Fiagro RURA11 volta a pagar R$ 0,10 por cota e se estabiliza

O fundo de investimento do agronegócio RURA11 retomou em junho de 2025 o pagamento de R$ 0,10 por cota, após meses de oscilação nos rendimentos provocada por uma série de calotes no portfólio. A distribuição foi possível graças ao reforço na geração de caixa e ao acúmulo de reservas, mesmo com a manutenção das inadimplências em parte dos ativos. O fundo possui atualmente cerca de 86 mil cotistas e um patrimônio líquido de R$ 1,022 bilhão.

Histórico de crise e retomada dos proventos

Após atingir seu pior momento no final de 2024, com a cota sendo negociada a R$ 6,92 no mercado secundário, o RURA11 iniciou um movimento de recuperação. A retomada gradual permitiu à gestão voltar a distribuir os mesmos R$ 0,10 por cota pagos anteriormente, valor que havia sido reduzido para R$ 0,06 durante o auge da crise de crédito.

Apesar da normalização dos rendimentos, o cenário ainda inspira cautela. Segundo o relatório gerencial de junho, aproximadamente 7,4% do patrimônio líquido do fundo permanece atrelado a operações inadimplentes. Parte dessas perdas já foi provisionada: 2,6% do PL foi rebaixado em valor patrimonial para refletir possíveis prejuízos.

Portfólio diversificado mitiga impacto dos calotes

O impacto das inadimplências foi amenizado pela diversificação do portfólio, composto por 74 devedores distintos e exposição pulverizada em diversos setores do agronegócio. O RURA11 concentra seus investimentos majoritariamente em operações indexadas ao CDI acrescido de um spread médio de 3,8%.

A exposição por setor é bem distribuída, com predominância de garantias reais — especialmente imóveis rurais. No entanto, parte dessas garantias enfrenta entraves judiciais para execução. Um dos exemplos citados no relatório é o caso da Copagri, que obteve decisões judiciais que dificultam o acionamento das garantias.

FIDC agroindustrial ganha peso na carteira

Em junho, a gestão ampliou a posição em um FIDC ligado ao grupo Gop, reforçando a alocação em instrumentos de crédito estruturado. A operação já fazia parte do portfólio, mas recebeu um incremento de capital, em linha com a estratégia do fundo de diversificar as fontes de receita e mitigar riscos de concentração.

O fundo também mantém uma reserva de lucros não distribuídos próxima de R$ 0,08 por cota, que poderá ser utilizada para compensar eventuais oscilações de caixa em momentos de maior estresse no setor.

Commodities e cenário agrícola contribuem para estabilidade

O ambiente macroeconômico e a boa performance das principais safras do país, como soja e milho, contribuíram para a estabilidade do fundo. Segundo o relatório, a safra atual reduziu o risco de novas inadimplências e ajudou a estabilizar as cotações dos papéis de dívida agrícola.

Nos últimos 12 meses, o preço do milho — uma das principais commodities financiadas pelo fundo — registrou valorização relevante, o que melhorou a saúde financeira de parte dos tomadores.

Desempenho e expectativas

O fundo gerou R$ 0,099 por cota em receita no mês, valor ligeiramente inferior à distribuição de R$ 0,10, o que indica o uso parcial das reservas para manutenção do patamar de rendimento. Ainda assim, o desempenho é considerado positivo, dado o histórico recente.

Embora os casos de inadimplência ainda não tenham sido solucionados — e nenhuma recuperação de crédito tenha sido efetivada até o momento —, a gestão segue trabalhando com garantias reais e acompanhando os processos judiciais. A perspectiva de resolução, no entanto, continua incerta devido à morosidade do sistema judiciário.

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