Leia Também:
Julgamento de Paulo Cupertino é anulado e segue sem data para ocorrer
Polícia encontra mais de 8 toneladas de maconha escondidas em matagal
Assassino de ator de Chiquititas é condenado a 98 anos de prisão
Durante o depoimento ele se desentendeu com a sua advogada e citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando fez uma comparação para dizer que, assim como os dois políticos, também fala o que sente e pensa. A fala do empresário foi gravada no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) na última quinta-feira (29) no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital.O ator Rafael Miguel e o casal Mirian e João Miguel foram mortos com 12 tiros. Cupertino fugiu após o crime e foi capturado e preso pela polícia em 2022. O réu começou dizendo às advogadas que não cometeu o crime. “Impossível, entendeu, eu ter cometido esse crime”, diz Cupertino no vídeo do júri. “Eu não matei o Rafael, eu não matei a família.””Eu nunca na minha vida, eu nunca na minha vida, eu tive conhecimento do Rafael. Eu tive conhecimento da senhora Mirian, eu tive conhecimento do senhor João, tá?”, reforça. Durante sua fala, Cupertino quis dizer que tem duas armas, que eram regularizadas, mas que não estava com elas no dia do crime.”As minhas armas de excelência, todas as duas, eu tinha porte e registro das armas. Um revólver calibre 38 e uma pistola 380. Agora, no dia dos fatos, eu não estava armado. Mostra para mim a filmagem que eu estava com a arma na mão. Mostra para mim eu atirando no Rafael. Mostra para mim eu atirando na senhora Mirian”, fala.Em dado momento, como num monólogo, ele disse não ter motivos para atirar nas vítimas e que somente após o crime soube que Rafael era um ator. Também alegou que não é verdadeira a acusação de que ele matou o rapaz e seus pais. “A minha vida inteira, eu não teria motivo para matar eles”;”O pouco da história que eu sei do Rafael hoje é o que eu vejo na prisão. Era o Rafael, que era de trabalho de novela”, disse. “Quem era o Rafael na minha vida? Era aquele garoto que fazia o comercial da farinha láctea”. Seria o maior privilégio da minha vida ter conhecido o Rafael. Então, foi vetado. Não por mim, porque eu nunca proibi. Eu nunca soube que a Isabela namorava”, esclareceu.Cupertino falou pouco sobre o crime pelo qual respondia. Quando falou no assunto disse que o crime foi cometido por um “vagabundo” não identificado:”Eu fui covarde porque eu poderia ter evitado, policial, eu poderia ter evitado a situação, porque, quando eu vi a cena, o vagabundo, o infeliz que estava lá, que cometeu isso”, disse o réu.Em outro momento, Cupertino quis comparar sua maneira de se expressar com a de Bolsonaro e Lula. “Por que o Bolsonaro foi lá e falou que tomou a vacina e não tomou? Por que o Lula falou que tem o [inaudível]?”, indaga Cupertino, querendo dizer que também é sincero quando se expressa: “Aqui é um homem empolgado, esmagado, calejado, sofrido. Entendeu? Numa cadeia maldita”.O crimeRafael Miguel, à época do 22 anos, e os pais foram mortos, no dia 9 de junho, na Estrada do Alvarenga, no bairro da Pedreira, Zona Sul de São Paulo. Cupertino executou a família com cerca de 13 tiros na frente da própria filha, Isabela Tibcherani, que, na ocasião, tinha 18 anos.Conforme o Ministério Público de São Paulo (MP/ SP), Cupertino matou o artista e a família por não aceitar o namoro do rapaz com a filha. Câmeras de segurança gravaram o crime na frente da casa da jovem e a fuga do atirador. Quando foi interrogado no primeiro júri, o homem negou o crime.Rafael Miguel era conhecido na mídia por ter interpretado o personagem Paçoca na novela “Chiquititas”, do SBT, e trabalhado em um famoso comercial de TV em que uma criança pede brócolis à mãe. Ele também atuou em novelas da Globo, como “Pé na Jaca”, “Cama de Gato” e o especial de fim de ano “O Natal do Menino Imperador”.