
Rafael de Freitas Ferreira, de 17 anos, receberá a prótese da perna nos próximos meses. Segundo a mãe, o rapaz passa por terapias e atualmente até brinca sobre a própria situação. Rafael de Freiras Ferreira realiza fisioterapia para receber prótese após perder perna, braços e parte do pé
Arquivo Pessoal
Rafael de Freiras Ferreira, o adolescente que teve os dois braços, a perna direita e parte do pé esquerdo amputados após encostar uma barra de ferro no fio de alta tensão de um poste, deve ganhar uma prótese para a perna nos próximos meses. Ao g1, a mãe contou que o jovem de 17 anos passa por terapias e leva a nova realidade de forma leve e bem-humorada.
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Morador de Bertioga, no litoral de São Paulo, Rafael sofreu o acidente em março do ano passado, enquanto ajudava o pai a desentupir um cano. Ele ficou internado por quase quatro meses na Santa Casa de Santos, onde sofreu as amputações.
Ao g1, Francisca de Freitas, de 56 anos, contou que desenvolveu crises de ansiedade após o acidente do filho e, por isso, está afastada do trabalho. Enquanto isso, segundo ela, Rafael lidou bem com a situação e se adaptou à nova rotina.
Duas vezes por semana, ele faz acompanhamento em Santos com fisioterapia, terapia ocupacional, nutricionista, psicólogo, entre outros profissionais. Além disso, o jovem frequenta a escola e, de acordo com a mãe, faz até brincadeiras sobre as amputações.
“Quando vai para a escola, ele conversa com o diretor e diz: ‘Pode passar o que você quiser passar na lousa, eu não vou fazer não, porque eu deixei minhas mãos em casa’. Ele mesmo tira o barato dele, é muito alegre”, disse a mulher.
No entanto, o maior problema da família é o transporte. Atualmente, ele depende de amigos e do irmão para empurrar a cadeira de rodas até a escola, pois não conseguiu acesso ao transporte escolar. “É ruim, é uma buraqueira, uma lama. Quando está chovendo, ele não vai”, afirmou a mãe.
Próteses
Segundo a mãe, Rafael deve tirar as medidas para fazer o molde da prótese da perna direita nos próximos dias e está ansioso para receber o equipamento, que será entregue pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Falaram que a previsão é entre dois ou três meses”, celebrou Francisca.
De acordo com ela, o jovem já recebeu uma bota adaptada para a metade do pé esquerdo, que também foi amputada. Sendo assim, as próteses dos braços são as únicas que ainda são incertas. “Estão estudando para ver se conseguem fazer alguma que ele movimente mais”, explicou a mulher, que não vê a hora do filho ter as quatro próteses necessárias.
Contrariando prognósticos
Ao g1, Francisca contou que o filho contrariou os prognósticos médicos da condição de saúde. “Poderia ter perdido a vida, mas Deus me deu ele de volta. O médico falava que não havia esperança nenhuma, mas Deus me deu. A gente coloca a fé na frente e dá tudo certo”, afirmou a mulher.
Segundo a mãe, uma das profissionais que atendeu Rafael chegou a pedir para a família colocar os joelhos no chão e pedir para que ele fosse salvo, pois a Medicina só poderia fazer o que está nos livros.
“Graças a Deus, estou em casa com meu filho. Ele está saudável, alegre, brinca e sorri. Hoje a gente está feliz, porque a gente está com ele. Não é do jeito que a gente queria que estivesse, mas se Deus permitiu que ele ficasse assim, a gente aceita a vontade de Deus”, finalizou.
Prefeitura e Governo de SP
Em nota, a Prefeitura de Bertioga informou que a responsabilidade do transporte escolar de Rafael é do Governo do Estado, pois ele está matriculado em uma unidade da rede estadual de ensino.
Em nota, a Secretaria de Educação de São Paulo lamentou o problema com o estudante. “A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo pede desculpas pelo atendimento prestado ao estudante e informa que está tomando as providências necessárias para regularizar o transporte escolar nos próximos dias. A Pasta reforça que todo o conteúdo pedagógico será devidamente recuperado para garantir a aprendizagem do aluno”.
Relembre o caso
Rafael Ferreira ficou internado na Santa Casa de Santos após sofrer acidente
Arquivo pessoal
O acidente ocorreu em 2 de março de 2024, quando o pai de Rafael finalizava o revestimento do muro de uma casa no bairro Santa Maria, em Santos. O filho se prontificou para ajudá-lo a desentupir um cano.
Com o pedaço de ferro em mãos, o jovem subiu em um muro a uma altura de três metros e, sem notar o fio, encostou a barra na rede elétrica. Como o ferro é um condutor elétrico, Rafael acabou sendo arremessado, mas José impediu que o filho caísse no chão.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) compareceu ao local e levou o menino à Santa Casa de Santos. Apesar das tentativas para evitar as amputações, a equipe médica avaliou que essa era a melhor alternativa para salvar a vida dele.
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