Cemig e Isa Energia enfrentam desafios judiciais e operacionais: saiba como isso impacta ações e dividendos

Duas das principais empresas do setor elétrico brasileiro, Cemig (CMIG4) e Isa Energia (ISAE4), estão no centro das atenções do mercado financeiro devido a eventos recentes que podem influenciar significativamente seus resultados, dividendos e cotações.

Cemig enfrenta liminar milionária e perspectiva de dividendos menores

A Cemig foi surpreendida com uma decisão judicial que determina o depósito em juízo de R$ 912 milhões, valor correspondente a 50% do déficit técnico ajustado do Plano A de previdência complementar. A companhia contesta a obrigação e promete recorrer às instâncias superiores, mas o mercado reagiu de forma negativa: as ações recuaram cerca de 2% logo após a divulgação do fato relevante.

O valor já constava no passivo pós-emprego da Cemig desde 2022, mas a confirmação judicial reforçou o risco financeiro. Paralelamente, outros desafios operacionais podem pressionar os resultados da companhia em 2025, sobretudo no que se refere à comercialização de energia.

A Cemig vem sofrendo com o chamado “efeito de arbitragem”: enquanto gera energia mais barata no Nordeste, enfrenta dificuldades para transmitir essa energia ao Sudeste, onde os preços dispararam de R$ 50 para R$ 350 o MWh entre fevereiro e março, segundo dados do UBS. A insuficiência de infraestrutura de transmissão obriga a empresa a comprar energia mais cara no Sudeste para atender seus contratos, comprimindo margens e lucros.

Esse cenário contribui para uma previsão de queda expressiva nos dividendos da Cemig em 2025. Analistas projetam um dividend yield entre 5% e 6%, bem abaixo da faixa de 10% a 12% observada em outras elétricas. A redução também decorre da ausência de eventos não recorrentes, como a venda de ativos que impulsionou os dividendos extraordinários em 2024.

Apesar dos desafios, a Cemig mantém uma estrutura sólida. A alavancagem segue em patamar confortável, com índice de 1,41 vez, mesmo diante de um ciclo de investimentos robustos. A companhia vem ampliando a base de ativos, especialmente na distribuição, segmento que representa sua principal fonte de receita e lucro. Entre os investimentos previstos até 2028, destacam-se modernizações em subestações, ampliação de redes de distribuição e instalação de medidores inteligentes, com foco em eficiência e redução de perdas.

Ainda há expectativa quanto ao futuro da Gasmig, subsidiária da Cemig, que pode realizar IPO quando o mercado de capitais mostrar maior apetite.

Isa Energia busca acordo que pode eliminar custo de R$ 200 milhões por ano

Já a Isa Energia (ISAE4) está às vésperas de uma audiência crucial no Superior Tribunal de Justiça (STJ), marcada para 22 de maio. A mediação pode resultar em um acordo que encerraria um longo litígio envolvendo o pagamento de complementações de aposentadoria e pensão para ex-funcionários admitidos pela CESP antes de 1974.

Atualmente, a Isa Energia arca anualmente com cerca de R$ 200 milhões relacionados a esse passivo, o que compromete sua geração de caixa. Caso o acordo avance, a companhia poderá eliminar essa despesa recorrente e, potencialmente, ainda garantir uma indenização bilionária pelos valores pagos nos últimos anos.

De acordo com estimativas apresentadas, a indenização poderia representar até 16% da receita da empresa, caso seja paga integralmente. Mesmo com um desconto de 30%, a Isa ainda receberia um relevante montante de cerca de 11% da receita. Ainda não se sabe qual será o desfecho da negociação: há possibilidade de parcelamento ou concessões mútuas.

No mercado, a expectativa é que a resolução do caso traga alívio financeiro e possa impulsionar os dividendos da companhia no médio prazo. Atualmente, a Isa apresenta um P/VPA de 0,76, considerado atrativo, especialmente após a queda de 15% no preço das ações no último ano.

Estratégias de longo prazo e recomendações

Tanto Cemig quanto Isa Energia são exemplos de como o setor elétrico brasileiro enfrenta desafios estruturais, como o planejamento deficiente de transmissão e passivos judiciais históricos. Ainda assim, ambas mantêm fundamentos sólidos e estratégias de crescimento.

A Cemig aposta na expansão da distribuição e no fortalecimento de sua infraestrutura, apesar do impacto de curto prazo na rentabilidade. Já a Isa Energia, tradicionalmente defensiva, busca reduzir seu passivo judicial e melhorar sua eficiência financeira.

Para investidores, o momento exige cautela e foco no longo prazo. Enquanto a Cemig enfrenta uma fase de correção natural após anos de valorização, a Isa apresenta potencial de valorização caso o acordo judicial se concretize.

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