Nesta quinta, 28 de agosto, é comemorado o Dia Nacional do Voluntariado, data que é um lembrete poderoso de que a transformação da sociedade começa com gestos muito simples.Artista, bailarino, coreógrafo e voluntário da Biblioteca Comunitária do Calabar, Yuri Reis Silva – conhecido como Yuri Woxz – explica que o voluntariado tem esse poder de transformar as comunidades e a população vulnerável de dentro para fora. “Se torna um último grito de esperança, sabe? E o trabalho feito na biblioteca atinge principalmente a nossa juventude. Dá a essas crianças e adolescentes um local de diversão, leitura, dança e teatro, mas também é um lugar de acolhimento para que eles, mesmo em meio ao caos e violência, tenham um espaço que acredita neles e na transformação que eles podem trazer para o mundo”, explica Yuri.Nascido e criado no Calabar, e com passagem pelas escolas de dança da UFBA e da Funceb, Yuri explica que encontrou no voluntariado uma forma de levar o que aprendeu para o próprio bairro. “Há um celeiro de jovens que são meus alunos, alguns famosos e outros não, e vários estão no exterior ensinando dança e produção cultural como voluntários. Acho que o ponto é pensar na transformação que você pode gerar quando decide partilhar o que aprendeu. Como já dizia Paulo Freire: você não aprende sem ensinar e não ensina sem aprender. O voluntariado para mim é essa sementinha que você planta em mil pessoas e se ela transformar uma vida, já é uma vitória”, afirma Yuri Woxz.‘Bahia. Estado Voluntário’E quem tem ajudado para que muitas sementinhas sejam plantadas é o programa “Bahia. Estado Voluntário.”, que com uma proposta simples e poderosa, tem fomentado o voluntariado em todo o estado. Criado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria da Administração (Saeb), ele conecta pessoas das mais diferentes aptidões e áreas, com projetos sociais e campanhas de instituições públicas e privadas que procuram voluntários. Tudo através de sua plataforma www.estadovoluntario.ba.gov.br, que já possui 8.911 voluntários inscritos e está presente nos 417 municípios baianos.Atualmente, a plataforma possui 3.006 projetos e ações ativas, além de 282 campanhas e doações. “O voluntário se inscreve e informa quais áreas gostaria de trabalhar, horários e público alvo. Então, quando a instituição inscreve o seu projeto social, o voluntário recebe um email. As demandas são diversas, indo de cuidador ou psicólogo, até contador de histórias. A nossa captação de voluntários anda excelente, o que precisamos agora é que mais instituições se cadastrem. Outro desafio está no acesso a internet, que ainda é um problema em algumas áreas”, explica a coordenadora do programa, Kátia Camillo.Uma das instituições inscritas no programa é a Casa de Apoio Deus é Fiel (Calabetão), que ajuda e acolhe pessoas em situação de rua. “Funcionamos à base de doações, pois os nossos recursos não são suficientes. Nossa equipe fixa é pequena, então sem os voluntários não seria possível continuar com o nosso trabalho. Entramos no programa ano passado e isso tem nos ajudado muito, não só pela praticidade para encontrar voluntários, mas também por podermos lançar projetos diferentes na plataforma, conseguindo doadores para outras demandas”, explica a coordenadora da instituição, Luana Rodrigues Régis. Ao todo, a instituição possui sete funcionários fixos e cerca de 20 voluntários, entre cuidadores, enfermeiros, cozinheiras, educadores e diversas outras áreas de atuação. Um de seus voluntários é o Gilvanilson Barcelos Alves, que já foi um assistido na instituição. “Acolhemos pessoas de vulnerabilidade social e a cada dia a importância do voluntariado se torna mais evidente para mim, pois são muitas as vidas que necessitam de ajuda e que precisam ser restauradas. E é justamente isso que me motiva a ser voluntário”, afirma ele.Outra instituição cadastrada na plataforma é a Base Comunitária do Calabetão, onde os voluntários oferecem aulas de judô, jiu-jitsu, alongamento, informática, bombeiro mirim e até inglês. “Temos aqui medalhistas do Campeonato Baiano de Judô, quatro ouros e uma prata, e acho que isso traduz muito bem os resultados que o ‘Bahia. Estado Voluntário’ tem trazido junto o nosso trabalho. A consistência é o que caracteriza a nossa base e a comunidade, assim como os nossos voluntários abraçam a causa, entende?”, conta o capitão da PMBA, Daniel Braz, responsável pela base.Ele explica que, quando a base foi implantada – essa foi a primeira de Salvador -, muitos ficaram com receio de ter a polícia no meio da comunidade, “mas hoje eles buscam a gente”, afirma. O que é confirmado pela moradora do Calabar, a comerciante Claudiane de Araújo. “O comércio aumentou e a área se tornou um lugar tranquilo, sabe? Pois diminuiu muito a violência. Além disso, o mais importante, as atividades que eles realizam e que tiram as crianças da rua. Meu filho fez aulas de karatê durante um bom tempo e vi o quanto aquilo fez bem para ele. Então só tenho a agradecer a esses voluntários que oferecem seu tempo para nossas crianças, é realmente um trabalho muito bonito”, afirma.
Ser voluntário é escolher, com liberdade e consciência, ajudar o outro
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