Com Vale do Peruaçu, Minas chega a seis patrimônios da humanidade; veja quais

Com o reconhecimento do Vale do Peruaçu como Patrimônio Natural da Humanidade, Minas Gerais passa a contar com seis bens inscritos nas listas da Unesco — quatro culturais, um natural e um imaterial. A diversidade dos títulos reflete a riqueza histórica, artística, natural e gastronômica do estado, que agora se consolida como um dos principais guardiões do patrimônio brasileiro perante o mundo.

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Entre cidades coloniais, paisagens esculpidas pela natureza e tradições transmitidas de geração em geração, os bens mineiros reconhecidos pela Unesco revelam diferentes dimensões da identidade do estado. De Ouro Preto à Pampulha, do barroco ao modernismo, das cavernas ao queijo, cada reconhecimento reafirma a importância de preservar a memória, os saberes e os territórios que formam o legado cultural e ambiental de Minas Gerais.

Cidade Histórica de Ouro Preto

Patrimônio Cultural

Fundada no início do século XVIII, Ouro Preto preserva um dos conjuntos urbanos coloniais mais importantes do Brasil. Erguida em meio às montanhas e à corrida do ouro, a cidade abriga igrejas barrocas, chafarizes, pontes e casarões que seguem o traçado irregular do relevo. Obras de Aleijadinho e Manuel da Costa Athaide marcam a identidade artística local, desenvolvida apesar da escassez de materiais e mão de obra.

Primeiro bem cultural brasileiro reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco, em 1980, Ouro Preto mantém grande parte de sua autenticidade. Medidas de proteção ajudaram a preservar o traçado urbano e as fachadas históricas, apesar dos desafios impostos pelo crescimento urbano, turismo e pressão por novas moradias.

(Reprodução/Unesco)

Santuário do Bom Jesus de Matosinhos (Congonhas)

Patrimônio Cultural

Construído no século XVIII, o Santuário do Bom Jesus de Matozinhos, localizado na cidade de Congonhas, é um dos maiores expoentes do barroco brasileiro. O conjunto é formado por uma igreja em estilo rococó, capelas com cenas da Paixão de Cristo e uma escadaria monumental ladeada pelas icônicas esculturas dos profetas, esculpidas em pedra-sabão por Aleijadinho. A obra, considerada um marco da arte cristã na América Latina, reflete o talento singular do artista e o auge da expressão religiosa e artística da época.

Reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco, o santuário mantém sua integridade e autenticidade mesmo diante do crescimento urbano da cidade. Tombado desde 1939, o local é protegido por ações do IPHAN e projetos como o Programa Monumenta, que buscam preservar não só o conjunto arquitetônico, mas também o contexto paisagístico e cultural de Congonhas.

(Reprodução/Unesco)

Centro Histórico da Cidade de Diamantina

Patrimônio Cultural

Localizado nas encostas rochosas do nordeste mineiro, o Centro Histórico de Diamantina conserva um traçado urbano irregular e uma arquitetura barroca singular, marcada pelo uso da madeira, fachadas geométricas e cores vibrantes. Com ruas sinuosas, igrejas de torres únicas e casas geminadas dos séculos XVIII e XIX, o antigo Arraial do Tijuco expressa uma adaptação criativa de influências portuguesas ao ambiente e aos recursos locais, refletindo o espírito explorador e a formação de uma cultura original no interior do Brasil colonial.

Reconhecido como Patrimônio Mundial pela Unesco, o centro histórico mantém sua autenticidade e integração com a paisagem natural, especialmente com a Serra dos Cristais, também protegida por legislação estadual. Desde 1938, ações de preservação vêm sendo conduzidas pelo IPHAN em parceria com a prefeitura, com normas urbanísticas específicas, revisão de projetos construtivos e investimentos do Programa Monumenta.

(Reprodução/Unesco + Lavínia Fernandes/BHAZ)

Conjunto Moderno da Pampulha

Patrimônio Cultural

Projetado por Oscar Niemeyer nos anos 1940, o Conjunto Moderno da Pampulha, em Belo Horizonte, reúne quatro edifícios emblemáticos em torno de um lago artificial e integrado a jardins de Burle Marx. Com a colaboração de artistas como Portinari, o conjunto marcou o surgimento de uma linguagem moderna brasileira, fundindo arquitetura, artes plásticas e paisagismo em sintonia com o ambiente tropical. A Pampulha foi pioneira na adaptação de princípios modernos ao contexto local e influenciou a arquitetura em toda a América Latina.

Reconhecido como Patrimônio Mundial, o conjunto mantém a maior parte de sua integridade, mas enfrenta desafios como alterações no Iate Clube, poluição do lago e impactos visuais no entorno. Embora protegida por leis federais, estaduais e municipais, a área exige reforço nas regras de uso e ocupação para preservar seu valor cultural.

(Reprodução/Unesco)

Queijo Minas Artesanal

Patrimônio Cultural Imaterial

Reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, o “Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal” se tornou o primeiro bem imaterial de Minas Gerais a receber esse título e o sétimo do Brasil. A decisão foi anunciada em dezembro de 2024, durante sessão realizada no Paraguai, e consagrou uma tradição com mais de três séculos de história, marcada por práticas passadas de geração em geração por pequenos produtores.

O queijo é feito a partir de leite cru de vaca, coalho, sal e “pingo”, fermento láctico natural, e maturado em prateleiras de madeira — técnicas que combinam saberes portugueses e adaptações locais.

Além de reforçar a importância cultural e simbólica do queijo para a identidade mineira, o reconhecimento também destaca sua relevância econômica e social. A produção artesanal movimenta comunidades rurais, fortalece a agricultura familiar e se alinha a princípios de sustentabilidade e segurança alimentar.

Vale do Peruaçu

Patrimônio Natural

O Vale do Peruaçu, no Norte de Minas Gerais, foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, tornando-se o primeiro sítio mineiro a receber esse título. A consagração internacional foi anunciada em julho de 2025, durante a 47ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, em Paris.

Situado entre os municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões, o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu abriga formações geológicas impressionantes — como cânions, cavernas e a estalactite Perna da Bailarina — além de pinturas rupestres com mais de 12 mil anos e ecossistemas que vão do cerrado à mata atlântica.

Mais do que um patrimônio geológico e paisagístico, o Peruaçu é também território de comunidades tradicionais e indígenas, especialmente do povo xacriabá. O nome do vale vem da língua deles: “peru” significa buraco e “açu”, grande — referência direta às enormes cavernas da região. O reconhecimento da Unesco celebra a riqueza natural, histórica e cultural do local, além de abrir caminhos para o fortalecimento do turismo sustentável e da preservação ambiental e sociocultural no semiárido mineiro.

(Divulgação/Marcelo Barbosa)

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