A Operação Carbono Oculto, deflagrada na manhã desta quinta-feira (28), mira um esquema de fraudes e de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis organizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação da Receita Federal, em parceria com outros órgãos, identificou irregularidades em mais de 1.000 postos de combustíveis distribuídos em 10 estados, incluindo Minas Gerais.
De acordo com a investigação, postos controlados pelo grupo eram usados para lavar dinheiro e sonegar tributos. Eles recebiam valores em espécie e movimentações por maquininhas de cartão, recursos que eram transferidos para a facção. Em alguns casos, postos de fachada chegaram a receber notas fiscais de combustíveis sem qualquer atividade real, apenas para encobrir o fluxo de dinheiro ilícito.
As investigações revelam que o PCC controlava toda a cadeia de combustíveis, desde a importação até a venda ao consumidor final. Importadoras de fachada compraram mais de R$ 10 bilhões em combustíveis no exterior. Outra fraude detectada envolvia a adulteração de combustíveis. O metanol, importado supostamente para outros fins, era desviado para uso na fabricação de gasolina adulterada.
Além de Minas Gerais, a operação também investiga postos em São Paulo, Bahia, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul, Maranhão, Piauí, Rio de Janeiro e Tocantins. A Receita Federal já identificou irregularidades que resultaram em autuações de R$ 891 milhões contra essas empresas.
Ocultação
Uma fintech ligada ao PCC, que funcionava como banco paralelo da facção, movimentando sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis em apenas quatro anos. Essa estrutura financeira ilegal também recebia depósitos em espécie — mais de 10,9 mil operações em dinheiro vivo, somando R$ 61 milhões entre 2022 e 2023 — e era usada para pagar colaboradores, despesas pessoais e para realizar compensações financeiras entre empresas do grupo.
Além da fintech, a organização utilizava pelo menos 40 fundos de investimentos como instrumentos de ocultação e blindagem de patrimônio. Esses fundos, com patrimônio de R$ 30 bilhões, investiram em um terminal portuário, quatro usinas de álcool (e mais duas em aquisição), 1.600 caminhões de transporte, mais de 100 imóveis, seis fazendas no interior paulista avaliadas em R$ 31 milhões e uma mansão em Trancoso (BA) comprada por R$ 13 milhões. A Receita aponta que as administradoras dos fundos tinham ciência do esquema e colaboravam para impedir a identificação dos verdadeiros beneficiários.
Bens bloqueados e mandados cumpridos
Estão sendo cumpridos 350 mandados de busca e apreensão em oito estados: São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Santa Catarina. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) também entrou com ações de bloqueio de mais de R$ 1 bilhão em bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos.
Ao todo, participam da operação cerca de 350 servidores da Receita Federal, além de equipes do Ministério Público de São Paulo (Gaeco), Ministério Público Federal, Polícia Federal, Polícias Civil e Militar, Secretaria da Fazenda de São Paulo, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo (PGE-SP).
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