Esse é o verdadeiro motivo do tarifaço de Trump contra Brasil

A guerra comercial entre os Estados Unidos e o Brasil ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira, 30, após a assinatura da Ordem Executiva que oficializa a tarifa de 50% aos produtos importados brasileiros assinada pelo presidente Donald Trump.Apesar das ameaças, o chefe da Casa Branca, por sua vez, decidiu isentar ao menos 694 produtos importados do país. Entre eles estão, as castanhas do Pará, gases naturais, alumínios e entre outros.Mesmo com o recuo, o governo Trump ainda apresenta resistência em negociar com o Palácio do Planalto, assim como fez com o bloco da União Europeia, que reduziu a taxação de 30% para 15%.Em meio às travas para a negociação, a professora mestre do pós de Teoria Econômica, Daniela Cardoso Pinto, explicou que o governo Lula (PT) também pode dar uma resposta à altura ao país norte-americano, mas diz não acreditar na eficácia da medida.“Teoricamente, o Brasil pode impor tarifas no mesmo patamar aos produtos americanos. Contudo, nossa situação pioraria, considerando que já somos deficitários na balança comercial com os EUA. Desse modo, acredito que o melhor ataque é não fazer nada do ponto de vista da retaliação”, disse ao Portal A TARDE.

Leia Também:

Lula se manifesta após tarifaço e sanção contra Moraes: “Soberania”

Tarifaço: Brasil é país com maior taxação dos EUA; veja comparação

Nem laranja, nem ouro: 694 produtos brasileiros que Trump não quis taxar

Já o economista e vice-presidente do Conselho Regional Economia (Corecon-Ba), Edval Landulfo, defendeu a possibilidade do país criar novos laços comerciais com outros países para que não haja uma perda de commodities.“O Brasil precisa procurar a médio e longo prazo novos parceiros comerciais. O que mais preocupa são as commodities, que são perecíveis, por exemplo, você não consegue por muito tempo armazenar os pescados, sucos de laranja, frutas, principalmente, então você tem que procurar um mercado rapidamente”, afirmou.Os sucos de laranja, por sua vez, não entraram na lista de produtos taxados em 50% pelos EUA. O insumo deve sofrer uma taxa de 10% imposta em abril por Trump.

|  Foto: Mari Anna Batista | Divulgação

Em contrapartida, Daniela apresenta soluções que o Brasil pode adotar para reverter os impactos do tarifaço de Trump no país.“O governo deve subsidiar os setores mais afetados para que diminua o desemprego nesses segmentos (até que encontre novos parceiros comerciais) e lucrar politicamente em 2026 com a queda da inflação, considerando o aumento de oferta desses produtos no mercado interno”, explicou.Verdadeiro motivo para guerra comercial entre EUA X BrasilA crise diplomática provocada pelos Estados Unidos contra o Brasil, segundo o governo americano, tem como ‘pano de fundo’ o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a sua suposta participação no golpe de Estado.A tese, por sua vez, é contestada tanto por Daniela Cardoso, que também é professora mestre do pós de Relações Internacionais da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), como pelo economista Edval Landulfo.Ao Portal A TARDE, a docente explica o que está por trás das afrontas protagonizadas por Donald Trump.“A despeito da família Bolsonaro querer lograr êxito com essa situação, os verdadeiros motivos dessa ação de Trump contra o Brasil é a ascensão dos BRICS e a escalada do STF [Supremo Tribunal Federal] sob a égide do ministro Alexandre de Moraes sobre as big techs”, argumentou ela.A fala foi endossada por Edval Landulfo, que concordou que as medidas vêm sendo impulsionadas pelo avanço do BRICS e a crescente influência da China na América Latina.“Isso é um plano de fuga [relação com Bolsonaro] porque o objetivo maior é a relação que o Brasil tem no BRICS, uma posição estratégica para América Latina, com esse relacionamento, principalmente, do Brasil com a China, com a Rússia, as reuniões que aconteceram no ano passado no Brasil como o país que está na presidência [do BRICS]”, afirmou o vice-presidente do Corecon-BA.Para ele, o tarifaço representa uma retaliação disfarçada de medida legítima para defender a manutenção das big techs e minar o crescimento do país.“Essa questão geopolítica, ela é mais importante, é uma retaliação. Nesse sentido, mas usando o pano de fundo sobre as empresas norte-americanas, que estariam perdendo o seu direito de explorar o fake news, isso não será possível ou anistiar todos que invadiram os três Poderes, muito menos o ex-presidente e sua cúpula”, acrescentou.Big Techs na mira do STFO plenário do STF discute sobre a responsabilidade das big techs sobre conteúdos criminosos de terceiros.Atualmente, o artigo 19 do Marco Civil da Internet indica que a responsabilização do conteúdo publicado em plataformas da internet é do próprio usuário. Deste modo, a big tech só pode ser responsabilizada se descumprir ordem judicial de remover o conteúdo.Com a tramitação do julgamento, a proposta em questão prevê que uma reforma do Código Civil para revogar o artigo do Marco Civil da Internet, que tira a responsabilidade das publicações em redes sociais em cima dos próprios usuários.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.