As ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam queda de quase 16% somente no mês de maio, pressionadas por um forte fluxo de vendas e aumento do aluguel de ações. O movimento levanta a dúvida entre investidores: trata-se de uma oportunidade ou de uma armadilha?
O papel fechou a última sexta-feira cotado a R$ 24,40, após cair quase 3% no dia. A mínima das últimas 52 semanas está em R$ 22,79, patamar que pode ser facilmente atingido, segundo análise gráfica, caso a pressão vendedora persista.
Valor de mercado despenca e Bradesco ultrapassa BB
Desde a divulgação do resultado do primeiro trimestre de 2025, o Banco do Brasil perdeu aproximadamente R$ 24 bilhões em valor de mercado, sendo ultrapassado pelo Bradesco. O BB agora ocupa a oitava posição entre as empresas mais valiosas da B3.
O resultado foi afetado por um cenário de crédito mais caro, inadimplência resiliente e elevação das provisões para perdas, fatores que pressionaram a rentabilidade da companhia.
Dividend Yield em alta com queda das ações
Apesar da desvalorização, o Banco do Brasil mantém um dividend yield (DY) atrativo, atualmente em torno de 11%, superior à média histórica de 8% nos últimos cinco anos. Apenas nos últimos 12 meses, a instituição distribuiu R$ 2,62 por ação.
Importante destacar que ainda há uma data com aberta: em 2 de junho será o prazo final para investidores adquirirem ações com direito ao pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 0,42 bruto por ação, com pagamento previsto para 12 de junho.
P/VP em queda e margem de segurança
Os indicadores fundamentalistas apontam para uma ação descontada. O P/VP (preço sobre valor patrimonial) está em 0,77, abaixo da média histórica de 0,95. A tendência é de que esse múltiplo possa recuar até a faixa de 0,6, patamar semelhante ao de 2022.
O valor patrimonial por ação (VPA) está estimado em R$ 31,72, sinalizando uma margem de segurança relevante frente à cotação atual.
No entanto, o ROE (retorno sobre patrimônio) caiu para 11%, o menor nível desde 2022, refletindo a deterioração da rentabilidade da instituição.
Alta do IOF pode agravar cenário para o crédito
Outro fator de risco para o Banco do Brasil e demais instituições financeiras é a recente elevação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O governo ampliou a alíquota de 0,38% para 0,95% nas operações de crédito para empresas, com o teto anual saltando de 1,88% para 3,95%.
Para o Simples Nacional, a alíquota passou de 0,38% para 0,95%, com o teto subindo de 0,88% para 1,95%. O aumento no custo do crédito deve reduzir a demanda por financiamento e elevar o risco de inadimplência, especialmente em setores como o agronegócio, onde o BB tem forte exposição.
Essa elevação tende a forçar os bancos a reforçarem as provisões para perdas, pressionando ainda mais os lucros e o retorno aos acionistas.
Análise gráfica aponta novas quedas
Do ponto de vista técnico, a perda do suporte na faixa de R$ 24,80 indica espaço para novas quedas. Os próximos alvos no curto prazo são R$ 23,90, depois R$ 23,00 e, em caso de maior pressão, o fundo de R$ 22,79 — a mínima registrada nos últimos 12 meses.
Para alguns investidores, a queda representa uma oportunidade de acumular ações a preços mais baixos, dado o desconto frente ao valor patrimonial e o dividend yield elevado. Para outros, porém, o cenário ainda inspira cautela, especialmente diante do aumento do risco de crédito e do impacto da elevação do IOF.
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