Família descobre que corpo de pai foi cremado por engano no Bosque da Esperança, em BH

Uma família de Belo Horizonte foi surpreendida ao descobrir que o corpo de um ente querido foi cremado por engano pelo Cemitério Bosque da Esperança, localizado no bairro Jaqueline, região Norte da capital mineira. Em nota, a empresa disse que demitiu os trabalhadores envolvidos.

Clique no botão para entrar na comunidade do BHAZ no Whatsapp

ENTRAR

O caso foi registrado em boletim de ocorrência na última sexta-feira (30). De acordo com a Polícia Militar, a situação foi descoberta durante a exumação do corpo de José Orton Sathler, que morreu em abril de 2021, aos 76 anos, em razão de complicações da covid-19. Durante o procedimento, a família notou uma platina no fêmur do corpo, o que levantou suspeitas, já que o falecido não tinha a placa.

Procurada, a administração do cemitério admitiu o erro e disse que o corpo de José foi trocado por engano pelo de uma mulher, que deveria ter sido cremada. No entanto, o homem acabou indo para o crematório e teve as cinzas espalhadas.

Ao BHAZ, a filha de José, Josiane Bedetti Sathler, 46, diz que a família tem um plano funerário com o Bosque da Esperança. Segundo o acordo, o corpo do pai da mulher deveria permanecer em um jazigo temporário nos primeiros três anos após o enterro, antes de ser encaminhado ao local de descanso definitivo.

Ela conta que a família tentou fazer a exumação em 2024, como estava previsto, mas foram informados de que o corpo não estava decomposto. Por isso, aguardaram até 2025 para finalizar os trâmites.

“Só que na hora de o coveiro manusear os ossos, o fêmur tinha uma platina e meu pai não tinha platina no corpo. Então, nós paramos na hora, chamamos a funcionária e falamos: ‘Olha, tem algo errado, esse corpo não é do nosso pai’. Estávamos eu e o meu irmão”, lembra.

“E aí ela olhou e viu que dentro dessa cápsula continha os dados de um corpo feminino. Então, o jazigo estava certo. Porém, o erro administrativo do cemitério Bosque da Esperança fez com que as gavetas ficassem trocados”, continua.

Ainda conforme Josiane, a família não tinha o desejo de cremar os restos mortais do pai: “Era uma questão pessoal nossa, questão até mesmo de religiosidade da minha mãe. Por ela ser muito católica, ela acha que os restos mortais são a continuação, é como se tivesse ali a presença daquela pessoa ainda”.

“Agora não tem mais o que fazer, não existe. Não existe nem a cinza dele mais, virou poeira no ar. E o que a gente espera agora mesmo é que a justiça seja feita”.

Corpos trocados

Em nota, o Cemitério Bosque da Esperança explicou que o sepultamento dos dois corpos estava marcado para o mesmo dia, em horários diferentes, em um jazigo comunitário em razão do período crítico da pandemia de coronavírus. No entanto, atrasos logísticos afetaram a programação, resultando na inversão da ordem dos enterros e na consequente troca dos restos mortais.

“Uma vez constatado o erro, os colaboradores cuja conduta contrariou os protocolos operacionais estabelecidos foram identificados e imediatamente desligados da empresa. A administração do cemitério entrou em contato com a família envolvida no mesmo dia da constatação, com o objetivo de esclarecer integralmente os fatos e buscar alternativas para amenizar a situação da forma mais respeitosa e adequada possível”, informa a empresa.

Agora os filhos e esposa de José devem buscar uma solução para o caso na Justiça. “A gente já tá com o advogado e a gente vai buscar o direito que a gente tem. Não é fácil, principalmente pelo lado da minha mãe. Foram 48 anos de casados e simplesmente agora não não tem mais uma história, ela não conseguiu viver o luto, porque na época que meu pai faleceu, ela estava também de covid. Ela estava num hospital, e meu pai em outro, então em momento nenhum o ciclo dela consegue se fechar com o luto do meu pai. Ela não consegue ter paz”.

Nota do Bosque da Esperança na íntegra

“A administração do Cemitério Bosque da Esperança vem a público esclarecer os fatos identificados durante o procedimento de exumação realizado no último dia 30, que revelaram a entrega equivocada de restos mortais à família de um dos sepultados.

O caso remonta a abril de 2021, durante o período mais crítico da pandemia de COVID-19, quando dois sepultamentos foram agendados para o mesmo jazigo comunitário, em horários distintos: 9h30 e 15h. Entretanto, em razão de atrasos logísticos provocados pelo contexto emergencial da pandemia, o corpo inicialmente previsto para o sepultamento às 9h30 precisou retornar à funerária, chegando novamente ao cemitério apenas às 17h45.

Diante disso, houve uma inversão na ordem dos sepultamentos: o corpo originalmente agendado para as 15h foi sepultado primeiro, e o corpo que deveria ter sido sepultado às 9h30, devido ao atraso, acabou sendo sepultado na posição superior do jazigo, assim que chegou. Durante todo o tempo, os corpos permaneceram devidamente identificados.

O Cemitério convidou a família para acompanhar o procedimento de exumação, como ocorre rotineiramente. Foi nesse momento que todos foram surpreendidos ao constatarem, por meio de uma cápsula de identificação — procedimento excepcional de segurança adotado pela empresa — que os restos mortais da exumação anterior haviam sido entregues incorretamente à outra família, no ano passado.

Uma vez constatado o erro, os colaboradores cuja conduta contrariou os protocolos operacionais estabelecidos foram identificados e imediatamente desligados da empresa. A administração do cemitério entrou em contato com a família envolvida no mesmo dia da constatação, com o objetivo de esclarecer integralmente os fatos e buscar alternativas para amenizar a situação da forma mais respeitosa e adequada possível.

Expressamos nossas mais sinceras desculpas à família afetada e nos colocamos à disposição para todos os esclarecimentos adicionais, com o devido respeito, transparência e responsabilidade — e, sobretudo, com a dignidade que as famílias que confiam em nossos serviços merecem.”

O post Família descobre que corpo de pai foi cremado por engano no Bosque da Esperança, em BH apareceu primeiro em BHAZ.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.