Temperatura do mar bate recorde e eventos climáticos extremos deixam 1,4 milhão de deslocados em região do Pacífico, aponta OMM


Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que as consequências da mudança climática já afetam a vida da população do Sudoeste da Ásia. Em 2024, 10% dos oceanos sofreram com ondas de calor e ciclones afetaram milhões na região. Ilha Lady Elliot fica na Grande Barreira de Corais, na costa da Austrália
Lady Elliot Island
As temperaturas das superfícies dos mares bateram recordes em 2024 e 10% da superfície marítima global foi afetada por ondas de calor, de acordo com relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado nesta sexta-feira (5).
Na região do Pacífico Sudoeste, ecossistemas e economias estão sendo prejudicados por conta da elevação do nível do mar, onde mais de metade das pessoas vivem próximo a costa. O relatório da OMM traz informações importante sobre como as mudanças climáticas já estão afetando de forma perigosa essa região da Ásia, especialmente as populações dos arquipélogos.
O “Relatório do Estado do Clima no Pacífico Sudoeste de 2024” mostra que as áreas com maior aquecimento oceânico nos últimos 50 anos são o Mar da Tasmânia, o Mar de Salomão e a maioria das áreas ao redor dos Pequenos Estados Insulares do Pacífico.
🌏Mais um recorde de calor
O ano de 2024 foi o mais quente já registrado na região do Sudoeste do Pacífico, com aproximadamente 0,48 °C acima da média de 1991 a 2020. Pesquisadores veem influência contínua do El Niño de 2023/2024.
Elevação do nível dos oceanos é ameaça global, alerta ONU
Aumento do nível do mar
O aumento do nível do mar, somado a erosões costeiras e inundações, danificaram gravemente a vila da Ilha de Serua, em Fiji. Casas ficaram submersas e plantações foram destruídas depois que o solo fértil foi arrastado. com casas submersas e a água do mar destruindo plantações de alimentos e arrastando o solo fértil.
Por duas vezes, o local sofreu inundações tão extremas que foi possível atravessar toda a ilha de barco sem encontrar terra firme.
A situação cria um impasse: enquanto o governo ofereceu apoio para a realocação dos moradores, muitos não sairam de suas casas por causa do conceito de “vanua”, que se traduz literalmente como “terra”, representando a profunda conexão entre as comunidades indígenas e suas terras ancestrais.
“O calor e a acidificação do oceano se combinaram para infligir danos duradouros aos ecossistemas e economias marinhos. A elevação do nível do mar é uma ameaça existencial para nações insulares inteiras. É cada vez mais evidente que estamos rapidamente ficando sem tempo para reverter a situação”, disse a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo.
🔴 Estima-se que, a cada ano, pelo menos 50.000 ilhéus (nome dados aos moradores das ilhas) do Pacífico enfrentam o risco de deslocamento devido aos efeitos colaterais das mudanças climáticas.
1,4 milhão de pessoas deslocadas e US$ 430 milhões perdidos
Além do aumento do nível dos mares da região, as mudanças climáticas afetam as pessoas com outros efeitos extremos do clima. Em 2024, houve recorde de ciclones tropicais nas Filipinas. Foram 12 tempestades entre setembro e novembro — mais que o dobro da média.
Durante essa temporada de ciclones, mais de 13 milhões de pessoas foram impactadas em 17 das 18 regiões do país, com mais de 1,4 milhão de pessoas deslocadas. Além disso, calcula-se que os danos à infraestrutura, às residências e à agricultura em US$ 430 milhões.
Desequilíbrio das chuvas
Chuvas extremas e inundações causaram impactos mortais e destrutivos em toda a região, afetando as populações da Austrália, Nova Zelândia, Fiji, Malásia, Indonésia e Filipinas.
Enquanto a costa sul da Austrália, o norte da Nova Zelândia e muitas ilhas do Pacífico sofreram com falta de chuvas, partes da Malásia, Indonésia, norte das Filipinas, norte da Austrália, leste de Papua Nova Guiné, Ilhas Salomão e sul da Nova Zelândia registraram chuvas acima da média em 2024.
Geleiras podem desaparecer
Mesmo em menor quantidade quando comparado com outras regiões do mundo, há geleiras no Pacífico Sudoeste e elas estão derretendo.
Na parte ocidental da Nova Guiné houve uma diminuição de 30% a 50% desde 2022, de acordo com estimativas de satélite. Se nada mudar, elas irão sumir até 2026.
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