Corte de juros nos EUA pode trazer estrangeiros de volta à Bolsa brasileira

O mercado acionário brasileiro vive um momento paradoxal: enquanto as empresas listadas na B3 apresentam resultados sólidos e até superiores aos trimestres anteriores, o fluxo de capital estrangeiro diminuiu consideravelmente em julho, freando o avanço do Ibovespa. Essa saída abrupta ocorre em um contexto de incertezas tanto locais quanto globais, e levanta a questão: quando os estrangeiros voltarão a investir?

Segundo analistas, o principal gatilho para a reversão desse movimento será o corte da taxa de juros nos Estados Unidos, que pode ocorrer já em setembro. A expectativa se baseia na última divulgação do payroll, que apontou uma geração de empregos bem abaixo do esperado, indicando possível afrouxamento monetário pelo Federal Reserve.

Pressão macro ofusca fundamentos micro

Durante o primeiro semestre, o cenário macroeconômico favoreceu o Brasil. A queda da inflação, o ciclo de cortes na Selic e o otimismo com os lucros das companhias atraíram aportes relevantes, especialmente de investidores estrangeiros. No entanto, a conjuntura mudou:

  • Crescem os temores sobre a política comercial de Donald Trump;

  • Aumenta a incerteza sobre a política fiscal brasileira;

  • O Federal Reserve mantém tom conservador até sinais mais claros de desaceleração econômica.

Tudo isso tem pesado sobre o Ibovespa, que mesmo barato — sendo atualmente a bolsa mais descontada do mundo, negociando a 8x o lucro (P/L) — perdeu força sem compradores relevantes no radar.

Setembro pode marcar virada de fluxo

Especialistas acreditam que, com a possível queda nos juros dos EUA, haverá uma realocação global de portfólio. Isso beneficiaria não apenas o mercado acionário americano, mas também os emergentes, como o Brasil:

“Com a renda fixa americana perdendo atratividade, investidores vão buscar retorno em ações e na renda fixa de países como o Brasil”, afirmou um analista do mercado.

A volta do investidor estrangeiro, aliada à continuidade dos bons resultados corporativos, poderia reacender a trajetória de alta da bolsa vista no primeiro semestre de 2025.

Oscilação de curto prazo, tendência de alta no longo

Apesar do tombo recente, analistas afirmam que os meses de julho e agosto devem ser lembrados como apenas um “solavanco” dentro de uma tendência de valorização mais ampla. A leitura é de que os fundamentos continuam robustos, com empresas lucrativas e ações descontadas.

O momento atual, portanto, parece mais uma pausa técnica provocada por incertezas externas do que uma reversão de tendência. Se o corte de juros americano se concretizar e o ambiente político e fiscal brasileiro mostrar sinais de estabilização, o fluxo estrangeiro pode não apenas voltar, mas se intensificar.

Gráfico: Ibovespa x Fluxo Estrangeiro (2025)

Mês Ibovespa (pts) Fluxo Estrangeiro (R$ bilhões)
Janeiro 134.200 +10,2
Fevereiro 138.750 +8,5
Março 136.100 +6,3
Abril 141.400 +4,1
Maio 144.900 +1,2
Junho 140.600 -2,0
Julho 136.000 -8,7

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