Dólar dispara a R$ 5,69 com juros no radar e queda da Petrobras pressiona Ibovespa

O dólar fechou em forte alta nesta segunda-feira (5), cotado a R$ 5,69, em meio a um cenário de aversão ao risco nos mercados globais e expectativa crescente pela chamada Super Quarta, quando os bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos decidirão os próximos passos na política monetária. O movimento de valorização da moeda americana ocorre paralelamente à queda do Ibovespa, que recuou 1,07%, aos 133.491 pontos, puxado por ações da Petrobras, que despencaram 3,73% após o anúncio de redução no preço do diesel.

Super Quarta: investidores esperam decisões do Fed e do Copom

O principal fator de tensão nos mercados é a expectativa pela decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom), no Brasil, e do Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos. No Brasil, analistas projetam que o Banco Central encerre o ciclo de cortes da Selic, atualmente em 10,75%, e inicie um período de manutenção das taxas, em resposta a uma inflação mais resistente e incertezas fiscais.

Nos Estados Unidos, a expectativa majoritária é de manutenção da taxa básica de juros entre 5,25% e 5,50%, com atenção redobrada ao tom do discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre os próximos passos. A dúvida persiste: quando começará o corte de juros nos EUA?

Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, o mercado brasileiro revisou para baixo as projeções de inflação e juros, o que indica uma ancoragem melhor das expectativas, mas ainda não suficiente para estimular cortes adicionais no curto prazo.

Petrobras em queda após corte no diesel

Outro elemento de pressão no mercado brasileiro foi a queda nas ações da Petrobras. A petroleira estatal sofreu forte desvalorização de 3,73%, em reflexo direto do anúncio da redução de R$ 0,16 no preço do diesel nas refinarias. Embora positiva para os consumidores e a inflação, a medida levanta dúvidas sobre a sustentabilidade da política de preços da companhia e possíveis interferências políticas.

O recuo da Petrobras, que tem grande peso no índice Bovespa, impactou diretamente o desempenho da Bolsa, ajudando a consolidar o movimento de correção.

Nova tarifa dos EUA derruba bolsas globais

No cenário internacional, um novo fator de tensão afetou os mercados: o anúncio de uma tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros pelo governo dos EUA, sob influência da política comercial do ex-presidente Donald Trump. A medida causou quedas generalizadas em Wall Street, com os índices Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 recuando entre 0,3% e 0,7%.

Um dos maiores destaques negativos do dia foi a ação da Berkshire Hathaway, que caiu 5% após o anúncio de aposentadoria do investidor Warren Buffett, um dos nomes mais icônicos do mercado financeiro global.

Traders esperam: correção interrompe sequência de ganhos do Ibovespa

Segundo o analista Leonardo Leivate, do Traders Club, “demorou, mas chegou” o momento de correção do mercado brasileiro, após semanas de ganhos consistentes. O cenário de espera pelas decisões monetárias cria um ambiente de maior cautela, e muitos investidores preferem não se expor, mesmo que isso implique comprar ativos a preços mais altos no futuro.

A volatilidade deve continuar nos próximos dias, com oscilações mais intensas conforme se aproxima o desfecho da Super Quarta. A manutenção dos juros americanos é tida como o cenário base, mas o tom das declarações do Fed poderá alterar significativamente o humor dos mercados.

Negociações comerciais entre EUA e China no radar

Apesar do clima tenso, há sinalizações positivas no horizonte. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que os EUA estão próximos de novos acordos comerciais, inclusive com a China, o que pode abrir espaço para uma descompressão nas relações comerciais internacionais nas próximas semanas.

O mercado financeiro inicia a semana sob forte tensão, com investidores globais em compasso de espera pelas decisões de juros que podem redesenhar o cenário macroeconômico dos próximos meses. A alta do dólar, a queda da Petrobras e os sinais mistos da economia americana compõem um quadro de cautela que deve se manter até a Super Quarta.

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