Samba junino arrasta multidão no São João de Salvador e ganha escola na capital


Manifestação cultural nascida em Salvador, 1ª Escola do Samba Junino funciona como um mecanismo para preservação e disseminação da tradição. Samba junino arrasta multidão no São João de Salvador e ganha escola na capital
Manifestação cultural nascida em Salvador, o samba junino foi responsável por arrastar multidões durante os festejos no Pelourinho, no Centro Histórico da capital baiana. Os eventos ligados ao movimento seguem até o fim das comemorações de São Pedro, celebrado neste domingo, dia 29 de junho. Além de se espalhar em diferentes regiões da cidade, o ritmo ganhou uma escola no bairro do Garcia, a primeira da cidade.
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O samba junino vai além do ritmo e é uma expressão cultural afro-brasileira autêntica da capital baiana, que surgiu na década de 1970. Em 2018, foi reconhecido como patrimônio imaterial de Salvador, estabelecendo a importância do movimento para a manutenção da cultura e identidade da população soteropolitana e baiana.
Conforme Vagner Shrek, gerente da Liga do Samba Junino, federação criada em 2011 para organizar e proteger o movimento, Salvador possui cerca de 60 grupos de samba junino. Entre eles, 22 estão afiliados à liga e desempenham um papel essencial para o estabelecimento no calendário cultural da cidade.
Samba junino arrasta multidão no São João de Salvador e ganha escola na capital
Divulgação
“A associação surgiu justamente com o intuito de salvaguardar o samba junino e, a partir daí, começamos todo um trabalho de resgate. Como o movimento passava por um momento muito difícil, muitos dos grupos já não estavam mais ensaiando. Nós conseguimos fazer a revitalização de alguns, buscando o poder público para que eles pudessem estar com a gente nessa luta”, pontuou.
A partir desse movimento, os grupos de samba junino da capital galgaram um melhor posicionamento nos festejos juninos. Este ano, mais de 26 atrações do movimento se apresentaram durante os seis dias de festa no Pelourinho.
“É muito importante para o samba junino. É muito gratificante para a gente ter nossa cultura reconhecida e estar nesse lugar, que pra nós da sociedade negra é muito importante. É maravilhoso, só agradecer. Maior que essa festa, só o nosso amor”.
Apesar das dificuldades para financiar os eventos e o número limitado de editais públicos, o movimento do samba junino se espalhou por Salvador. Originado nos bairros do Garcia, Federação, Engenho Velho da Federação e Tororó, atualmente o samba junino movimenta a cultura em áreas longe dos bairros centrais.
“Na liga, temos grupos que estão pulverizados por toda a cidade. Nós temos o grupo do Nordeste de Amaralina, Vale das Pedrinhas, do Uruguai, Estrada Velha do Aeroporto, Sussuarana, Engenho Velho de Brotas, Engenho Velho da Federação, Federação, Garcia e Tororó”, enfatizou Vagner.
Samba junino arrasta multidão no São João de Salvador e ganha escola na capital
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Primeira escola de samba junino é inaugurada em Salvador
O samba junino é um mecanismo para levar entretenimento e cultura a bairros periféricos. Em muitos casos, os grupos deste movimento foram a primeira escola que possibilitou a construção de grandes artistas da música baiana.
“Além de ser uma fonte de cultura e entretenimento, o samba junino movimenta a composição da música baiana, já que é nele que surge Tatau, Araketu, Terra Samba, Xexéu, Márcio Vitor do Psirico e tantos outros percussionistas que estão aí no Brasil e no mundo”.
Primeira escola de samba junino é inaugurada em Salvador
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O aspecto transformador do movimento levou o compositor e cantor Nonato Sanskey a fundar a primeira Escola de Samba Junino de Salvador. A instituição é um braço do Instituto Cultural e Carnavalesco MUCUM’G, localizado no bairro do Garcia e também criado pelo músico, e foi inaugurada no dia 17 de junho.
Além de proteger o acesso à cultura nas comunidades periféricas, a escola é um equipamento que pode ajudar também a preservar o movimento cultural na cidade. “Além de fomentar a cultura do samba junino, o maior objetivo foi incentivar e provocar uma discussão sobre a narrativa do samba junino”, destacou Nonato.
De origem negra e periférica, o movimento vai além de uma oportunidade de formação, pois conta a história da negritude na Bahia.
“É muito importante levar para nossas escolas as histórias das culturas de raízes de matriz africana. E o samba junino não é diferente das demais. [Para que] nossas crianças conheçam a real história e os verdadeiros detentores dessa cultura, exclusiva dos bairros populares de Salvador”.
Criado e formado instrumentista e musicista nos grupos de samba junino, Nonato já fez parte de projetos com Carlinhos Brown, Timbalada e É o Tchan. A partir dessa experiência, o cantor idealizou a escola para todos os públicos, a fim de ampliar esse acesso à cultura que, muitas vezes, está fora de alcance nas periferias.
Sem necessidade de processo seletivo, a 1ª Escola de Samba Junino de Salvador oferece cursos de capoeira, dança e percussão. Segundo o fundador da escola, a turma de percussão do projeto começa no dia 1º de julho e será realizada por meio de um edital da Fundação Gregório de Mattos.
Em agosto, uma nova turma de dança será aberta, com 40 vagas disponíveis para pessoas de todas as idades. “Essa cultura tem preservado a vida de muitos jovens e adolescentes na nossa cidade. O movimento é muito importante para todos nós, culturalmente falando. [Além disso], o samba junino é o laboratório musical da música de Salvador”, enfatizou o artista.
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