
Empresa emitiu nota dizendo que parou de atuar “por motivos de força maior”. Traficantes e milicianos brigam pelo controle da comunidade. Por isso, o tráfico decidiu atacar fornecedores que prestam serviços à milícia local. Fios foram queimados no Catiri, em Bangu
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Moradores da região do Catiri, em Bangu, relataram que traficantes atearam fogo em um poste de internet de uma das poucas empresas que ainda prestava serviço na região, através de pagamento à milícia local.
As duas facções criminosas brigam pelo controle da comunidade. Por isso, o tráfico decidiu atacar fornecedores que prestam serviços à milícia.
Além disso, moradores relataram tiroteios na região nesta quarta-feira. Uma moradora afirmou que os fios de internet já foram cortados e incendiados outras vezes, e que os tiroteios são frequentes entre as facções criminosas.
“Os fios estão todos cortados, tacam fogo nas bases que suportam internet, tiros é de manhã, de tarde, à noite, à madrugada, não tem hora para virem e ter tiros.”
A Supercom Network enviou uma nota anunciando o encerramento de suas atividades, por motivos de “forças maiores” e “por questões alheias ao nosso desejo”.
“Devido às circunstâncias, as atividades de internet na região de Bangu serão encerradas permanentemente a partir do dia 09/07/2025. Por motivos de força maior e por questões alheias à nossa vontade, estamos encerrando nossas operações na região. Agradecemos a compreensão de todos. Supercom Network”
Atividades de empresa de internet foram suspensas após postes serem incendiados
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Cobrança de taxas
A milícia também cobra taxas mensais de moradores e comerciantes, além dos prestadores de serviço como a Supercom. Cada residência paga cerca de R$ 80,00 por mês, incluindo taxas de gás e luz.
O valor cobrado dos comércios varia conforme o tipo de estabelecimento e pode ser exigido semanalmente.
“Agora comércio que esteja fechado, casa que esteja fechada, qualquer estabelecimento que esteja fechado tem que pagar. Nós não temos mais o direito de ir e de vir”, lamentou a moradora.
A Comunidade do Catiri fica em Bangu, na Zona Oeste
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Moradores ouvidos pela TV Globo disseram que não aguentam mais as consequências da guerra entre as facções criminosas.
“Por que que eles continuam cobrando ainda? Por que estamos sem internet? Não pode quem tem seus estabelecimentos, não pode comprar cigarro, não pode comprar cerveja, não pode comprar, tem que comprar com eles. Não pode comprar gás, tem que comprar com eles. Tudo tem que ser com eles. Tem que dar um basta nisso”, desabafou um morador.
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