Trabalho com um sentido maior? O cooperativismo tem!

Para quem está entrando no mercado de trabalho, encontrar um ambiente profissional que una propósito, oportunidades de crescimento e respeito faz toda a diferença. Aqui, em Minas Gerais, muitos jovens têm descoberto que esse lugar existe e tem nome: cooperativismo.

Mais do que um modelo de negócios, o coop tem se revelado um terreno fértil para quem busca aprender, crescer e fazer a diferença.  “Trabalho com propósito”, explica o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, que construiu carreira no setor. Ele entrou em uma das maiores cooperativas de consumo do Estado aos 15 anos, e saiu de lá presidente. Hoje, aos 88 anos, continua na ativa, dentro do cooperativismo. 

“Quem conhece o cooperativismo não larga por nada”, garante. “Não conheço um ambiente profissional melhor, mais humano e que invista mais na formação de pessoas do que o nosso.” 

Scucato defende que os jovens devem pensar nas cooperativas na hora de planejar a própria carreira. Especialmente porque essas organizações cultivam os mesmos valores que as novas gerações apreciam: empatia, escuta ativa, liderança colaborativa e responsabilidade socioambiental. Além disso, as cooperativas incentivam o voluntariado, o engajamento social e a formação cidadã, que contribuem para que tenhamos profissionais mais completos e seres humanos mais conscientes.

Bem-estar e crescimento

Outro diferencial importante das cooperativas são os constantes investimentos na valorização e capacitação de seus talentos. Todos os anos, mais de 20 mil pessoas passam por cursos, oficinas e projetos educativos por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), o braço de formação do cooperativismo mineiro. Além disso existe um Comitê Consultivo de Jovens Cooperativistas, chamado Geração C, que se dedica a formular diretrizes e propor ações que fortaleçam a inclusão dos jovens no movimento.

Ambientes colaborativos também fazem parte da fórmula de sucesso das cooperativas. Lá, existe espaço para a troca de experiência entre gerações e incentivo à autonomia e à inovação. “Sem falar que são ambientes de trabalho mais humanos, com programas com foco no bem-estar e na qualidade de vida dos colaboradores”, ressalta Scucato.

Um exemplo de dentro

Nathan da Silva Pereira, de 19 anos, entrou na Unimed como jovem aprendiz e, após se destacar, foi promovido a assistente de TI. “Encontrei muito companheirismo. Todo mundo me acolheu mesmo sendo alguém inexperiente. Isso me ajudou a crescer no setor”, conta o jovem, que hoje cursa análise e desenvolvimento de sistemas e vislumbra crescimento ainda maior na cooperativa. “Enxergo futuro promissor. Vejo possibilidade de crescimento. É algo que gosto, aí o empenho é maior”, acrescenta.

O que Nathan vive tem nome: relacionamento multigeracional. Nas cooperativas, jovens e veteranos atuam lado a lado, trocando experiências e aprendizados. Pedro Henrique Viriato, gerente de Gestão de Pessoas da Unimed Uberaba, explica: “De um lado, os mais jovens entregam energia, familiaridade com novas tecnologias e ideias disruptivas, enquanto os mais velhos trazem bagagem de conhecimento e maturidade de saber enfrentar situações complexas”. Segundo ele, “é dessa combinação que surgem soluções mais completas, relações de confiança e uma cultura organizacional que se fortalece continuamente”.

Esse olhar diverso faz sentido também para quem é atendido pelas cooperativas. “Nossos públicos são diversos — em idade, perfil e expectativas — e contar com um time que os represente, em linguagem, ritmo e visão de mundo, nos permite entender e cuidar melhor de cada um”, complementa o gestor.

Onde a juventude tem vez e voz

Um dos pontos que mais atrai os jovens ao cooperativismo é a possibilidade de atuar num ambiente onde suas ideias são ouvidas e colocadas em prática. Um estudo da Universidade de Stanford revelou que contextos colaborativos aumentam a produtividade em até 50%, além de favorecerem a motivação intrínseca dos colaboradores. É justamente isso que os jovens encontram nas cooperativas. O Sistema Ocemg, por exemplo, tem ampliado a presença da juventude em comitês, conselhos e cargos executivos, além de apoiar programas de mentoria e formação de novas lideranças.

E não para por aí: em um país onde mais de 14 milhões de jovens estão no mercado de trabalho, é urgente oferecer caminhos sustentáveis e com perspectiva. Em 2024, as cooperativas mineiras geraram 61.383 empregos diretos, com crescimento de 6,8% em relação ao ano anterior. E a média salarial no setor é 35% superior à média do mercado tradicional. “Sem falar que são ambientes de trabalho mais humanos, com programas com foco no bem-estar e na qualidade de vida dos colaboradores”, ressalta Scucato.

As cooperativas também têm apostado na diversidade como um diferencial competitivo. Hoje, 54,5% do total da mão de obra do setor em Minas são mulheres, o que reforça o compromisso com a equidade e a inclusão. A inovação não está só na tecnologia — ela começa nas pessoas.

Salários mais altos, mais emprego e empreendedorismo coletivo

Um outro fator muito relevante é a remuneração média de quem atua nas cooperativas, quase 35% superior do que a média do mercado. Enquanto as cooperativas pagam em média R$3.724, a remuneração média do setor privado é de R$2.747. 

Em Minas Gerais, o número de vagas com carteira assinada em cooperativas aumentou 25,9% nos últimos cinco anos, segundo o Anuário do Cooperativismo Mineiro 2024. 

Outro aspecto que torna o cooperativismo atrativo para os jovens é a possibilidade de empreender em coletivo. Ao invés de enfrentar sozinho os desafios de abrir um negócio, o jovem pode construir com outros uma cooperativa, compartilhando riscos, decisões e resultados. É como bem resume Scucato: “O cooperativismo apresenta ao jovem, desde cedo, a importância da democracia participativa, da ética nas relações, do compromisso com a comunidade e do equilíbrio entre resultados econômicos e impacto social, onde o crescimento individual caminha junto com o coletivo”, conclui.

Entrevista com Ronaldo Scucato, presidente da Ocemg

1. Como podemos enxergar os seguintes atrativos no sistema de cooperativismo: inovação, oportunidade de crescimento e valorização da diversidade?

O cooperativismo é um terreno fértil para inovação, especialmente social. Estamos cada vez mais conectados a novas tecnologias, gestão ágil e sustentabilidade. Criamos trilhas de desenvolvimento para todas as fases da carreira e hoje vemos crescer a presença de jovens em conselhos, comitês e cargos executivos. Também investimos fortemente na liderança feminina. É um setor onde todas as vozes têm espaço — e isso é essencial para construir o futuro com pluralidade.

2. Estudos mostram que ambientes colaborativos são mais produtivos. Como isso pode ser visto no sistema de cooperativas?

A cooperação está no nosso DNA. Em vez da lógica individualista, trabalhamos com base no “nós”, o que fortalece o espírito de equipe, a criatividade e a motivação. Isso se reflete em resultados concretos, como mais produtividade, menor rotatividade e ambientes mais saudáveis, fatores que fazem toda a diferença para o jovem que busca desenvolver seu potencial sem abrir mão dos seus valores.

3. Considerando os desafios do mercado de trabalho para o jovem (desemprego e informalidade), como o cooperativismo se posiciona como uma alternativa de carreira real?

O cooperativismo oferece ao jovem algo que ele valoriza cada vez mais: trabalho com propósito, valorização pessoal e impacto positivo no mundo. Em um Brasil onde 14,3% dos jovens estão desempregados e 44% atuam na informalidade, as cooperativas oferecem oportunidades reais de carreira. Só em Minas, foram mais de 61 mil empregos diretos em 2024, com crescimento de 6,8%. Além disso, o setor investe na formação de jovens líderes, com comitês e programas de capacitação que preparam essa geração para conduzir o futuro do movimento.

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