Na corrida global pela sustentabilidade, o Brasil tem um trunfo estratégico: a produção de biodiesel baseada na economia circular. Com mais de 20 anos de trajetória, o país não apenas consolida sua presença como um dos maiores produtores do mundo, mas também inova ao transformar resíduos agroindustriais em combustível limpo, gerando impacto positivo na economia, no meio ambiente e na sociedade.
Biodiesel no Brasil: de políticas públicas à liderança global
O setor de biocombustíveis no Brasil ganhou força a partir de políticas públicas e incentivos à pesquisa científica e tecnológica. Segundo a RAPA, a produção nacional de biodiesel é composta majoritariamente por óleo de soja (74%), mas vem se diversificando com matérias-primas como canola, óleo de milho, de dendê, algodão e resíduos de origem animal e doméstica.
O país é hoje o segundo maior produtor mundial de biodiesel, resultado de sua forte vocação agropecuária, clima favorável, abundância de água e, principalmente, avanços tecnológicos no uso de biomassa.
Economia circular: o diferencial da produção brasileira
Na prática, a economia circular se materializa quando resíduos que antes eram descartados de forma inadequada passam a ser insumos valiosos. Um exemplo emblemático é o da empresa Biopower, braço da JBS, que transforma o sebo bovino — resíduo da cadeia da carne — em biodiesel de alta qualidade. O que era um passivo ambiental se tornou ativo energético.
Além disso, a Biopower também coleta e reutiliza óleo de cozinha usado, promovendo educação ambiental por meio do programa Óleo Amigo, que já alcançou mais de 90 municípios. Crianças e adolescentes aprendem a descartar corretamente o óleo, evitando a contaminação de rios e lençóis freáticos. Um único litro de óleo jogado na pia pode poluir até 25 mil litros de água — e o projeto atua justamente para impedir isso.
Estrutura industrial e diversificação de matérias-primas
A Biopower opera três usinas em São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso, e já trabalha com 12 tipos diferentes de matérias-primas. A maior parte da produção é baseada em resíduos, como sebo bovino e óleo de fritura, mas também incorpora óleos vegetais. A adaptação ao perfil regional de matérias-primas exigiu modernização industrial e inovação contínua.
Desde 2015, o uso de óleo de fritura se intensificou, com foco em logística e coleta descentralizada, especialmente em regiões periféricas. A empresa criou pontos de coleta em escolas, igrejas e hospitais, e paga pelas entregas, revertendo recursos em melhorias nas comunidades — como compra de carteiras escolares e computadores.
Sustentabilidade e regulação rigorosa
A especificação de qualidade exigida pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) é uma das mais rígidas do mundo. Isso estimula as indústrias a evoluírem continuamente para otimizar a produção com menor uso de recursos naturais. A meta é clara: gerar mais energia e alimentos com menos impacto ambiental.
Essa preocupação com qualidade, segurança energética e sustentabilidade está no cerne da atuação da Biopower e de outras empresas do setor. A produção responsável reforça a imagem do Brasil como potência agroenergética e protagonista da transição para uma matriz energética mais limpa.
Impacto social e ambiental
Além de gerar empregos e renda no campo, o biodiesel de resíduos reduz os custos públicos com saneamento e tratamento de água. Como destaca Alexandre Pereira, diretor comercial da Biopower, “a economia circular está no nosso DNA”. Cada litro de óleo reciclado representa menos poluição, menos gasto público e mais qualidade de vida.
Ao integrar o campo, a indústria e a educação ambiental, o setor de biodiesel amplia seu impacto para além do mercado de combustíveis: ele influencia positivamente o desenvolvimento sustentável das comunidades brasileiras.
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