Brava Energia: produção cresce, mas lucro é inflado e preocupa investidores

A Brava Energia (BRAV3) apresentou resultados mistos no primeiro trimestre de 2025. A companhia conseguiu elevar gradualmente a produção de petróleo nos campos de Papa Terra e Atlanta, com destaque para uma operação mais estável e eficiente, mas ainda enfrenta desafios financeiros significativos.

Produção avança com estabilidade nos campos offshore

Em 2025, a Brava confirmou um dos principais gatilhos positivos para a tese de investimento: a operação consistente dos campos de Papa Terra e Atlanta. Os gráficos mais recentes apontam para um crescimento gradual da produção, sem maiores intercorrências, refletindo uma gestão mais eficiente liderada por Dodoni.

Diferente da antiga 3R Petroleum, que acumulava promessas não cumpridas, a atual administração conseguiu estabilizar as operações, especialmente em Atlanta, onde quatro poços estão atualmente conectados ao FPSO (unidade flutuante de produção). A previsão é que até 2026 mais dois poços entrem em operação, com possibilidade de alcançar até oito poços. Este avanço pode levar a Brava a uma produção recorde de 100 mil barris por dia — um patamar antes considerado inatingível.

Custos elevados e resultado inflado por efeitos não recorrentes

Apesar do avanço operacional, o balanço do primeiro trimestre de 2025 surpreendeu negativamente. A empresa divulgou um lucro superior a R$ 829 milhões, mas o resultado foi impulsionado por efeitos não recorrentes, principalmente a marcação a mercado de derivativos, sem impacto real no caixa.

Na comparação com o mesmo período de 2024, houve queda no EBITDA e na margem EBITDA, além de um aumento expressivo no lifting cost (custo de extração por barril). Esse encarecimento está relacionado à operação gradual de Papa Terra, um campo mais complexo e caro, que elevou os custos enquanto a produção ainda não atingia níveis ideais.

Outro fator relevante foi a queda acentuada do preço do petróleo no mercado internacional, afetando diretamente a receita da companhia. A combinação de custos elevados e preços mais baixos resultou em uma queima de caixa importante e no aumento da alavancagem, que encerrou o trimestre em 3,37 vezes a relação dívida líquida/EBITDA (em dólares).

Perspectivas: eficiência e foco na geração de caixa

Apesar do resultado decepcionante no curto prazo, as perspectivas para a Brava Energia continuam positivas. A tendência de aumento gradual na produção, aliada ao potencial de diluição de custos fixos, pode reduzir significativamente o lifting cost nos próximos trimestres.

Além disso, a redução expressiva do capex (investimentos) demonstra um compromisso com a eficiência operacional, o que pode gerar impacto positivo nas finanças da empresa.

Outro aspecto estratégico é a decisão recente da Brava de não vender seus ativos onshore, principalmente no Polo Potiguar. Embora a venda pudesse gerar caixa e reduzir a alavancagem, a manutenção desses ativos, que operam de forma constante e sem grandes problemas, contribui para elevar a produção total da companhia.

O desafio do preço do petróleo

O cenário global do petróleo segue como fator crítico para a Brava Energia. A instabilidade econômica, com temores de recessão nos Estados Unidos e novas tarifas comerciais, pressiona o preço da commodity. No entanto, análises indicam que o preço não deve se sustentar abaixo de US$ 60 por muito tempo, uma vez que muitos produtores globais não conseguem manter operações viáveis nesses níveis.

Para a Brava, o ideal seria operar com o barril na casa dos US$ 70, o que garantiria rentabilidade e permitiria à companhia reduzir a alavancagem, gerar caixa e até distribuir dividendos — objetivo já declarado pela gestão.

Foco no pagamento de dividendos

A Brava deixou claro que, após anos de foco no crescimento, a prioridade agora é gerar retorno para os acionistas. Com a produção estabilizada e os investimentos reduzidos, o foco passa a ser o pagamento de dividendos, consolidando uma nova fase na trajetória da empresa.

No entanto, para que essa estratégia seja bem-sucedida, será fundamental manter a eficiência operacional, reduzir custos e torcer para que o preço do petróleo colabore.

O post Brava Energia: produção cresce, mas lucro é inflado e preocupa investidores apareceu primeiro em O Petróleo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.