Você sabia que é possível se formar em cooperativismo? Sim, existem dezenas de cursos de graduação e pós-graduação especializados na gestão desse modelo de negócios —feito sob medida para jovens que buscam uma carreira alinhada com valores como colaboração, cuidado com a comunidade e respeito às pessoas.
“Por essência, o cooperativismo é um modelo de negócios inclusivo e diverso, que estimula a autonomia, o empreendedorismo coletivo e o senso de pertencimento”, explica a gerente de Educação e Desenvolvimento do Sistema Ocemg — entidade de representação das cooperativas mineiras –, Andréa Sayar. “No coop, o jovem encontra um ambiente profissional onde ele é ouvido, tem espaço para inovar e ainda pode ajudar a construir uma transformação real na comunidade onde vive”.
Existe, ainda, um segundo motivo também muito convidativo: os salários pagos pelas cooperativas costumam ser mais altos do que a média do setor privado. Aqui, em Minas Gerais, um profissional do coop ganha, em média, R$ 3.724,46 por mês. Este valor é 35,6% superior à média salarial do setor privado do Estado, que gira em torno dos R$ 2.747, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
“Muita gente ainda não conhece o cooperativismo. Escolhi o curso por oferecer uma formação sólida em gestão, com o diferencial de estar voltado para o modelo cooperativista”, explica Everton Cardoso, 28 anos, aluno da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Ele já tinha interesse em estudar Administração, mas acabou optando pela graduação cooperativista pela possibilidade de “unir a paixão pela gestão de empresas a um modelo econômico mais sustentável, democrátio e voltado ao desenvolvimento coletivo”.
Inicialmente, o foco de Everton estava na gestão de pessoas e educação cooperativista, mas, ao longo do curso, ele conheceu a área de Marketing, na qual faz estágio. “Hoje, pretendo seguir carreira trabalhando com marketing em cooperativas”, afirma. “Mas não descarto a possibilidade de trabalhar no setor empresarial tradicional ou no agronegócio, já que o curso me habilita a atuar na gestão de qualquer negócio.”
O curso de Cooperativismo da UFV é o mais antigo de Minas Gerais. Em 2025, ele completará 50 anos e já formou centenas de pessoas. O currículo é multidisciplinar, reunindo disciplinas como sociologia, psicologia e gestão a matérias específicas sobre o modelo de negócios cooperativista. São quatro anos e meio de duração para obter o título de graduação, e com mais dois anos pode-se obter um segundo diploma: contador ou administrador.
OPORTUNIDADE PROFISSIONAL
Formado em Cooperativismo, o atual coordenador do curso da UFV, Pablo Murta Baião Albino, escolheu a área após ver um tio se formar em uma das primeiras turmas da graduação. Depois de formado, o parente ingressou na principal cooperativa moveleira de Ubá, na Zona da Mata, onde construiu uma bem-sucedida carreira. A satisfação do tio com o trabalho chamou a atenção de Pablo, que decidiu seguir seus passos e se formou em 2001 na federal de Viçosa.
“As cooperativas têm um ambiente de trabalho mais amigável”, garante Pablo. “Lá, as pessoas são mais colaborativas e tendem a serem mais tranquilas. A maioria das cooperativas são bem avaliadas por seus funcionários, justamente pela qualidade do ambiente de trabalho.”
Além do clima organizacional agradável — característica considerada relevante pelos mais jovens —, a demanda por profissionais formados ou estudando Cooperativismo tem sido grande, diz o coordenador do curso. “Nossos alunos não se formam para depois trabalhar. Eles já estão trabalhando, antes mesmo de se formar”.
Pablo acrescenta, no entanto, que o aluno de Cooperativismo — assim como os de outras graduações — precisa buscar outras competências ao longo da faculdade, como cursos complementares de Power BI e idiomas, por exemplo. “Não é só ir à aula”, alerta. “Mas 100% dos que saíram dos cursos e adquiriram competências estão empregados.”
Ainda de acordo com Pablo, aproximadamente metade dos alunos sai empregado antes da formatura e os que conseguem se preparar melhor saem com boas oportunidades e podem até escolher para onde ir. “Um recém-formado pode ganhar até R$ 8.000,00 dependendo da vaga que consegue”, relata o professor.
INOVAÇÃO
Maior sistema cooperativista de saúde do mundo, o Sistema Unimed conta com a Faculdade Unimed e investe na formação de profissionais com mais de 20 cursos voltados ao cooperativismo, distribuídos entre graduação tecnológica, pós-graduação e programas de curta e média duração.
Um dos destaques é o curso tecnológico em Gestão de Cooperativas, com duração de dois anos e oferecido no formato EAD síncrono — modelo em que alunos e professores interagem em tempo real.
Segundo a superintendente de Educação, Projetos e Comunicação da Faculdade Unimed, Natalia Krohling, muitos dos formandos já atuam dentro do sistema ou ingressam na própria Unimed após a formação. “São mais de 140 mil empregos diretos no sistema. Seria incoerente se o maior sistema de cooperativas de saúde do mundo não oferecesse formação específica em cooperativismo”, destaca.
Mas afinal, por que optar por uma graduação em Gestão de Cooperativas em vez de seguir a tradicional carreira em Administração?
Krohling explica que o modelo cooperativista tem particularidades únicas, que vão da gestão à forma de prestação de contas. “Os resultados de uma cooperativa são apresentados de maneira diferente, a comunicação interna tem outra lógica e, sobretudo, não há um dono — os gestores são eleitos entre os cooperados”, pontua.
Com 1,3 bilhão de cooperados ao redor do mundo, o cooperativismo cresce em ritmo acelerado, mas ainda carece de profissionais especializados. “Poucos dominam esse modelo de negócio, que é promissor e está em plena expansão”, ressalta Krohling.
A grade curricular da graduação da Faculdade Unimed abrange desde contabilidade e comunicação aplicadas ao cooperativismo até aspectos jurídicos, de governança, liderança e gestão de pessoas.
Para quem busca aprofundar ainda mais os conhecimentos, a instituição oferece pós-graduações em áreas como Direito Cooperativista, MBA em Gestão de Cooperativas e MBA para Agentes de Desenvolvimento Cooperativista.
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