Ministro de extrema direita de Israel gera crise após rezar em templo muçulmano


Mesquita de Al-Aqsa é considerada sagrada por judeus e muçulmanos e virou central na disputa entre palestinos e israelenses.
Gazi Samad/Anadolu/picture alliance via DW
O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, gerou uma crise após visitar no domingo (3) a Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental, e dizer que fez uma oração no local, desafiando as regras que regem um dos locais mais sensíveis do Oriente Médio.
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O complexo da mesquita muçulmana Al-Aqsa é um dos locais religiosos mais sensível de Jerusalém Oriental e está no centro do conflito entre israelenses e palestinos. Na ocasião, o político nacionalista de extrema direita ainda sugeriu que Gaza seja integralmente ocupada por Israel.
Tomado como uma provocação pelo mundo muçulmano, o movimento violou um acordo histórico que proíbe orações judaicas no local e desencadeou condenações de diversos países da região.
Com o governo de Benjamin Netanyahu enfrentando críticas globais devido às condições de fome no território palestino, a visita de Ben Gvir ao local, chamado de Monte do Templo pelos judeus, ameaçou prejudicar os esforços para obter um cessar-fogo.
Acordo proíbe oração judaica
O complexo ao redor da mesquita de Al-Aqsa é o terceiro local mais sagrado do Islã e também o mais sagrado do judaísmo. Ele foi construído em Jerusalém Oriental sobre as ruínas de dois templos judaicos. Israel ocupou a área em 1967, em uma ação não reconhecida por parte da comunidade internacional.
Desde então, Israel celebrou um acordo com a Jordânia, que é guardiã do local, em que permite a visita de não-muçulmanos ao complexo, mas proíbe judeus de realizarem orações ou rituais religiosos. O entendimento foi formalizado em um acordo de paz entre os dois países em 1994.
Nos últimos anos, porém, o pacto conhecido como “status quo” foi violado por visitantes judeus nacionalistas, incluindo membros do parlamento israelense.
A Esplanada das Mesquitas também foi palco de repetidos choques entre policiais israelenses e palestinos.
A visita de Ben Gvir no domingo, no entanto, marcou a primeira vez que uma oração foi recitada publicamente por um ministro do governo de Israel, segundo a mídia israelense. O próprio ministro afirmou que orou no local.
A data escolhida por Ben Gvir para sua ação foi simbólica. No calendário hebraico, o domingo marcou a Tisha B’Av, um dia de jejum em memória da destruição dos dois templos judaicos que antes existiam no local.
Países condenam ‘provocação’
A ação de Ben Gvir, descrita pelo jornal israelense de esquerda Haaretz como uma “provocação”, recebeu condenação da Autoridade Palestina, que chamou o ato de uma “escalada perigosa”. Jordânia, Turquia e Arábia Saudita também criticaram o movimento.
“Condenamos veementemente a invasão realizada na Mesquita de Al-Aqsa por certos ministros israelenses, sob a proteção da polícia israelense e acompanhados por grupos de colonos israelenses”, disse o ministério das Relações Exteriores da Turquia em comunicado.
“A segurança da Mesquita de Al-Aqsa e a preservação da identidade sagrada de Jerusalém não são apenas prioridades regionais, mas também uma responsabilidade primordial em nome da consciência coletiva da humanidade”, afirmou.
Em 2023, Ben Gvir também disparou uma crise ao visitar a Esplanada das Mesquitas, sem ter feito orações públicas na ocasião.
Ben Gvir pede conquista de Gaza
“Assim como demonstramos que é possível exercer nossa soberania no Monte do Templo, também é possível ‘conquistar toda a Faixa de Gaza’ e ‘promover a emigração voluntária'”, disse Ben Gvir em um vídeo gravado no local.
Ben Gvir afirmou ainda que Israel deveria responder aos “vídeos horríveis” de dois reféns israelenses divulgados por grupos militantes palestinos nesta semana, onde um deles é visto desnutrido e cavando a própria cova.
Após a visita, Benjamin Netanyahu afirmou que “a política de Israel de manter o status quo no Monte do Templo não mudou e permanecerá inalterada”.
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