Prio pode dobrar produção e reduzir custos mesmo com petróleo instável

Em meio à recente tensão geopolítica entre Irã, Israel e Estados Unidos, o preço do petróleo voltou a oscilar fortemente. Muitos investidores reagem comprando ou vendendo ações de petrolíferas com base nessas variações. No entanto, especialistas alertam: decisões de investimento não devem se basear apenas no preço do barril. A petroleira brasileira Prio (PRIO3) é um exemplo claro de como o crescimento operacional e a eficiência produtiva são os principais motores de valorização no longo prazo.

Oscilação do petróleo vs. desempenho da Prio

Em junho de 2025, o barril de Brent oscilou entre US$ 66 e US$ 78, influenciado por especulações de guerra e possíveis bloqueios no Estreito de Ormuz. A Prio, por sua vez, variou entre R$ 41 e R$ 44 na Bolsa. No curto prazo, a ação parece acompanhar o barril. Mas ao analisarmos um histórico de 8 anos, a diferença é gritante.

Desde 2017, o petróleo subiu cerca de 40% a 50%, enquanto a Prio acumulou valorização superior a 4.000%, considerando desdobramentos. Mesmo sem pagamento expressivo de dividendos, a empresa multiplicou o valor de mercado graças ao forte aumento de produção e à queda do seu lifting cost (custo por barril produzido).

Crescimento operacional: de 5 mil para mais de 100 mil barris por dia

A trajetória de produção da Prio impressiona. Em 2017, a petroleira produzia cerca de 5.000 barris por dia. Em 2025, esse número supera 109 mil barris/dia. Esse salto de mais de 2.000% é um dos principais pilares da valorização de suas ações.

O plano para os próximos trimestres inclui:

  • Licenciamento do Campo de Wahoo: perfuração autorizada desde fevereiro de 2025. A estimativa é de que a produção se inicie no final deste ano ou início de 2026, adicionando de 30 a 40 mil barris por dia.

  • Aquisição total do Campo de Peregrino: a Prio já detinha 40% e agora busca os 60% restantes da Equinor. O objetivo é assumir a operação e melhorar a eficiência, adicionando cerca de 55 a 60 mil barris.

Com esses dois projetos, a companhia pode alcançar até 200 mil barris diários, praticamente dobrando sua capacidade atual.

Lifting cost sob controle, mas com atenção

Outro ponto crucial da análise é o lifting cost, que já chegou a superar US$ 40/barril em anos anteriores, mas caiu para a faixa de US$ 7 em 2023. Nos últimos trimestres, houve ligeiro aumento, influenciado por menor eficiência nos campos de Frade e Albacora Leste e pelo maior custo do Campo de Peregrino.

Apesar disso, o potencial de eficiência futura ainda é elevado. Para comparação:

  • Petrobras opera com lifting cost de US$ 3 a 4 no pré-sal;

  • Outras operadoras em águas rasas têm custo em torno de US$ 5;

  • A Prio, mesmo com aumento recente, ainda pode melhorar seu índice.

Potencial de valorização com base em fundamentos

Com uma produção projetada de 200 mil barris e perspectiva de queda no custo por barril, analistas consideram a Prio uma das melhores opções no setor, mesmo diante da volatilidade do petróleo.

A lógica é clara: se o petróleo disparar para US$ 100 com a Prio operando a plena capacidade, o preço da ação pode ultrapassar os R$ 100. Se cair para US$ 50, o papel pode lateralizar, mas o crescimento operacional oferece uma “margem de segurança” para quem pensa no longo prazo.

O foco excessivo no preço do petróleo pode levar investidores a ignorar fundamentos sólidos. A trajetória da Prio mostra que o verdadeiro valor está na combinação entre:

  • Crescimento sustentável de produção;

  • Redução contínua de custos operacionais;

  • Boa gestão de ativos e aquisições.

A Prio não é apenas uma proxy do Brent: é uma empresa em expansão acelerada, com capacidade de entregar crescimento mesmo em cenários adversos.

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