Com uma proposta que atravessa séculos e gêneros, a Dior apresentou sua campanha de outono em um cenário digno da narrativa que a inspirou. Sob direção criativa de Maria Grazia Chiuri, a maison apostou em uma estética onírica e teatral. Reinterpretando “Orlando”, de Virginia Woolf, com a execução visual a Tim Walker, conhecido por construir imagens com forte carga poética e surrealista.
A campanha foi ambientada na histórica Hatfield House, no interior da Inglaterra, um local que acentuou o tom aristocrático e atemporal da coleção. Ali, modelos como Laura Savy, Huijia Chen, Peris Adolwi, Ebba Bostrom e Achol Kuir se moveram entre jardins geométricos e salões de atmosfera barrocas. Portanto, captadas por lentes que reforçam a transição entre épocas, mundos e identidades.
A narrativa visual ecoa a fluidez do personagem central do romance de Woolf, um poeta que vive por séculos e transita entre os gêneros masculino e feminino. Inspirada por essa premissa, Chiuri desenhou uma coleção que celebra a moda como instrumento de performance e transformação. Assim, peças estruturadas como espartilhos e crinolinas surgem reinventadas em materiais leves e modulares.

Ao revisitar o legado da maison, a estilista incorporou elementos de dois criadores icônicos da Dior. Camisas brancas, minimalistas e precisas, remetem a Gianfranco Ferré, enquanto os brocados opulentos e camisetas com slogans “J’Adore”, adornadas com rendas e sobreposições, ecoam a irreverência de John Galliano. Dessa forma, a mescla de referências evidencia o domínio técnico e conceitual de Chiuri, que deixou o cargo de diretora artística da linha feminina em maio, encerrando um ciclo de nove anos.
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A cenografia da campanha, concebida por Shona Heath, colaboradora frequente de Walker, reforça a atmosfera de sonho. Em um dos ambientes mais marcantes, uma sala azul-turquesa com piso quadriculado cria um palco quase ilusório para os looks.
Com direção de arte de Margot Populaire e styling assinado por Elin Svahn, a campanha ainda contou com beleza de Sam Bryant e Malcolm Edwards. Por fim, o resultado final propõe uma reflexão sofisticada sobre identidade, tempo e moda, mantendo a Dior como referência no luxo contemporâneo com profundidade cultural.
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