A temporada de resultados do primeiro trimestre de 2025 trouxe surpresas — nem todas positivas. Algumas das ações mais populares da Bolsa brasileira entregaram lucros abaixo das expectativas, margens pressionadas e revisões negativas em projeções. Em meio à cautela, analistas tentam separar oportunidades de compra de possíveis armadilhas.
WEGE3: resultado abaixo das expectativas e corte no preço-alvo
A WEGE3, tradicionalmente vista como ação de qualidade, entregou um lucro considerado razoável, mas abaixo das projeções do mercado. O Itaú BBA cortou o preço-alvo de R$ 67 para R$ 65 e adotou uma postura mais cautelosa. Já o Bank of America foi mais contundente: rebaixou a recomendação para neutra e reduziu o preço-alvo para R$ 54.
O ponto de atenção está nas margens apertadas e no crescimento tímido das receitas externas — apenas 2% em dólar. A valorização do real e o impacto do segmento de energia solar também influenciaram negativamente. Por outro lado, o BTG Pactual manteve a recomendação de compra, reconhecendo as dificuldades, mas apostando em uma recuperação no segundo trimestre.
VAMO3: lucros em queda e guidance decepcionante
A VAMO3, da Vamos, empresa do grupo Simpar especializada em locação de caminhões e equipamentos, viu seu lucro líquido recuar de forma expressiva, pressionado pelo aumento das despesas financeiras e pelos juros elevados.
Mesmo com avanço na receita de seminovos — graças a uma estratégia de giro mais rápido —, a necessidade de redução nos preços comprometeu a margem. O novo guidance para 2025 veio abaixo do esperado pelo mercado. Ainda assim, a XP manteve recomendação de compra, destacando a solidez do modelo de negócios e o potencial de retomada com uma eventual queda na Selic.
RADL3: margens frágeis e vendas fracas decepcionam
A RADL3, da RD Saúde (controladora das redes Droga Raia e Drogasil), foi outra que desapontou. O lucro, a receita e as margens ficaram aquém do esperado. A margem bruta caiu, impactada por promoções agressivas, produtos com menor rentabilidade e aumento de perdas.
A performance das lojas físicas também não ajudou: o crescimento em vendas mesmas lojas ficou abaixo da inflação do setor. Apesar disso, o BTG Pactual manteve recomendação de compra, enxergando força na atuação digital e na posição da RD como consolidadora do setor. Já Itaú BBA e Genial adotaram postura neutra.
GGBR4: ação esquecida pode surpreender no setor de aço
A GGBR4, da Gerdau, acumula queda de quase 18% em 2025, mas analistas como os do banco Safra seguem otimistas. Apesar de reduzir o preço-alvo de R$ 23,50 para R$ 19,90, o Safra manteve a recomendação de compra, citando a demanda forte nos EUA e possíveis cortes de investimentos a partir de 2026, o que pode favorecer o fluxo de caixa.
No entanto, os desafios internos seguem: o preço do aço no Brasil deve cair mais, e as margens continuam apertadas. Para o mercado, a GGBR4 pode estar se preparando para uma retomada — uma oportunidade de entrada com desconto.
CSAN3: aposta de risco com potencial de valorização de 200%
A ação bônus da semana é a CSAN3, da Cosan, que foi incluída pelo BTG Pactual na carteira de 10 ações promissoras para maio. A holding amarga queda superior a 47% nos últimos 12 meses, mas a nova gestão tem promovido mudanças estratégicas para reestruturar a companhia.
O BTG vê a Cosan como a aposta mais arriscada da carteira — mas também a de maior potencial de retorno, com expectativa de valorização de até 200%. Ainda assim, o banco alerta: o ideal é não concentrar demais nesse papel, mas sim utilizá-lo dentro de uma carteira diversificada, como a sugerida pelo BTG.
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