Extradição de Carla Zambelli é uma questão de soberania

Carla Zambelli está presa na Itália. A deputada federal do PL, que fugiu para o país europeu em junho deste ano, foi encontrada após uma ação que envolveu a Polícia Federal e forças policiais italianas. Sua extradição para o Brasil, agora em discussão, mais do que nunca precisa acontecer, reforçando a posição do país enquanto nação soberana.Brasil e Itália possuem uma amigável relação diplomática, processo construído nas últimas décadas. Hoje, pedir a extradição da brasileira é uma prova de que, apesar dos ataques recentes, a exemplo dos Estados Unidos e Donald Trump, o Itamaraty e o Planalto permanecem firmes no tabuleiro político global. Além disso, o gesto fortalece o relacionamento entre os dois países.Outro exemplo claro da parceria entre Brasil e Itália se dá no campo econômico: somente em 2022, o chamado ‘estoque de capital’ dos Italianos em solo brasileiro cresceu em 19,2%, o que significa US$ 22,1 bilhões. Os dados, embora estejam no campo da economia, mostram que tal relação não pode ser abalada com tal episódio.É importante frisar que a própria Itália se posicionou de maneira soberana quando a situação foi oposta, no emblemático caso Cesare Battisti. O militante de extrema-esquerda chegou a ganhar status de refugiado político no Brasil após ser preso, sendo solto em seguida. Também no poder na época, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) travou uma guerra fria, ainda que tímida, com o Supremo Tribunal Federal (STF), que havia permitido a extradição do político, embora a Corte também tenha entendido que o chefe do Executivo tem garantido na Constituição o direito de decidir pela manutenção ou ‘expulsão’.No caso específico, a Itália chegou a ter negado o pedido de extradição, isso em 2011. Cesare só veio ser extraditado em 2018, após autorização do então presidente Michel Temer.Se a Itália entendeu que Cesare deveria ser extraditado, deve garantir ao Brasil também o direito de trazer de volta ao país uma figura política já julgada e condenada, que precisa cumprir sua pena em uma unidade prisional brasileira.Zambelli ainda aguarda seu destino, que não será, por conta dos seus próprios atos, dos melhores. Enquanto isso, o Brasil precisa permanecer, sem recuar, com a mesma posição inicial: trazer a parlamentar para que possa cumprir sua pena.