Quem já passou por uma internação sabe o quanto um gesto de carinho pode transformar o dia. Em Belo Horizonte, esse acolhimento pode vir também em quatro patas. Desde junho de 2024, demos um passo importante na humanização do atendimento hospitalar com a promulgação da Lei 11.694, de minha autoria. Ela autoriza a visita de animais de pequeno porte a pacientes internados em clínicas e hospitais.
A medida é cercada de protocolos de segurança sanitária e reconhece algo que a ciência já comprova há anos: o contato com animais libera hormônios ligados à felicidade, reduz a pressão arterial e fortalece a imunidade. Ou seja, o afeto também é tratamento. Os resultados são tão animadores que pesquisas e práticas clínicas que promovem o contato de animais com pacientes internados têm sido feitas em todo o mundo.
De acordo com pesquisa publicada em 2024 pela American Heart Association, interagir com cães e gatos ameniza sintomas de ansiedade e favorece a recuperação de pacientes com doenças cardiovasculares.
No Brasil, hospitais que realizam projetos-piloto de terapia assistida por animais relatam benefícios semelhantes. O Hospital Albert Einstein, em São Paulo, considerado o melhor da América Latina, é um dos que permitem a entrada de animais para visitar os pacientes.
Aqui em BH não poderia ser diferente. A UFMG criou um projeto chamado “Amigos pra Cachorro”, que levou cães terapeutas ao setor de pediatria do Hospital das Clínicas. A iniciativa, baseada em estudos sobre os benefícios da interação humano- animal, foi idealizada por estudantes e professoras da Escola de Veterinária e aprovada pela direção do hospital.
Outros hospitais e clínicas também têm adotado essa prática. Acompanhei a visita de alguns cães como a Chanel, do @projetoaulegria, e testemunhei os efeitos não só nos pacientes, mas também nos acompanhantes e na equipe médica. Brincar com o animal ajudou a tirar o foco da dor e da doença. Eles fizeram carinho, sorriram. O ambiente ficou mais leve. Por alguns instantes, pareceram se esquecer do peso de estarem em um hospital. Sem dúvidas o dia deles mudou.
Não se trata apenas de afeto, mas de saúde pública. A Terapia Assistida por Animais é um recurso alternativo, usado em diversos tratamentos com resultados comprovados. Pesquisas demostram benefícios físicos e psicológicos para pacientes com diversos tipos de doenças. Em um estudo da Universidade de São Paulo, pacientes submetidos à terapia demonstraram melhora no humor e maior adesão ao tratamento, reduzindo, inclusive, o uso de medicamentos ansiolíticos. Ou seja, além de promover bem-estar e otimizar a recuperação, a presença dos animais pode contribuir para reduzir custos.
Foi com base nessas e outras pesquisas e experiências que aprovamos a Lei 11.694. A autorização à visita de pets a pacientes internados em hospitais e clínicas da cidade se aplica a animais de pequeno porte, mediante a adoção de diversos cuidados. Para garantir biossegurança, os pets devem estar vacinados, saudáveis e autorizados pelo médico responsável. Cada hospital define os horários e regras da visita.
A lei, portanto, não apenas amplia o acesso dos pacientes a mais afeto, ela também coloca no centro do debate uma dimensão muitas vezes esquecida: o cuidado integral. Afinal, proporcionar bem-estar no ambiente da saúde, onde frequentemente prevalecem tensão e preocupações, pode significar esperança, alívio e força para continuar lutando.
O atendimento humanizado exige mais que remédios: requer acolhimento. Por isso, em Belo Horizonte, reconhecemos oficialmente que o amor animal é um aliado na cura.
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