O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (27) um aumento agressivo nas tarifas sobre produtos importados da Índia, elevando a alíquota de 25% para 50%. A medida visa punir Nova Délhi por continuar comprando petróleo da Rússia, atitude que Washington considera uma forma de financiamento indireto à guerra na Ucrânia.
Pressão contra aliados
Trump, reeleito em janeiro, vem adotando uma política externa mais combativa. Embora tenha aplicado novas tarifas a diversos parceiros comerciais nos últimos meses, essa ação contra a Índia é uma das mais severas, atingindo diretamente o país que atualmente ocupa a 5ª posição entre as maiores economias globais.
“Trump quer que todos sigam suas ordens, mas a Índia precisa tomar suas próprias decisões. Não vamos parar de importar petróleo russo apenas porque ele quer”, afirmou um porta-voz do governo indiano.
A Índia justificou sua posição alegando que a parceria com a Rússia é estratégica e benéfica, especialmente no setor energético, e que manterá sua autonomia frente às exigências americanas.
Impactos nas exportações e empregos
Segundo dados de 2024, os Estados Unidos foram o principal destino das exportações indianas, somando mais de US$ 87 bilhões em embarques. Com a nova tarifa de 50%, economistas classificam a medida como um “quase embargo comercial” que poderá sufocar principalmente as pequenas e médias empresas exportadoras da Índia.
Associações industriais indianas já alertaram para os riscos imediatos:
- Queda abrupta nos pedidos externos;
- Cortes em postos de trabalho;
- Redução de investimentos na indústria de base.
Isenções e setores protegidos
Apesar da elevação da tarifa, algumas categorias foram poupadas da cobrança adicional. Entre os produtos isentos estão:
- Smartphones;
- Produtos farmacêuticos;
- Semicondutores;
- Aço, alumínio e automóveis (já protegidos por isenções anteriores).
A seleção desses setores reflete preocupações estratégicas dos EUA com o suprimento de tecnologias sensíveis e cadeias globais de produção.
Índia pode estreitar laços com a China
A escalada comercial pode empurrar a Índia para mais perto da China. Embora historicamente rivais, os dois países asiáticos compartilham interesses econômicos, especialmente diante de uma política externa norte-americana cada vez mais imprevisível.
“Vamos estender a mão para outros países. Não precisamos depender apenas dos EUA”, declarou uma autoridade de Nova Délhi.
Essa reaproximação com Pequim preocupa Washington, já que a Índia é vista como um importante contrapeso à influência chinesa na Ásia.
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