes para preservar e multiplicar seu patrimônio, independentemente do cenário econômico.
O post BBAS3 despenca em 2025 e investidores se perguntam: vender ou comprar mais? apareceu primeiro em O Petróleo.