
Diarista zomba de enfermeira após denúncia de racismo
Arquivo pessoal/Luciana Ponciano e Reprodução/TV Anhnaguera
A enfermeira Luciana Ponciano disse que a diarista Sthefany Sibele França Rayzer zombou dela após revelar áudios do crime de racismo, Aparecida de de Goiânia, Região Metropolitana de Goiânia. Em mensagens enviadas para ela depois da denúncia, a diarista chama Luciana de “cabelo de Bombril” e diz que as pessoas estão rindo da cara dela.
“Foi lá passar essa vergonha. Um monte de gente rindo dessa sua cara”, escreveu Sthefany Sibele em mensagens para a enfermeira.
O g1 entrou em contato com Sthefany Sibele França Rayzer, mas a diarista informou que não quer se pronunciar sobre o caso. Em depoimento à polícia, a profissional confessou ter enviado as mensagens racistas.
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Luciana fez um boletim de ocorrência contra a diarista pelo crime de discriminação racial no dia 11 de agosto. Segundo Luciana, as ofensas começaram quando ela reclamou do serviço de limpeza prestado pela diarista no apartamento em que mora.
A enfermeira conta que Sthefany voltou a mandar mensagens para ela debochando da denúncia e fazendo novas ofensas. Em prints de uma conversa da última quarta-feira (13), a diarista volta a ofender a Luciana e a chama de “bicha feia sebosa” e diz: “Ficou feio pra tu mesmo, pra mim não!”.
Segundo Luciana, ela não atendeu as ligações e nem respondeu a nenhuma das novas mensagens da diarista. Ao g1, a enfermeira disse que levou as novas conversas para o delegado responsável pelo caso, Joaquim Adorno, da Delegacia Estadual de Atendimento a Vítimas de Crimes Raciais e de Intolerância (Deacri).
Investigação
A Polícia Civil informou que toda a investigação já foi concluída e agora o caso deve ser analisado pelo Poder Judiciário. “Todas as testemunhas do caso foram ouvidas. Todas as provas materiais foram colhidas como deve ser. Todo o trabalho de apuração e preparação para a denúncia do Ministério Público foi feito”, explicou o delegado.
“Ela [Sthefany Sibele] perguntou porque estava sendo investigada porque o que fez não é crime. Ela vai ser indiciada por racismo. Nessa semana, o inquérito deve ser encaminhado para a Justiça”, afirmou o delegado, em entrevista ao g1.
A Lei do Racismo (7.716/1989) prevê que, caso alguém seja condenado pelo crime, pode receber uma pena de dois a cinco anos de prisão, de acordo com o Código Penal.
Os crimes de injúria racial passaram a ser equiparados aos de racismo no Brasil em janeiro de 2023. Antes, as ofensas por questão racial a um indivíduo tinham pena ainda inferior àquelas direcionadas às pessoas negras como um coletivo.
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Relembre o caso
Segundo Luciana, ela contratou os serviços da diarista para limpar o apartamento dela, por meio de indicação de uma vizinha. A enfermeira entrou em contato com a diarista para combinar os serviços e o preço da diária.
Luciana contou que, no dia que a diarista estava limpando sua residência, ligou para perguntar se a profissional queria almoço, mas a diarista dispensou e disse que já estava indo embora. “Eu falei: ‘Mas já? Muito rápido’. Ela falou: ‘Sua casa é muito limpinha e eu não tive trabalho nenhum’”, relatou.
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A enfermeira disse que fez o pagamento do serviço por pix, no valor definido pela diarista, mas que, ao chegar em casa, percebeu que o serviço não tinha sido feito. Diante disso, Luciana gravou vídeos mostrando os locais que haviam ficado sujos. Um dos lugares foi a parede do banheiro, que ficou com marcas no azulejo (veja o vídeo acima).
Primeiras denúncias
Depois da reclamação sobre os serviços de limpeza, Luciana recebeu as primeiras mensagens da diarista com cunho racista, no dia 9 de agosto. Nas conversas, a diarista chama a enfermeira de “nojenta” e diz que ela era ‘chata por ser de cor”.
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Reprodução/TV Anhanguera
A enfermeira então questionou: “Você tem preconceito com pretos?”. A diarista respondeu: “Demais, do seu jeito, sim, que reclama, que fica exigindo. A sua raça é isso aí, não se espera mais nada”, afirmou.
Ainda nos prints das conversas entre as duas, a diarista se referiu à enfermeira como “cabelo de Bombril” e declarou: “Branco nunca me ‘encheu tanto o saco’”.
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