Nestlé, Pirelli, Bracell: conheça cases de sucesso da indústria de Fei

O crescimento industrial em Feira de Santana tem se consolidado como um dos mais dinâmicos da Bahia. O município avançou de 6,3% de participação na economia baiana em 2002 para 8,5% atualmente, segundo a Federação das Indústrias da Bahia (Fieb). O salto é resultado da força da indústria agroalimentar e da instalação de grandes empresas, como Pirelli e Vipal Borrachas, que reforçaram a vocação industrial da região.Hoje, a indústria responde por 25,9% do PIB baiano, gera 463 mil empregos diretos e representa 66% das exportações do Estado. Com mais de 22 mil empresas em operação, o setor se diversifica entre a cadeia petroquímica, a agroindústria, alimentos e bebidas, mineração, energias renováveis e têxtil, consolidando a Bahia como um dos principais motores industriais do Nordeste.NestléA planta da Nestlé em Feira de Santana, inaugurada em 2007, é responsável pelo maior volume de produção, em toneladas, da empresa no Brasil. Com tecnologias digitais inovadoras e práticas sustentáveis, a unidade se destaca como um polo estratégico de eficiência e inovação, segundo Fernando Carvalho, diretor da fábrica no município baiano. Com 21 linhas de produção ativas e capacidade de estocagem para 45 mil posições em seu centro de distribuição, a unidade tem avançado em automação e digitalização, desde 2019. A expectativa é que, neste ano, a empresa alcance 100% dos finais de linha operando de forma automatizada.O compromisso da empresa, afirma Fernando, é com a excelência operacional, a segurança dos colaboradores e a qualidade superior dos produtos. Mas a missão da Nestlé, diz, vai além da produção.“Investimos no desenvolvimento dos cerca de 800 colaboradores diretos e indiretos e no fortalecimento da comunidade local. A unidade é fundamental para a estratégia de expansão da Nestlé nas regiões Norte e Nordeste, que concentram 60% do volume distribuído”, completando que a integração da fábrica com o centro de distribuição no mesmo local maior eficiência logística e agilidade na resposta às demandas do mercado e que sua localização, próxima a um importante entroncamento rodoviário, potencializa ainda mais as operações. A planta começou suas operações com a produção de produtos como Mucilon, Lámen e Nescafé, ampliando seu portfólio ano após ano, segundo o gestor. Um marco importante, pontua, ocorreu em 2013, com o início da produção do Nescau em pó utilizando a torre de aglomeração mais moderna da Nestlé no mundo. Em 2020, a unidade absorveu todo o volume de Nescau pronto para consumo. Atualmente, a fábrica produz 95 produtos, incluindo bebidas prontas para; produtos de nutrição infantil e lácteos; sachês de Nescau em pó e cereais família; cereais matinais; e chocolates em pó e diferentes versões de cafés da linha Nescafé. “Além de sua robustez produtiva, a unidade se destaca por projetos de sustentabilidade, como energia solar, com a implementação de processos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e otimizar o uso de recursos naturais, diminuindo o consumo energético; e o Jardim Filtrante para Tratamento de Efluentes Sanitários, uma inovação que reduz significativamente a geração de iodo industrial por meio do uso de plantas, diminuindo a necessidade de produtos químicos”, enfatiza o diretor.

Fábrica em Feira de Santana da Nestle

|  Foto: Divulgação

Fábricas conectadas Todas as plantas da Nestlé no Brasil contam com soluções da Indústria 4.0, como sistemas embarcados com Inteligência Artificial (IA), Internet Industrial das Coisas (IOT), Realidade Virtual, Visão Computacional, Machine Learning, Robôs, Computação na Nuvem, Big Data e Data Analytics. As fábricas, no caso, contam com diversos sensores e instrumentos que coletam dados ao longo do processo industrial, evitando paradas não planejadas na produção, mantendo o seu programa. “Todas essas informações estão disponíveis para colaboradores em diferentes níveis, que têm acesso às principais informações da linha de produção através de tablets. Isso permite que eles monitorem o desempenho das máquinas e realizem ajustes em tempo real, contribuindo para a eficiência do processo”, explica Fernando Carvalho.A unidade de Feira de Santana é uma das únicas fábricas da Nestlé no Brasil a contar com tecnologia para a impressão de peças em 3D para a substituição de componentes danificados nos maquinários. “Se antes os componentes precisavam ser importados, o que demandava até um mês para chegar ao Brasil, a criação é realizada em apenas 16 horas. Esse processo também gerou uma economia de 80% no custo em comparação com a compra externa, além da redução da pegada de carbono com a eliminação da contratação de frete marítimo, aéreo e outros modais para o envio”, relata.ParceriasA Nestlé mantém parcerias com as empresas Re.Green e Barry Callebaut. Com a primeira, prevê o reflorestamento de 2.000 hectares no Sul da Bahia, com plantio e cultivo de 3,3 milhões de árvores de espécies nativas da Mata Atlântica. A iniciativa faz parte do Programa Global de Reflorestamento da Nestlé, que tem como meta plantar 200 milhões de árvores em diferentes países até 2030, sempre em regiões onde a companhia se abastece de matérias-primas. Conforme Taissara Martins, head de Sustentabilidade da Nestlé Brasil, “o modelo de reflorestamento será de restauração ecológica, com a recomposição dos sistemas hídricos e a volta da biodiversidade local”. A previsão é que a iniciativa, com duração de 30 anos, gere cerca de 880.000 créditos de carbono certificados.Já a parceria com a Barry Callebaut, prevê a restauração de 6.000 hectares, principalmente nos estados da Bahia e Pará. A maior parte das áreas será convertida em sistemas agroflorestais com cacau e inclui também reflorestamento de alta densidade em cerca de 600 hectares de Áreas de Proteção Ambiental (APPs) e Reservas Legais (RLs). “No total, 7,7 milhões de muda de cacaueiros e outras espécies nativas de cada região serão plantadas e cultivadas em propriedades que compõem a cadeia produtiva de cacau. A estimativa é que as áreas restauradas, tanto das agroflorestas, quanto das APPs e RLs reflorestadas, removam, aproximadamente, 600.000 tCO2e ao longo dos 25 anos de duração do contrato”, afirma a gestora.Bracell Papéis

Fábrica da Bracell Papéis de Feira de Santana

|  Foto: Lucas Venas / Bracell Papéis

A fábrica da Bracell Papéis em Feira de Santana emprega 656 colaboradores diretos e possui capacidade produtiva mensal de 3,5 milhões de toneladas de papel higiênico, guardanapo e papel toalha. Por trás desses dados fornecidos pela gerente de Comunicação e Relações Institucionais da Bracell para o Nordeste, Cíntia Liberato de Mattos, existe uma história de sucesso, iniciada em 2023.Naquele ano, no intuito de reforçar a estratégia de expansão no Brasil e marcar a sua entrada no mercado de tissue (tipo de papel fabricado com baixa gramatura), a Bracell adquiriu a OL Papéis, empresa que já operava desde 2007 nos municípios baianos de Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos.Com a aquisição, a Bracell potencializou os investimentos em inovação e infraestrutura para oferecer produtos que atendam melhor às necessidades dos consumidores. Única produtora brasileira de papel tissue entre as cinco maiores do mundo, conforme o diretor comercial da Bracell Papéis Nordeste, Ricardo Cunha, a empresa produz, na Bahia, papéis higiênicos e fraldas descartáveis. “O Papel Higiênico Familiar e a Fralda Descartável Fofura já são líderes de vendas no Nordeste brasileiro”, afirma o gestor, acrescentando que, desde o ano passado, as marcas desses produtos vêm ampliando a presença também nas gôndolas de outras regiões do Brasil.“Um exemplo disso é a expansão da Fofura Baby, número 1 em vendas no segmento de fraldas abertas, com 13,7% de participação em volume no Nordeste, que passou a ser comercializada no Sudeste do país, reforçando a presença da produção baiana em outras regiões”, diz, afirmando que a ampliação do portfólio com a marca Fofura se destaca com a estreia no segmento de fralda pants, com a Fofura Shortinho, desenvolvida com tecnologia japonesa, oferecendo facilidade na troca, conforto anatômico e excelente absorção.Tecnologia e inovação Outra aposta da empresa, destaca Ricardo Cunha, é o Papel Higiênico Supra, carro-chefe da empresa no segmento premium. Disponível nas versões folha dupla e tripla e produzido com a tecnologia AirTouch, ele afirma que o produto oferece alta maciez, absorção e conforto no uso diário, resultado de cápsulas de ar entre as camadas do papel, que proporcionam uma textura acolchoada e sofisticada. “A entrada da Bracell Papéis na categoria de fraldas pants reforça a trajetória de liderança e inovação, atendendo à crescente demanda do mercado por soluções mais práticas, confortáveis e eficientes, facilitando o dia a dia das famílias brasileiras e elevando o padrão de qualidade no cuidado com os bebês”, afirma o diretor.Segmento de negócios de papéis tissue da Bracell no Brasil e uma das maiores fabricantes do setor na região Nordeste do país, a Bracell Papéis possui unidades, além de Feira de Santana e São Gonçalo dos Campos, no município de Pombos, em Pernambuco, e em Lençóis Paulista (SP). “A empresa está em expansão também no mercado do Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, reforçando a estratégia de expansão no país, com inovação nos produtos e na estrutura produtiva para atender melhor às demandas dos consumidores”, afirma Cunha, ressaltando que a Bracell está presente no mercado com um amplo portfólio no setor tissue professionalPirelli

Fábrica Pirelli em Feira de Santana

|  Foto: Pirelli | Divulgação

Em 2018, a Pirelli deu início, na América Latina, à jornada rumo à Indústria 4.0 (conhecida como 4ª Revolução Industrial), que utiliza tecnologias avançadas com processos virtuais de informações em rede, computação em nuvem e inteligência artificial.A planta baiana em Feira de Santana, que é propriedade da empresa desde 1986, se transformou na primeira unidade do grupo na região a incorporar plenamente o conceito de manufatura avançada, com processos digitais, inteligência artificial e análise de Big Data aplicados à produção de pneus.“Essa transformação tecnológica não só aumentou a eficiência operacional da unidade, como também posicionou a fábrica como um dos centros estratégicos de inovação e alta performance dentro da estrutura global da companhia”, destacou o diretor da fábrica da Pirelli de Feira de Santana, Wilson Americano. Ainda segundo o gestor, a digitalização dos processos permitiu à empresa rever antigas práticas e adotar ferramentas inteligentes que antecipam falhas, otimizam a tomada de decisão e aumentam a produtividade.Atualmente, as equipes operam com tablets e dispositivos móveis quando necessário, em uma estrutura totalmente conectada e flexível. “Sistemas de machine learning e computação em nuvem integram todas as etapas da cadeia produtiva, permitindo que os equipamentos forneçam feedbacks em tempo real e até prevejam problemas futuros. Tudo isso torna nossa operação mais ágil, precisa e sustentável”.Wilson Americano conta que a Pirelli também foi pioneira na adoção do conceito de “fábrica flexível”, capaz de responder rapidamente às demandas de diferentes mercados e montadoras. “Com a modernização iniciada naquele período, consolidamos a nossa vocação para a produção de pneus de alto valor agregado, os chamados High Value, que incluem os segmentos Premium. Hoje, somos responsáveis por parte relevante da capacidade produtiva da América Latina nesse segmento estratégico, com foco não apenas no mercado local, mas também no fornecimento para exportação”, ressalta.Ao mesmo tempo, acrescenta o diretor, as unidades da Pirelli, incluindo a de Feira de Santana, seguem alinhadas às diretrizes globais de sustentabilidade do grupo. “A digitalização tem nos ajudado a reduzir desperdícios, otimizar o consumo de energia e diminuir nossa pegada ambiental. Isso reforça nosso papel não só como uma indústria de ponta, mas também como uma empresa comprometida com o futuro do planeta”.

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