Netflix, HBO Max, Amazon e Globoplay trazem novidades para Salvador

Com mais de uma década de atuação, o NordesteLAB, maior evento do mercado audiovisual do país fora das regiões Sul e Sudeste, volta a reunir profissionais do setor nesta terça-feira, a partir das 18h30, no Goethe-Institut. A nova edição contará com a presença de grandes plataformas de streaming e com discussões sobre o impacto da reforma tributária no setor. O encontro se consolida como um dos principais espaços de articulação política e de negócios para a produção audiovisual.Uma das principais estratégias deste ano é ampliar as narrativas nas plataformas de streaming no Brasil. Com isso, o evento conta com a presença das principais plataformas do país, como Netflix, Amazon Prime Video, Globoplay, HBO Max e Paramount.A expectativa dos organizadores é também receber mais de 30 representantes de distribuidoras, produtoras e canais, como Downtown Filmes, Vitrine Filmes, Paris Entretenimento e Gullane+ , para participar das Rodadas de Negócios, uma das principais vitrines do evento.Durante as rodadas, os projetos selecionados são apresentados diretamente aos players, que avaliam propostas em busca de narrativas originais e alinhadas aos seus catálogos.“Precisamos dialogar com as plataformas, criar confiabilidade nas entregas que as produtoras de nossas regiões podem oferecer a elas. Ainda temos uma TV aberta muito forte no país, mas há uma contínua migração da audiência para essas outras formas de consumir produtos audiovisuais, e precisamos estreitar cada vez mais as nossas relações com os detentores da maior fatia deste mercado”, disse Gabriel Pires, coordenador-geral do NordesteLAB.Presente no evento desde sua primeira edição completa, em 2015, Gabriel observa que o perfil das seleções feitas pelos players vem se transformando ao longo dos anos. “No início, os canais e distribuidoras selecionavam um volume muito maior de projetos. Com o tempo, passaram a ser mais criteriosos e hoje buscam propostas com foco bem definido, avaliando também a capacidade real de entrega das produtoras”, explica.Débora Ivanov, sócia e diretora da Gullane, que participará de mesa e rodada de negócios, destacou a importância do NordesteLAB. “Sempre tenho muita expectativa quando vou ao NordesteLAB. O evento reúne players importantes do mercado. É uma oportunidade de conhecer projetos belíssimos, que estão chegando ao mercado, e de conhecê-los em primeira mão, o que é ótimo”, disse.Para Ivanov, um dos temas centrais desta edição é a ampliação da presença brasileira no mercado internacional. Ela cita o sucesso de filmes como Ainda Estou Aqui, que ganharam destaque em festivais fora do país, como um sinal de que há um movimento positivo em curso. “Nossas obras têm sido reconhecidas e valorizadas. Esse é o momento de aproveitar a visibilidade e criar condições para que mais produções circulem no exterior”.A expectativa é que as rodadas e os encontros promovidos durante o evento contribuam para parcerias de coprodução e para a consolidação de novos mercados, especialmente fora do Brasil, que, segundo Débora, desperta o interesse crescente de empresas e governos. “Existe um esforço articulado, tanto no Ministério da Cultura quanto nas políticas estaduais e municipais, para fortalecer a presença do Brasil lá fora. O NordesteLAB é um espaço estratégico para isso”, observa.

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Programação diversaA programação do NordesteLAB inclui masterclasses, clínicas jurídicas e de negócios internacionais, atividades formativas para estudantes universitários e mesas temáticas com acesso gratuito ao público. Todas as mesas estão disponíveis no site do evento.Uma das mais aguardadas acontecerá na sexta-feira, 8, às 10h, com a participação da roteirista argentina Carolina Aguirre, criadora da série Invejosa, e da produtora brasileira Mayra Lucas, de De Volta aos 15. Juntas, elas discutem o protagonismo feminino no mercado em ascensão das séries latinas, na mesa “Do Rascunho ao Streaming: Mulheres à Frente do Sucesso das Séries Latinas”, com mediação de Aline Fontes.Logo em seguida, às 11h15, a programação traz uma discussão sobre o uso de imagens de arquivo no documentário brasileiro, com a participação de Emílio Domingos (Os Afro-Sambas: O Brasil de Baden e Vinicius) e Lucas H. Rossi (Othelo, o Grande), sob mediação de Izabel Melo.Ao longo dos quatro dias, o NordesteLAB também oferece atividades voltadas à formação e à construção de políticas públicas. Gabriel Pires reforça o convite para que o público acompanhe não apenas as mesas mais técnicas, voltadas para profissionais do setor, mas também aquelas que tratam da construção de narrativas, do imaginário audiovisual e do papel da cultura no cotidiano.“Temos programação para quem está começando e para quem já está inserido no mercado. As manhãs costumam trazer mesas mais abertas, que discutem temas como documentário, telenovela, representação feminina e inovação narrativa. É um espaço para formação, articulação e também encantamento com o audiovisual”, afirma.Ainda no último dia do evento, a partir das 8h, acontece a palestra ‘Futurologia: lendo tendências e interpretando dados para o audiovisual’, com a roteirista Tamiris Hilário, consultora técnica da ONU Mulheres Brasil, e Fernando Ribeiro (Tomun).Para Tamiris, os dados contam histórias tão importantes quanto os roteiros produzidos para o cinema e a televisão. Na mesa, serão discutidos os achados de um estudo realizado em parceria com o Instituto +Mulheres e a Diversitera, que mapeou quem tem produzido filmes e séries no país nos últimos cinco anos.“Os dados são eloquentes e colaboram para que tenhamos argumentos para promover mudanças e orientar estratégias consistentes”, defende Tamiris. O mapeamento da diversidade, ou da falta dela, é, para ela, um dos caminhos mais concretos para transformar as estruturas que, historicamente, concentram oportunidades em regiões específicas e mantêm invisibilizadas narrativas de outras partes do Brasil.Não por acaso, o mote da edição 2025 do NordesteLAB é “Legado”. E, para Tamiris, não se trata apenas de olhar para o que foi feito até aqui, mas de pensar nas condições que estamos construindo para as histórias que ainda virão.Ela lembra que, embora marcadores como gênero, raça e classe sejam frequentemente citados em discussões sobre diversidade, a origem geográfica também precisa ser levada em conta.“No contexto do audiovisual, esse recorte é bastante relevante, pois os dados informam que o Sudeste concentra a maior parte das oportunidades e investimentos para contar histórias, o que acaba tornando-as homogêneas e pouco representativas”, aponta a consultora técnica da ONU Mulheres Brasil.Reforma tributáriaEntre os destaques da programação está a mesa “Reforma Tributária e o Impacto no Setor Audiovisual”, marcada para a quinta-feira, 7, às 14h30, com participação de João Nobre (Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária – Ministério da Fazenda), André Horta Melo (Conselho Nacional de Secretários de Fazenda – CONSEFAZ), Danielle Barros (Secretária de Cultura do RJ e presidente do Fórum dos Secretários de Cultura) e Gustavo Amaral (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais – APRO), com mediação de Gabriel Pires.Segundo Gabriel, a discussão é urgente diante do risco de extinção das leis de incentivo via renúncia fiscal, que historicamente financiam produções audiovisuais em todo o país.“Não se trata apenas de defender mecanismos em vigor, mas de garantir que, caso sejam substituídos, haja previsibilidade, orçamento definido e mecanismos consistentes para dar continuidade às políticas públicas de fomento, especialmente fora do eixo Rio-São Paulo”, destaca Gabriel.De acordo com o coordenador, um dos objetivos da mesa é reunir representantes da cultura e da fazenda, algo raro nos debates públicos sobre o tema. “Pesquisamos e não encontramos até agora nenhuma discussão pública que tenha reunido as secretarias estaduais de fazenda, o Ministério da Fazenda e os gestores da cultura para debater o impacto dessas mudanças no setor audiovisual”, finaliza.NordesteLAB 2025 / A partir de hoje até sexta-feira (08) / Goethe-Institut / Programação completa e mais informações: nordestelab.com.br*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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