Fungo da série The Last of Us existe? Entenda o que diz a ciência

Um fungo que infecta humanos e consegue controlar o corpo deles. Esse é enredo do seriado de ficção, The Last of Us, que tem sido muito comentado após circularem postagens nas redes sociais de um estudo feito pela Universidade de Manchester, que aponta a existência de um fungo que pode causar uma pandemia no mundo devido às mudanças climáticas.O estudo feito por especialistas em fungos analisa e alerta de como os fungos podem se adaptar diante das mudanças climáticas e de um mundo mais quente, e consequentemente aumentar o número de doenças em humanos e plantações. A pesquisa não cita o fungo da série e nem mesmo aponta uma possível pandemia.O fungo do seriado “The Last of Us” X PesquisaBaseado em um jogo de videogame, o enredo conta a história de humanos que são contaminados pelo fungo Cordyceps, que passa a controlá-los e dizima a humanidade. O fungo de fato existe, mas na série é retratado como ficção científica. Isso porque, na vida real, o Cordyceps infecta insetos, não seres humanos.

Formiga com o parasita Ophiocordyceps Unilateralis, conhecido como o fungo zumbi

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O estudo realizado por pesquisadores das universidades de Manchester, da Escola de Medicina Tropical de Liverpool e do Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido, viralizou por conta da série. O artigo foi divulgado no início de maio, e a proposta do estudo foi fazer um alerta sobre o impacto dos fungos na saúde, para que mais estudos sobre o assunto possam ser feitos.Por que fungos podem ser um problema?Os fungos podem ser encontrados por todas as partes: no solo, no ar, nas plantas, em ambientes fechados e até sobre a pele humana. Eles se multiplicam principalmente por meio de esporos, que são estruturas microscópicas liberadas no ar ou em superfícies, quando encontram um ambiente com umidade, matéria orgânica e temperatura favorável.

Fungos se proliferam rapidamente em alimentos

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Por isso, bolores aparecem rapidamente em frutas, pães e outros alimentos, por exemplo, quando deixados fora da geladeira ou armazenados por muito tempo.A maioria é inofensiva e não causa grandes problemas de saúde.As doenças mais comuns relacionadas aos fungos são:Dermatoses;Caspa;Candidíase.No entanto, para pessoas imunossuprimidas, como portadores de HIV, pessoas em quimioterapia, transplantadas e com problemas respiratórios graves, os fungos podem ser um problema e evoluir para doenças mais graves. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 6,5 milhões de infecções fúngicas são diagnosticadas por ano e elas causam 3,8 milhões de mortes.

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Além disso, a proliferação de fungos afeta também os alimentos. A estimativa é de que 20% de toda a produção de alimentos do mundo se perca ainda antes da colheita por causa de fungos, assim uma grande quantidade de alimentos é perdida.Os fungos já impactam a saúde e a economia, isso em um cenário de mudanças climáticas pode ser ainda mais grave. Em 2024, vivemos o ano mais quente da Terra. As temperaturas no planeta estão subindo, reflexo das mudanças climáticas, causadas pela maior emissão de gases do efeito estufa.Para além desse cenário de calor, as mudanças estão causando mais eventos extremos, como enchentes, tornados e secas, o que também pode influenciar a proliferação de fungos, como aponta estudo.

Fungo pode causar problemas de pele como dermatoses

|  Foto: Reprodução | Freekpik

A pesquisa tinha como objetivo analisar se fungos patógenos podem expandir sua área geográfica com as mudanças climáticas nos próximos 100 anos. Fungos preferem temperaturas amenas e com o aquecimento, eles podem aparecer mais em regiões onde hoje não são tão comuns, por serem mais frias.O que é realidade e ficção nos estudos sobre fungo:O estudo não aponta epidemia global;Países da África e no Brasil pode ter uma menor prevalência de alguns dos tipos de fungos Aspergillus;Os fungos poderiam ter mais incidência no Norte do globo, principalmente na Ásia e na Europa;Fungo é encontrado na Austrália em área que afeta mais de 5 milhões de pessoas (em cenário de clima extremo, a pesquisa aponta ainda que esse número possa chegar a 16 milhões – isso é mais da metade da população da Austrália hoje, que é de 26 milhões de pessoas.O que é ficção e o que é realidade na série:FicçãoO fungo Cordyceps não infecta humanos e nem controla seus corpos;O estudo não diz que o Cordyceps pode se adaptar com o aquecimento global e causar uma pandemia global.

Seriado The Last of Us se passa em um cenário pós apocalíptico

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RealidadeEstudo não menciona o fungo da série, muito menos prevê pandemia e infecção em humanos;Aponto que com as mudanças climáticas, fungos podem se espalhar para novas regiões e causar mais infecções em pessoas e plantas;De acordo com especialistas, alguns conteúdos online foram distorcidos, mas que a pesquisa tem boa metodologia e traz um alerta sobre o impacto das mudanças climáticas.

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