O Ibovespa encerrou o pregão desta segunda-feira (5) em queda de 1,20%, aos 133.491 pontos, afetado por um cenário duplamente negativo: a forte correção nos preços do petróleo e a escalada dos juros futuros nos Estados Unidos e no Brasil. O movimento marca o início de uma semana decisiva para os mercados, conhecida como “super quarta”, com decisões de política monetária por parte dos bancos centrais dos dois países.
Pressão da Opep derruba ações da Petrobras
Um dos principais vetores da baixa do dia foi o recuo de quase 2% no preço do petróleo, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciar que vai aumentar a oferta da commodity em junho. A notícia pegou o mercado de surpresa e pressionou fortemente as ações das petroleiras, especialmente Petrobras (PETR4), que figurou entre as maiores quedas do índice, refletindo o temor de menor margem de lucro no curto prazo.
Com o barril em baixa, analistas apontam que o setor de energia sofre uma reprecificação imediata, já que a rentabilidade futura das empresas depende diretamente da cotação internacional do petróleo.
Juros futuros nos EUA e no Brasil preocupam investidores
Além do choque no setor de commodities, o Ibovespa também sentiu o peso da alta nos juros futuros dos Estados Unidos. Dados econômicos mais fortes do que o esperado indicaram resiliência no mercado de trabalho americano, o que elevou as apostas de que o Federal Reserve poderá manter os juros elevados por mais tempo — ou até mesmo elevá-los novamente.
No Brasil, a expectativa negativa foi alimentada pelos rumores de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode adotar uma postura mais agressiva na quarta-feira, elevando a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, ao invés do tradicional 0,25 p.p., como resposta à inflação desancorada e à valorização do dólar.
Dólar volta a subir e fecha a R$ 5,69
Em meio ao aumento da aversão ao risco, o dólar comercial subiu 0,6% no dia e encerrou cotado a R$ 5,69. A valorização reflete a fuga de capitais de países emergentes e a busca por segurança na moeda americana, movimento típico em semanas de grande volatilidade.
Especialistas ressaltam que, além dos fatores externos, o real está sendo pressionado por um cenário interno de incertezas fiscais e expectativa de manutenção da taxa Selic em patamar elevado por mais tempo, o que afeta diretamente as projeções para crescimento e investimento.
Expectativas para a super quarta
Os olhos do mercado agora se voltam para a chamada “super quarta”, quando o Federal Reserve e o Banco Central do Brasil anunciam suas decisões de juros. Analistas avaliam que o Ibovespa poderá encontrar algum alívio caso as autoridades monetárias adotem uma comunicação mais suave (“dovish”) em relação ao futuro da política monetária.
No entanto, o risco é de que os dois bancos centrais reforcem o tom conservador, o que pode desencadear nova onda de aversão a risco nos mercados globais, com reflexos diretos no câmbio, nos juros e nas ações brasileiras.
A combinação de queda do petróleo e perspectiva de juros mais altos evidencia o cenário desafiador para o mercado financeiro em maio. O investidor deve manter atenção redobrada às decisões dos bancos centrais, além de monitorar o comportamento das commodities e os desdobramentos fiscais no Brasil.
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