
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) já estão preparados. A pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o STF e contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) só vai aumentar.
O que não irá afetar, segundo eles, o ritmo dos trabalhos do tribunal, principalmente em relação à ação penal do golpe (leia mais abaixo).
“Ainda vai piorar muito”, prevê um magistrado do Supremo. Ainda mais agora, com a entrega das alegações finais dos réus, fazendo com que a ação penal do golpe entre na reta final para julgamento.
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O próximo passo será o relator Alexandre de Moraes elaborar o seu voto e pedir para que ele seja incluído na pauta de julgamento da Primeira Turma. “Não vamos mudar uma linha do previsto só porque o Trump quer salvar o [Jair] Bolsonaro”, diz um assessor de um ministro do STF.
A certeza de que a pressão ainda vai piorar veio na noite desta quarta-feira (13), quando o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, deu seguimento à sua campanha contra o Brasil para atender pedidos de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado e filho do ex-presidente Bolsonaro.
Rubio anunciou que o governo Trump vai revogar vistos de membros do governo Lula que trabalham para o programa Mais Médicos, acusando-os de explorar trabalho forçado de médicos cubanos. Ele já havia cassado o visto de oito ministros do Supremo Tribunal Federal.
“O Departamento de Estado também está tomando medidas para revogar vistos e impor restrições de visto a vários funcionários do governo brasileiro e ex-funcionários da OPAS cúmplices do esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano. O Mais Médicos foi um golpe diplomático inconcebível de ‘missões médicas’ estrangeiras”, publicou Rubio no X.
Aliados de Lula reagiram com a avaliação de que Trump não vai parar. “Eles não vão parar, por isso o Congresso tem de punir Eduardo Bolsonaro”, defende um aliado de Lula.
Nesta quarta, o líder do PT, Lindbergh Farias, entrou com um novo pedido de cassação do mandato do filho do ex-presidente, a terceira, agora sob a justificativa de que, ao permanecer nos Estados Unidos após o fim de sua licença, estaria configurado o abandono do exercício da função de parlamentar.
Montagem mostra Trump e Lula
Eduardo Munoz/Reuters; Ricardo Stuckert/Divulgação via Reuters