Em meio à crescente demanda mundial por energia — impulsionada pela transição energética, data centers e veículos elétricos — o Brasil entrou oficialmente na corrida para dominar a fusão nuclear. O projeto brasileiro visa desenvolver um “sol artificial”, capaz de gerar uma fonte de energia limpa, segura e praticamente inesgotável.
A iniciativa, atualmente em tramitação na Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) em parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem como objetivo criar um reator de fusão que aquece combustível a temperaturas extremas para formar plasma — o quarto estado da matéria — que libera enormes quantidades de energia quando controlado por campos magnéticos.
Energia sem limites e sem lixo radioativo
Diferente das usinas nucleares tradicionais, que usam a fissão do átomo e geram resíduos radioativos, a fusão nuclear combina núcleos atômicos, reproduzindo os mesmos processos do Sol, sem emissão de lixo tóxico. Com apenas 1 kg de combustível, um reator de fusão poderia gerar até 1 gigawatt de potência durante um ano inteiro.
O físico Gustavo Canal, um dos autores do projeto, retornou ao Brasil após anos no exterior para liderar a proposta. “Eu queria trabalhar pelo meu país, pelo meu povo. A fusão nuclear não é apenas uma promessa para o futuro, mas também traz benefícios imediatos”, afirmou.
Como funciona a fusão nuclear
No reator, o combustível é aquecido até atingir temperaturas suficientes para se tornar plasma — que sucede os estados sólido, líquido e gasoso. Este plasma é então mantido confinado por fortes campos magnéticos, permitindo que os núcleos atômicos se fundam e liberem energia.
“Se eu cedo energia ao gelo, ele vira água; para a água, vira vapor; e depois, com ainda mais energia, surge o plasma”, explica Canal.
Um desafio científico e financeiro
Especialistas acreditam que a fusão nuclear será viável na próxima década, mas reconhecem que os custos ainda são um grande obstáculo, mesmo para países como os Estados Unidos, que já estão em estágio avançado na pesquisa. “A fusão é uma quebra de paradigma civilizatória. Mas, justamente por oferecer tantos benefícios, exige enormes investimentos e experimentos para se tornar realidade”, destacou Canal.
Ainda assim, há otimismo: “Hoje já temos confiança suficiente, com base em décadas de pesquisa, para prever como os reatores funcionarão, mas precisamos realizar mais testes.”
O Brasil se une, assim, a um seleto grupo de nações que buscam dominar a tecnologia que pode redefinir a forma como o mundo produz e consome energia.
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