Estagflação ameaça economia dos EUA e desafia otimismo do mercado

O risco de estagflação voltou ao centro dos debates econômicos nos Estados Unidos. Analistas alertam para a combinação perigosa de inflação elevada, desaceleração do crescimento e um mercado de trabalho em deterioração — o cenário clássico da estagflação. Apesar da aparente resiliência do mercado acionário, dados recentes sugerem que o otimismo pode estar descolado da realidade macroeconômica.

Dados recentes indicam enfraquecimento

Nos últimos dias, dois indicadores importantes geraram preocupações:

  • O índice de gerentes de compras (PMI) de serviços caiu para 50,2 em julho, sinalizando uma estagnação no setor que representa cerca de 77% do PIB americano.

  • O relatório de criação de empregos mostrou uma média de apenas 35 mil novos postos ao mês no segundo trimestre de 2025 — o pior ritmo desde 2020.

Além disso, a inflação ao consumidor (CPI) permanece acima da meta do Federal Reserve, especialmente no setor de serviços, considerado “pegajoso” pelos economistas.

Mercado de trabalho: de motor de crescimento a sinal de alerta

A força do mercado de trabalho sustentou a economia dos EUA por boa parte do pós-pandemia. No entanto, os últimos relatórios apontam para uma virada:

Indicador Abril 2025 Maio 2025 Junho 2025
Criação líquida de empregos 145 mil 75 mil 12 mil
Taxa de desemprego 3,7% 3,9% 4,1%
Participação na força de trabalho 62,6% 62,3% 62,1%

Reação do mercado: euforia desconectada?

Mesmo diante dos dados negativos, os índices acionários continuam em alta. O S&P 500 acumula valorização de mais de 25% desde abril, impulsionado pelo setor de tecnologia — especialmente semicondutores — e pelos resultados acima do esperado na temporada de balanços.

Contudo, essa alta não reflete um movimento consistente entre os executivos das empresas. Segundo levantamento do economista David Rosenberg, apenas 151 companhias do S&P 500 realizaram recompra de ações em julho, menor número desde 2018 — período marcado por guerra comercial e queda de 20% nas bolsas no 4º trimestre.

Investidores divididos entre inflação e desaceleração

Para o mercado de títulos, o temor maior atualmente é a desaceleração. A curva de juros americana tem refletido esse receio, com queda nos rendimentos dos treasuries de 10 anos nas últimas semanas. Porém, o componente inflacionário ainda pressiona os preços e gera incertezas quanto à política monetária futura do Federal Reserve.

Essa ambiguidade, segundo analistas, compõe a fórmula da estagflação:

  • Inflação resiliente

  • Crescimento abaixo da média

  • Deterioração no mercado de trabalho

E o pior: não há solução simples para sair desse cenário sem impactos adversos sobre o mercado financeiro e a economia real.

O foco agora se volta para os dados da inflação de agosto e para a fala do presidente do Fed na reunião de Jackson Hole. A dúvida que paira sobre Wall Street é: o banco central terá de manter os juros elevados por mais tempo, mesmo com a economia esfriando?

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