O Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), anunciou que mais de 101 mil famílias devem ser desligadas do Bolsa Família até o final de 2025. A decisão está atrelada a mudanças nas regras de permanência no programa, que agora estabelece novos critérios de renda e reduz o tempo de permanência das famílias que superam os limites estabelecidos.
Segundo o próprio governo, a medida tem como objetivo aumentar a focalização do programa e reduzir a fila de espera ou seja, abrir espaço para que famílias em situação mais vulnerável tenham acesso ao benefício.
Por que 101 mil famílias serão desligadas?
De acordo com dados obtidos pelo Globo via Lei de Acesso à Informação, o corte é consequência das atualizações feitas na chamada regra de proteção, que determina por quanto tempo uma família pode continuar recebendo parte do Bolsa Família mesmo após aumento de renda. Antes, esse prazo era de 24 meses. Agora, ele será reduzido para 12 meses, ou até dois meses, a depender do tipo de aumento de renda.
A estimativa é que as mudanças resultem em uma economia de R$ 59 milhões aos cofres públicos ainda em 2025.
Principais mudanças no Bolsa Família a partir de julho de 2025
As alterações afetam diretamente beneficiários que entrarem na regra de proteção a partir da folha de pagamento de julho de 2025. Confira:
1. Renda per capita limitada a R$ 706
Antes, o limite de renda era equivalente a meio salário mínimo por pessoa. A partir da nova regra, passa a ser um valor fixo de R$ 706, o que desfavorece famílias com até dois membros que consigam emprego formal. Mesmo com salários baixos, elas ultrapassam esse teto e perdem o benefício.
2. Redução no prazo da regra de proteção
Quem antes podia permanecer até 24 meses recebendo 50% do benefício após aumento de renda, agora só terá direito por até 12 meses.
3. Apenas 2 meses para quem tem renda estável
Famílias que passarem a ter renda fixa proveniente de aposentadoria, pensão ou BPC (Benefício de Prestação Continuada) permanecerão no programa por apenas dois meses, recebendo metade do valor.
Impacto mensal e economia esperada
Com a nova regra, o governo prevê 15.403 cancelamentos apenas na folha de junho, o que representa cerca de R$ 10 milhões de economia. De julho a dezembro, a projeção é de 7.700 desligamentos por mês, totalizando 41,3 milhões de reais poupados em 2025.
No caso de quem perde o benefício por entrar na faixa de renda estável, a redução estimada é de 8 mil beneficiários por mês, com impacto mensal de R$ 2,6 milhões.
Medida é polêmica e gera críticas
Embora o governo justifique a medida como forma de melhorar a focalização do programa, muitos especialistas e beneficiários enxergam a decisão como excludente. A crítica central está na falta de divulgação clara das novas regras e no fato de que famílias que conseguiram um pequeno avanço econômico já são penalizadas.
Outro ponto que levanta debate é o corte de R$ 7,7 bilhões no orçamento do Bolsa Família em 2025, conforme revelado pelo próprio governo, que reforça a necessidade de revisar gastos, mas levanta a discussão sobre prioridades já que os maiores cortes estão sendo direcionados a famílias de baixa renda.
Como saber se você será afetado?
Para verificar sua situação, é essencial consultar a renda per capita registrada no Cadastro Único. A regra continua a considerar R$ 218 como renda per capita máxima para receber o benefício completo. Entre R$ 218 e R$ 706, a família entra na regra de proteção. Acima disso, o benefício será cortado.
O que esperar para 2026?
A redução do prazo da regra de proteção de 24 para 12 meses começa a surtir efeito já neste ano, mas o impacto mais profundo só será percebido em 2026. Isso porque a maioria dos beneficiários afetados começou a ter aumento de renda recentemente e passará por essa transição nos próximos meses.
O post Governo prevê corte de 101 mil famílias do Bolsa Família em 2025 com nova regra de proteção apareceu primeiro em O Petróleo.