Pix Parcelado estreia em setembro com foco em quem não tem crédito

A partir de setembro de 2025, os brasileiros terão acesso a uma nova funcionalidade no sistema de pagamentos instantâneos: o Pix Parcelado. A medida, articulada pelo Banco Central, promete democratizar o acesso ao crédito, beneficiando cerca de 60 milhões de pessoas que não possuem cartão de crédito e ampliando as possibilidades de consumo com pagamentos fracionados diretamente da conta bancária.

Como vai funcionar o Pix Parcelado?

Segundo Gustavo Silves, CRO da fintech Asify, a experiência do usuário será simples e semelhante ao Pix tradicional. Na hora da compra, o consumidor poderá optar por parcelar o valor — a análise e liberação do crédito será feita automaticamente pelo banco, com base no perfil do cliente.

O lojista recebe o valor integral à vista, enquanto o cliente paga as parcelas diretamente à instituição financeira, funcionando como um empréstimo pessoal com débito automático. A diferença principal está na jornada de pagamento, que será feita por meio de uma leitura de QR Code, assim como no Pix tradicional.

Vantagens para lojistas

Para os comerciantes, o Pix Parcelado representa uma redução imediata de custos:

  • Sem tarifas de maquininhas (que costumam cobrar de 3% a 4% por transação);

  • Liquidez instantânea, com recebimento imediato do valor total da venda;

  • Possibilidade de oferecer descontos aos clientes que optarem pela nova modalidade.

Esses fatores podem fomentar a aceitação da ferramenta no varejo físico e digital, criando um ambiente competitivo com as tradicionais bandeiras de cartões de crédito.

A quem o Pix Parcelado se destina?

Embora o sistema não deva substituir o uso do cartão de crédito para quem já possui bons limites e acesso a programas de milhas, o novo produto abre caminho para consumidores marginalizados do sistema financeiro, como os que não têm cartões ou possuem limites muito baixos.

“O Pix Parcelado vai expandir o acesso ao crédito, principalmente para pessoas que hoje não conseguem comprar parcelado”, explicou Gustavo Silves.

Riscos de inadimplência e limites de crédito

Apesar do potencial inclusivo, há preocupações com o aumento do endividamento, especialmente considerando que mais de 77% das famílias brasileiras já estão endividadas, segundo dados recentes da CNC.

Silves esclarece que os bancos manterão critérios rígidos de concessão de crédito, como análise de score e capacidade de pagamento. O risco de inadimplência recai exclusivamente sobre a instituição que concede o crédito — seja banco ou fintech —, blindando o lojista.

Caso o cliente não tenha saldo no vencimento da parcela, juros e protestos podem ser aplicados, como em qualquer contrato de crédito bancário.

Potencial de exportação do modelo brasileiro

O Brasil já é referência global em soluções de pagamento — o próprio Pix foi considerado uma revolução no setor. Agora, o Pix Parcelado pode inspirar outros países a adotarem o modelo.

“A inovação do Banco Central brasileiro é observada com atenção no exterior. Esse modelo de parcelamento direto é raro fora da América Latina e pode se tornar um produto de exportação”, destacou o executivo da Asify.

Competição com o cartão de crédito

Embora o Pix Parcelado não deva substituir o cartão para quem já está incluído financeiramente, especialistas acreditam que a novidade pressionará operadoras de cartão a oferecer mais vantagens, como limites maiores ou benefícios extras.

Além disso, o Pix Parcelado cria novas frentes de concorrência para o setor bancário e fintechs, que precisarão investir em soluções seguras, rápidas e com menos burocracia para concessão de crédito.

Com a chegada do Pix Parcelado, o Brasil reforça seu papel como laboratório global de inovação em meios de pagamento, promovendo inclusão, concorrência e novas possibilidades para consumidores e lojistas.

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