O setor de serviços brasileiro registrou crescimento de 2,4% no primeiro trimestre de 2025, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar do avanço consistente na comparação anual, o dado mensal de março trouxe uma alta de apenas 0,3%, abaixo da expectativa do mercado, que projetava 0,4%. A desaceleração, embora sutil, tem sido interpretada como um sinal positivo no contexto de política monetária.
Transporte lidera, mas ritmo perde força
A principal contribuição para o resultado veio dos serviços de transporte, que continuam sendo o motor de crescimento do setor. No entanto, o crescimento mensal mais fraco reforça uma tendência de desaceleração observada nos últimos meses, o que pode ser um indicativo de que o ciclo de aperto monetário iniciado pelo Banco Central começa a surtir efeito na economia real.
Segundo analistas, essa “desaceleração positiva” pode aliviar parte da pressão inflacionária originada do setor de serviços, que se mostrou resiliente ao longo de 2024 e começo de 2025. O desempenho acumulado em 12 meses segue elevado, com avanço de 1,9%, mantendo-se como um dos principais obstáculos à redução sustentada da inflação.
Juros sob observação: cenário começa a mudar?
A leitura do IBGE chega em um momento crucial, logo após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ter sinalizado, ainda que de forma sutil, que a Selic pode ter atingido seu pico atualmente em 14,75%. A autoridade monetária deixou em aberto o rumo da próxima reunião, justamente para avaliar indicadores como este.
Caso a trajetória de desaceleração se confirme nos próximos meses, com dados também das vendas no varejo e da indústria, cresce a possibilidade de o Banco Central iniciar um ciclo de corte de juros até o final de 2025, ainda que de forma cautelosa.
Riscos ainda persistem
Apesar do otimismo moderado, especialistas alertam que o nível do setor de serviços segue em patamar elevado, comparável apenas aos períodos pré-pandemia. Isso significa que o potencial inflacionário permanece e o Banco Central pode ser obrigado a manter a política de juros altos por mais tempo, caso o cenário não evolua conforme o esperado.
A rentabilidade maior das famílias e o aquecimento da economia ainda sustentam uma demanda forte por serviços, dificultando o controle total sobre os preços. Para o mercado, os próximos dados serão fundamentais para confirmar se março foi um ponto de inflexão ou apenas uma pausa temporária no ritmo de crescimento.
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