Crescimento populacional pressiona mobilidade urbana em Petrolina

Petrolina, no interior de Pernambuco, registrou um aumento populacional de 31% em relação ao último censo, tornando-se a cidade mais habitada do interior do estado e a terceira em número de moradores, com mais de 388 mil habitantes, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em junho. Esse crescimento intenso trouxe consigo um impacto direto na mobilidade urbana, levantando discussões sobre planejamento viário e sustentabilidade no transporte.

O professor de engenharia civil e especialista em gestão de trânsito da Univasse, que também é doutorando em transporte e infraestrutura urbana, alerta para a falta de integração entre o planejamento urbano e as demandas de circulação. “Vemos grandes escolas sendo implantadas em vias locais já congestionadas, causando transtornos à operação viária e dificultando o fluxo”, afirmou.

O aumento do número de veículos acompanha a expansão demográfica. Nos últimos anos, a cidade registrou crescimento de 110% na frota de automóveis e de 58% em motocicletas. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), cidades de médio e pequeno porte no Brasil registraram alta de 140% na quantidade de automóveis por habitante nas últimas duas décadas, o que intensifica a preferência pelo transporte individual motorizado.

Foco no automóvel e seus impactos

Em Petrolina, investimentos recentes como viadutos, duplicação de avenidas e novas pavimentações têm priorizado a circulação de carros e motos. Embora essas obras aliviem parte dos congestionamentos, especialistas criticam a ausência de políticas para transporte ativo, como o uso de bicicletas e caminhadas. O sistema de ciclovias ainda apresenta falhas, com trechos desconectados, pavimentos degradados e dificuldades para ciclistas cruzarem vias movimentadas.

Moradores que dependem da bicicleta reclamam da insegurança e da falta de manutenção. “A ciclovia termina e você precisa ir para a pista cheia de buracos e carros em alta velocidade. É perigoso”, relatou um ciclista.

Um estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) reforça que a preferência pelos veículos motorizados contribui para as mudanças climáticas, além de poluir o ar e aumentar problemas respiratórios.

Transporte coletivo e bairros desassistidos

Apesar de avanços, como a criação de mais de 45 km de ciclovias e ciclofaixas que formam um anel viário para bicicletas, moradores de bairros como Vila Débora e Loteamento Recife ainda enfrentam dificuldades para acessar transporte público. Queixas sobre baixa frequência de ônibus, longas esperas e falta de iluminação pública à noite são frequentes. “Esperei mais de 40 minutos pelo ônibus para o centro. À noite é ainda pior por causa da escuridão e da falta de segurança”, reclamou uma moradora.

A prefeitura, por meio da Secretaria de Infraestrutura e da autarquia de mobilidade do município (Ampla), promete melhorias nos corredores viários, manutenção das ciclovias e ampliação do transporte coletivo para reduzir a dependência do transporte individual.

A Política Nacional de Mobilidade Urbana, em vigor desde 2012, prevê prioridade para transporte público, coletivo e não motorizado. Em Petrolina, entretanto, ainda há um longo caminho para equilibrar as necessidades de motoristas, pedestres, ciclistas e usuários de transporte público, em meio ao crescimento acelerado da cidade e à pressão sobre sua infraestrutura.

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